FPA Conjuntura nº 8 e as análises das manifestações no Brasil e no mundo
FPA Conjuntura número 8 traz as análises de quatro integrantes do Grupo de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo sobre os recados das ruas.
FPA Conjuntura número 8 traz as análises de quatro integrantes do Grupo de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo sobre os recados das ruas. Os cientistas políticos, Juarez Guimarães, professor da UFMG, e Reginaldo Moraes, professor da Unicamp, e o jornalista Breno Altman, diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel, além do consultor Kjeld Jakobsen, comentam os significados das manifestações, no Brasil e no mundo.
Juarez Guimarães faz sua análise: “se cerca de 30% avaliam o governo como ótimo/bom, 25% como ruim/péssimo e cerca de um terço como regular. É como se a polarização histórica de 1/3 da esquerda, 1/3 da direita, 1/3 em disputa houvesse se atualizado novamente, rompendo uma certa polarização do centro pela esquerda. Este parece ser um retrato mais fiel da situação atual. Em particular, parece ter se alterado a percepção otimista de futuro: ele está claramente em disputa. O que as manifestações de junho fizeram – editadas pelo dispositivo político-midiático neoliberal – foi reconfigurar a cena da disputa política”.
E Reginaldo Moraes complementa com seu texto onde diz que “depois da tremenda sacudida dos últimos 15 dias, com as manifestações de ruas, o governo federal finalmente tomou alguma iniciativa ousada, com um lance típico de sinuca. Jogou o tema dos protestos no colo de todos, inclusive da oposição e desta incrivelmente reacionária coligação situacionista. O protesto se volta contra os políticos, partidos, sistema, “tudo o que está ai”? Então, uma reforma fundamental está na pauta, não precisa ser inventada. Se vai pelo plebiscito, pela constituinte, referendo, sorteio, vai se ver. Mas as mesmas pesquisas que apontam queda de popularidade da Presidência mostram um enorme apoio à sua proposta recente: uns 70% de apoio a um sacolejo genericamente chamado de “constituinte”.”
Breno Altman, em sua contribuição, fala que “apesar do tsunami político, a reversão nas avaliações não levou a uma maioria antagônica ao governo, ainda que haja riscos reais e imediatos. Os descolamentos atuais estão situados em um campo em disputa, no qual o governo e o PT podem encontrar audiência e recuperar terreno”.
Em seu texto, Kjeld Jakobsen afirma que “os principais fatos da conjuntura internacional recente, embora não inéditos, se relacionam a manifestações populares em diversos países e denúncias de espionagem praticadas pelas grandes potências, bem como a truculência governamental inerente a ambos os casos”.