O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelera em novembro e comércio cresce. Leia também comentários sobre a economia internacional…
IGP-M desacelera em novembro e comércio cresce: O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) calculado pela FGV apresentou desaceleração na primeira semana de novembro em comparação com a leitura da primeira semana do mês imediatamente anterior, subindo apenas 0,3% contra 0,85% registrado em outubro. O Índice de Preços no Atacado (IPA), que compõe 60% do índice, subiu apenas 0,29% na primeira leitura deste mês, frente a um avanço de 1,14% em outubro, influenciado pela desaceleração no IPA de produtos industriais (de 1,55% para 0,44%). Já a inflação no varejo, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apresentou aceleração no período, passando de alta de 0,25% em outubro, para 0,39% em novembro, com destaque para o grupo alimentação (alta de 0,14% para 0,55% em novembro). Já no campo da atividade econômica, a Serasa Experian divulgou nesta sexta-feira, 8, que outubro registrou aumento da atividade comercial de 1,7%, maior crescimento desde janeiro, após duas altas consecutivas em agosto (0,8%) e setembro (1,4%). No acumulado do ano, o crescimento do comércio é de 5,1% segundo a empresa, tendo sido puxado pela alta de vendas nos supermercados (6,1%) e combustíveis e lubrificantes (5,8%).
Comentário: No campo inflacionário, fica claro que o repasse da desvalorização cambial ocorrido no meio do ano está se dissipando, com os preços no atacado voltando a crescer a taxas menores. Os preços no varejo, entretanto, ainda continuarão pressionados este mês, tendo em vista que o repasse de aumentos verificados no setor atacadista, em setembro e outubro, está chegando apenas agora ao consumidor final. É de se esperar, entretanto, que esta pressão sobre os preços no varejo se atenue já nas próximas semanas, dada à desaceleração dos preços no atacado verificada recentemente. Já no campo da atividade, o crescimento do comércio deve compensar parcialmente o mal desempenho do setor industrial no terceiro trimestre, impulsionando o PIB para a neutralidade (crescimento próximo a zero). O crescimento comercial de outubro, caso conjugado com um crescimento mais expressivo da produção industrial no mês, pode significar uma boa perspectiva para o trimestre final do ano, com um crescimento acima do verificado no trimestre imediatamente anterior.
EUA crescem mais que o esperado e França sofre rebaixamento em sua nota: O PIB dos EUA no terceiro trimestre veio melhor que o esperado, avançando 2,8% no conceito anualizado, acima dos 2% projetados pelos analistas. A má notícia fica por conta da desaceleração no consumo, que cresceu 2% anualizado contra 2,1% do trimestre anterior, o que levou parte dos analistas a enxergar futuras dificuldades de crescimento na economia americana, já que lá o peso do consumo é muito grande, tendo sido o responsável pelas recentes ondas de crescimento. Já a França foi alvo de um downgrade (ou seja, um rebaixamento de sua nota de investimento) pela agência de classificação de riscos Standard & Poor´s, que rebaixou sua nota de AA+ para AA. O motivo alegado pela agência para tal rebaixamento é o elevado grau de desemprego no país, que dificultaria a realização de algumas reformas que os analistas da agência acreditam necessárias para alavancar o crescimento do país.
Comentário: O crescimento americano é medido de forma anualizada, ou seja, toma-se o crescimento de um trimestre e se projeta para o futuro, como se os próximos três trimestres fossem registrar a mesma taxa de crescimento. Esta metodologia muitas vezes cria confusões para nós brasileiros, acostumados a medir os avanços do PIB pelo conceito trimestre x trimestre. Neste conceito, a economia americana teria crescido algo como 0,6%, um crescimento robusto, mas não espetacular. A resistência na expansão do consumo pode sinalizar uma dificuldade na expansão continuada do crescimento americano, dado o peso do consumo no PIB dos EUA (cerca de 2/3 do PIB total). Este crescimento tímido do consumo apenas demonstra que os avanços no emprego e na renda permanecem baixos, o que sinaliza a manutenção dos estímulos monetários por mais tempo. Já o caso Francês é exemplar de como as agências de risco ainda possuem um enorme poder sobre os governos nacionais, mesmo após seu absoluto fracasso em precificar riscos durante a crise americana (incluindo o envolvimento de várias agências em fraudes e crimes contra o sistema financeiro). Ao rebaixar a nota da França, tais agências pressionam o governo a adotar reformas liberalizantes sob a ameaça de novos rebaixamentos e a consequente fuga de capitais do país, que poderia sofrer com a queda nos investimentos e no crescimento. O mesmo cenário poderá ser observado com o Brasil, onde algumas destas agências ameaçam rebaixar nossa nota de investimento caso o governo não assuma uma postura econômica mais conservadora e liberal.
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