O IPCA divulgado nesta quarta-feira apresentou alta de 0,47%, menor que a previsão média do mercado (registrada pelo boletim FOCUS e pelo Valordata) de 0,50%. Com isso, o IPCA acumulado no ano de 2013 chega a 1,94%, acumulando alta de 6,59% em 12 meses. Apesar de uma desaceleração em relação a fevereiro, alimentos e bebidas (com destaque para o aumento do tomate e da cebola) foram os preços que mais impactaram o índice, tendo subido 1,14% no mês e representando 0,28% da alta de março. Por sua vez, a inflação de serviços desacelerou, passando de 1,30% em fevereiro para 0,26% em março, com destaque para a queda nos preços das passagens aéreas.

O resultado de 0,47% representa uma tendência de desaceleração dos preços ao longo do ano (em janeiro a taxa foi de 0,86% e em fevereiro de 0,60%). Mais que isso, o índice de difusão da inflação (que indica a percentagem dos produtos que apresentaram alta no período) recuou de 72,3% em fevereiro para 68,5% em março, o que indica uma possível redução no espraiamento das pressões inflacionárias. Tendo dito isto, a imprensa explora os dados divulgados como uma ruptura do teto da meta de 6,50% no acumulado de 12 meses. Isto obviamente é falso, dado que a meta vale para o ano calendário e não para o acumulado de 12 meses.

No entanto, as pressões dos rentistas sobre o BC crescem. Mas em abril, além da continuidade da retração da inflação mensal certamente o acumulado em 12 meses do IPCA recuará, revertendo sua tendência ascendente.

Gráfico IPCA - Valor Econômico - 11 de abril de 2013
Gráfico IPCA – Valor Econômico – 11 de abril de 2013

Guilherme Mello – doutor em Economia pela Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura da Unicamp (Cecon/Unicamp) e Jorge Mattoso – economista, com pós-doutorado, foi professor da Unicamp, presidente da Caixa Econômica Federal e secretário municipal em São Paulo e São Bernardo do Campo. (São membros do Grupo de Conjuntura – FPA)

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