Aumento da renda resultou de crescimento do salário mínimo e do emprego, diz Diana Grosner
Diretora da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência afirmou em debate na FPA que o Brasil conseguiu promover crescimento diferenciado
Por Cecília Figueiredo
“O Brasil conseguiu promover crescimento diferenciado. Os 10% dos mais ricos tiveram 1% de crescimento. Em cinco anos, o Brasil reduziu pela metade a proporção dos mais pobres”, afirmou Diana Grosner, diretora da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), nesta quinta-feira, 19, durante o debate sobre a Nova Classe Média, no ciclo Classes Sociais, promovido pela Fundação Perseu Abramo e Fundação Friedrich Ebert (FES).
Esta foi a sexta mesa, conduzida pelo diretor da FPA, Joaquim Soriano, e transmitida pela tevêFPA, que reuniu Wladimir Pomar, membro do Grupo de Conjuntura da Fundação; o sociólogo Jean Tible, representante da FES; a assessora da Secretaria de Mulheres da CUT, Tali Almeida; e a psicóloga e pesquisadora Rachel Moreno.
Segundo a economista, esse crescimento da renda foi proporcionado pelo avanço no mercado formal de trabalho e não como resultado das políticas de distribuição de renda. Para a SAE, o trabalho e a renda foram os responsáveis pelas alterações nos grupos sociais: “a renda do trabalho é a determinante das mudanças”.
“Os salários no Brasil também aumentaram, por isso houve crescimento da renda. Aumentou o número de adultos ocupados e mais da metade está com renda vinda do trabalho. Estão formalizados no Brasil, 75% dos trabalhadores”. Grosner classifica esta faixa social como “classe de renda média” e não classe social média.
“Em 2001 43% faziam parte da classe média, em 2009, esse número saltou para 50%”, indicou Diana num dos gráficos apresentados. Outro demonstrativo dessa mudança, segundo ela, é a redução do número de pessoas que acessam o seguro-desemprego. Mas, a diretora do SAE explicou que embora o recuo da pobreza tenha reduzido desigualdades, a Secretaria tem voltado seu olhar para esse grupo que saiu da pobreza, para que “continuem progredindo”.
Para isso, a SAE quer garantir qualificação dos empregados formais e o aumento da renda, por meio de benefícios que já existem. “Unificação dos benefícios, como salário família e abono salarial, são subsídios ao trabalho que produzem um aumento de 20% na renda”, exemplificou. Essa é uma das cinco estratégias complementares que a SAE pretende fomentar. Também estão no pacote propostas para: promoção de acordos, valorização do salário mínimo e fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista; promoção da qualificação profissional destes trabalhadores (para que aproveitem as oportunidades); investimentos na melhoria da qualidade dos postos de trabalho para trabalhadores pouco qualificados; crescimento na demanda por trabalho pouco qualificado (frentes de trabalho, PAC, PAA).
A debatedora defendeu o aumento do salário mínimo para que haja a continuidade dos avanços e refutou a ideia de que a medida gere desemprego. “O Brasil desbancou as análises que diziam que aumentar salário mínimo não gera crescimento e a diminuição das desigualdades”, lembrou.
Porém, Grosner disse que o momento é de aumento da produtividade. Num dos gráficos apresentados durante o debate, a diretora do SAE indica que entre 1990 e 2010, o salário mínimo no Brasil aumentou 90%, ao passo que a produtividade apenas 10%.“O desafio é garantir estabilidade e qualidade nos empregos”. Segundo ela ainda há uma alta rotatividade nos empregos formais. “As empresas precisam investir nos trabalhadores para que haja aumento da produtividade”.
Foto: Márcio de Marco