Um dos fundadores do PT e da CUT, Gushiken lutava há doze anos contra um câncer de estômago

O Brasil, a família e o Partido dos Trabalhadores perderam, nesta sexta-feira, 13, Luiz Gushiken, que morreu em decorrência de um câncer no estômago, do qual se tratava desde 2002.
 
O ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) no governo Lula tinha 63 anos e morreu na noite de sexta-feira no Hospital Sírio-Libanês, na capital, onde estava internado.
 
Nascido em 8 de maio de 1950, na cidade paulista de Osvaldo Cruz, Luiz Gushiken se formou em administração pela Fundação Getúlio Vargas, e presidiu o Sindicado dos Bancários do Estado entre 1985 e 1987.
 
Gushiken participou da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e foi um dos fundadores do PT, em 1980, e exerceu três mandatos de deputado federal pelo PT (1987-1990, 1991-1994 e 1995-1999).
 

 

Em 2002 foi coordenador-adjunto da equipe de transição e secretário de Comunicação e Gestão Estratégica da Presidência da República do governo Luiz Inácio Lula da Silva Lula. Gushiken também participou ativamente das campanhas de Lula à presidência em 1989 e 1998.
 
O corpo do ex-ministro Luiz Gushiken foi velado neste sábado, 14 no Cemitério do Redentor, no Sumaré, Zona Oeste da capital paulista, onde a presidenta da República, Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, amigos e dirigentes do PT e de outros partidos compareceram para prestar sua última homenagem.

Foto: José Cruz/Abr

 
Pedro Tierra apresenta Samurai, seu poema-homenagem a Gushiken
 
Samurai

A palavra e a espada.
Há uma espada na sala do Samurai.
Pousada sobre o silêncio da madeira.
E uma aguda noção de honra.

A palavra disparada em descargas curtas
traía o vulcão sob a neve.
Ensaiava um exercício barroco
incapaz de traduzir
– por escasso –
a multidão de sonhos
que manteve este homem
de pé diante da dor e sereno diante da morte.

Deposito sobre a terra do teu peito devastado
este ramo de ipê coroado de branco
para cantar com as cerejeiras ancestrais
a eternidade fugaz de tua vida
agora entregue ao silêncio acolhedor
do meu verso e do meu coração.

Aqui repousa, dentro do meu peito,
libertado da dor e do cansaço,
o que não se deteve diante da infâmia.
A ‘surda força dos vermes’*
tão estridente neste país,
não alterou a serenidade
ou a vocação da semente
que deixou de pulsar.

Aqui repousa a espada de sonhos
do companheiro Luiz Gushiken:
metal colhido pela réstia de luz
que se evade pela janela
de nossa indignação…

Pedro Tierra
*Verso de Cecília Meireles no ‘Romanceiro da Inconfidência’.

 
`