O ex-presidente Lula disse nesta segunda-feira que a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves. Lula se encontrou com 36 intelectuais da América do Sul nesta segunda-feira (21) para discutir caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração do subcontinente. Participaram do encontro personagens com destaque não só no campo acadêmico, mas que também já passaram por experiências políticas em governos progressistas da América do Sul. Estiveram presentes ministros, senadores e deputados.

 

Lula: Integração da América do Sul passa por “choque de inclusão”
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

 

Luiz Dulci, ex-ministro e coordenador da Iniciativa América Latina dentro do Instituto Lula mostrou-se animado para continuar esse debate, seguindo uma sugestão de do ex-presidente, levando-o a um circuito de universidades em diversos países. Este foi o segundo de uma série de encontros que o Instituto Lula promove sobre o tema. Em agosto do ano passado, houve uma reunião com representantes de organizações sociais. O próximo acontece com empresários da região.

Diversas intervenções dos intelectuais coincidiram ao apontar a necessidade de uma ênfase na inovação, na técnica e na indústria com maior valor agregado. “Brasil e Argentina vendem juntos dois terços das proteínas do mundo, mas não agregam valor a esses bens”, disse o economista argentino Bernardo Kosacoff, ex-diretor da Cepal, lembrando que é necessário aproveitar o enorme mercado interno da região e “levantar nossa auto-estima”. O senador uruguaio Alberto Curiel, também enfatizou a necessidade de infraestrutura produtiva integrada e mais valor agregado aos produtos da região. “Temos vários desafios que eu não sei como resolver. É preciso falar com empresários, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com trabalhadores, o Lula está fazendo isso, é preciso falar com movimentos sociais, e o Lula já fez isso…”

As questões da integração da estrutura produtiva e da necessidade de inovação e do investimento em indústria de maior valor agregado também foram levantadas por vários participantes do encontro. A professora Ingrid Sarti, presidente do Fórum Universitário do Mercosul (FoMerco) comemorou a contribuição que o Instituto Lula vem dar ao tema. “Como professora, faço parte desse trabalho árduo de pesquisa, que muitas vezes acaba engavetado. É muito importante que o Instituto Lula possa ser um motor dessa articulação e dar algum auxílio à formação de políticas públicas”.

O desejo de ver essa discussão virando prática não foi só da professora Ingrid. Marcio Pochmmann, presidente da Fundação Perseu Abramo disse que na América do Sul existem duas velocidades de integração, a das multinacionais e a dos governos. E apontou que os governos não seguem a mesma velocidade das multinacionais, que tem sido muito maior. Pablo Gentilli, secretário-executivo do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), pediu uma integração na educação, especialmente na pós-graduação e destacou a necessidade do compartilhamento em uma rede aberta de ensino, na internet, de todo conhecimento produzido sobre integração no continente.

As propostas dos participantes serão reunidas em um plano de trabalho conjunto que será compartilhado pelo Instituto Lula com os participantes.


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