Gestor público precisa ser sensível para dentro e para fora da máquina
Todo agente público, qualquer que seja a sua função, para honrar a tarefa a que se propôs
Por Paulo Batista dos Reis
Todo agente público, qualquer que seja a sua função, para honrar a tarefa a que se propôs, deve ter como norteadores de todas as suas decisões e condutas os princípios da administração pública.
Para quem não conhece ou não se recorda desses princípios constitucionais, honra-me enumerá-los: a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. Fossem esses princípios estruturantes observados rigorosamente e não teríamos reclamações dos nossos munícipes, já que o interesse público estaria quase totalmente resguardado por eles.
Mas, com a experiência de militância de uma vida inteira no Partido dos Trabalhadores e nos movimentos sociais, ousaria juntar a esses princípios outros dois elementos que deveriam estarpresentes nas decisões e nos comportamentos dos homens públicos, que é a sensibilidade social e a sensibilidade administrativa.
Explico-me. Chamo de sensibilidade social a capacidade do gestor e dos agentes públicos em geral, de serem atentos e receptivos às demandas que se originam nos movimentos sociais e a partir da vida cotidiana das comunidades. Saber ouvir e saber dialogar é uma qualidade fundamental defendida desde os seus primórdios pelo Partido dos Trabalhadores.
Aliás, o PT surgiu dos movimentos sociais. Foi constituído pela iniciativa dos trabalhadores organizados, sobretudo no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, que protagonizou a mais espetacular afronta e resistência ao regime militar. Não só ele, mas, sem dúvida os metalúrgicos lideraram e não à toa, projetaram um dos maiores líderes políticos brasileiros da atualidade, que por sua capacidade de ouvir e negociar, conquistou a posição de presidente do Brasil.
O PT também surgiu do âmago das igrejas e comunidades pobres das regiões mais carentes dos grandes centros, como os bairros da Zona Sul e a Zona Leste da nossa cidade. Temos, portanto, uma tradição e um fortíssimo enraizamento nessas bases que continua ativo e tão atuante quanto sempre foi, a despeito de sermos governo no âmbito federal e municipal.
Para nós seria natural que nossos gestores tivessem também o olhar atento e o coração comprometido com as bases constitutivas do nosso próprio partido. E, mais além, nesse momento em que a sociedade nos apresenta novas formas de organização, novos jeitos de reivindicar e se manifestar, em que os jovens reassumem o protagonismo social, nossos gestores precisam desenvolver a habilidade de dialogar com todos os segmentos da sociedade.
Se tudo isso é verdade, defendemos que a mesma sensibilidade se reproduza para dentro da administração pública em todos os setores. O gestor não pode limitar-se a constatar erros e dificuldades da máquina, ele precisa sentir e perceber até que ponto essa máquina atende às demandas e expectativas do povo para a qual foi criada, lembrando que o servidor público não é um ser especial, mas parte integrante e senhor de direitos da cidadania.
Por isso, ele deve sentir firmeza no administrador, e este deve atuar para conscientizar os membros de sua equipe de que são agentes públicos que propiciam e asseguram direitos gerais que são deles também. Assim atuando, o gestor deve necessariamente combater os desvios éticos, danos patrimoniais, desrespeitos ao público e atuar para que a máquina seja um todo azeitado e sensibilizado para as questões, demandas e expectativas da sociedade.
Enorme desafio. Mas os gestores do PT, um partido que já acumula a experiência bem sucedida de governar o Brasil e vários governos estaduais e municipais, invertendo a lógica das administrações dos mais fortes, atuando sempre com transparência e compromisso social, tem ideais, motivação, quadros e precisa melhorar sua sensibilidade para ver mais, ouvir mais e dialogar mais para dentro e para fora da máquina.
Paulo Batista dos Reis é vereador do PT na Câmara Municipal de São Paulo