Leilão do campo de Libra concentra atenções e manifestações. Leia aqui:
FPA Informa 69
Leilão do campo de Libra concentra atenções e manifestações: O leilão do Campo de Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo desde 2008, é o foco das atenções políticas e econômicas nesta segunda-feira, 21. Previsto para ocorrer no Rio de Janeiro, a segurança do leilão conta com o apoio do exército, fato que chama a atenção dos possíveis manifestantes contrários. O leilão conta com a participação de 11 empresas petrolíferas habilitadas, que devem se reunir em consórcios para disputar o contrato de partilha do petróleo gerado neste campo. Segundo as especificações do edital, a Petrobras será a operadora dos poços (ou seja, a empresa responsável pela operação da exploração), além de contar com o mínimo de 30% de participação no óleo extraído. Vencerá o leilão o consórcio que oferecer o maior percentual de óleo extraído para a União, sendo que o percentual mínimo estabelecido no edital é de 41,65%. Além disso, o consórcio vencedor pagará ao menos 15% de royalties pela extração do petróleo brasileiro.
Comentário: Podemos encontrar resistências ao leilão de libra advindos da esquerda e da direita. A direita enxerga no modelo de partilha (diferente do modelo anterior de concessão) uma estatização excessiva do petróleo, afugentando investidores estrangeiros e garantindo à Petrobras uma participação excessiva nos leilões. Já a crítica da esquerda parte do princípio oposto, enxergando no contrato de partilha uma privatização de parte da riqueza do país, ao possibilitar a entrada de empresas estrangeiras no contrato de exploração do petróleo. Na realidade, o regime de partilha não representa uma privatização do petróleo, já que o óleo continua como propriedade exclusiva da União (diferente do regime de concessão, onde o óleo extraído se torna propriedade da empresa vencedora do leilão). No modelo de partilha, o que ocorre é uma divisão do trabalho e do investimento na extração de petróleo, sendo que o consórcio vencedor recebe, como pagamento por seus investimentos, uma parcela do óleo extraído. Dado o tamanho do campo de Libra, não seria possível à Petrobras sozinha realizar o volume total de investimentos necessários previstos, portanto o regime de partilha torna-se uma maneira de “compartilhar” o ônus dos investimentos sem privatizar nossa riqueza energética.
IPCA-15 acelera e desvalorização cambial chega ao varejo:O resultado do IPCA-15 divulgado na sexta-feira passada, 18, apresentou uma aceleração no ritmo da inflação no varejo, fechando outubro com variação de 0,48%. Este dado representa uma aceleração em relação ao mesmo índice calculado para setembro, que havia registrado alta de 0,27%, mas ainda é bem inferior aos 0,65% registrados em outubro do ano passado. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 apresenta variação de 5,75%, sendo 4,46% no acumulado de 2013. As principais altas foram registradas nos grupos de alimentação e bebidas (de 0,04% em setembro, para 0,70% em outubro), artigos de residência (de 0,52% para 0,97%), vestuário (de 0,37% para 0,88%) e habitação (de 0,53% para 0,67%).
Comentário: A aceleração dos preços no varejo é uma consequência já publicada em comentários anteriores neste boletim FPA Informa, diante do aumento dos preços no atacado, medidos pelos IGPs. Os preços no atacado foram particularmente afetados pela desvalorização cambial, que elevaram os preços dos insumos e produtos importados. Além disso, dúvidas acerca da safra de grãos no Brasil e nos EUA pressionaram para cima o preço de alguns produtos agrícolas utilizados como insumos – milho e soja. Percebe-se que os preços no varejo que mais subiram são aqueles afetados diretamente pela desvalorização cambial (como alimentos, artigos de residência e vestuário, que tem boa parte de sua produção importada) e pelo IGP (no caso de residências, que tem o aluguel reajustado pelo IGP-M). A recente desaceleração dos IGPs e a revalorização parcial do real devem conter este movimento de aceleração da inflação no varejo, mas é provável que ainda observemos alguma elevação na inflação de outubro e no próximo mês como resultado da transferência dos aumentos dos preços no atacado.
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