Elói Pietá: O PED 2013 será uma excelente oportunidade para preparar o 5° Congresso do PT
Em entrevista ao Portal Linha Direta do PT de São Paulo, o secretário geral do PT, Elói Pietá, fala sobre as eleições de 2012 e o Processo de Eleição Direta do Partido (PED), que acontece em novembro deste ano. Pietá alerta também para como a militância deve se preparar para o 5º Congresso do PT.
Aos 68 anos, gaúcho de Gaurama, Elói Pietá tem uma biografia política exemplar de lutas e vitórias, começando sua militância política no combate à ditadura militar nos anos 60. No PT desde a década de 80, Pietá acumula as funções de professor, advogado e é o atual secretário geral do PT. Ele também é membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo. Morador de Guarulhos desde 1980, cidade onde foi vereador entre 1983 e 1990, o petista também foi prefeito por dois mandato (2001 a 2008). Pietá foi eleito deputado estadual duas vezes, em 1994 e 1998. Em entrevista ao Portal Linha Direta, o secretário Geral do PT fala sobre as eleições de 2012 e o Processo de Eleição Direta do Partido (PED), que acontece em novembro deste ano. Pietá alerta também para como a militância deve se preparar para o 5º Congresso do PT. Confira a íntegra da entrevista:
O Partido dos Trabalhadores foi o mais votado nessas eleições, apesar das campanhas sistemáticas de criminalização de seus projetos e lideranças. Que balanço faz dos resultados do pleito?
O PT prosseguiu sua trajetória de crescimento no âmbito municipal nestas eleições. Teve um elemento conjuntural favorável: a continuidade da alta aprovação de nosso governo federal. Crescemos também porque cada vez mais temos lideranças locais enraizadas e com prestígio popular. Poderíamos ter crescido mais, não fossem alguns elementos conjunturais desfavoráveis: os fortes ventos contrários com a ampla e insistente divulgação pela mídia da condenação no STF (Supremo Tribunal Federal) de importantes figuras de nosso Partido; a avaliação insuficiente de muitas administrações locais nossas, que não conseguiram se sair bem na gestão ou na política. As recentes eleições mostraram que o PT está bastante forte. Mas cabe tirar delas lições que estão sob nosso controle implementar, especialmente atualizando as administrações locais ao momento do Brasil e de suas novas condições sociais, e revigorar os princípios de governo popular e democrático do PT.
Quais os novos desafios para o PT em 2013?
Os petistas no governo terão que continuar equacionando o crescimento econômico com criação de empregos, valorização da renda dos trabalhadores, e superação dos gargalos de infraestrutura. Ao mesmo tempo precisarão ter um intercâmbio político com o povo, que mantenha profundas raízes populares de nosso governo, muito firmes para enfrentar os fortes ventos oposicionistas amplificados pela grande mídia empresarial, que enfrentamos em 2012, e com esperadas novas versões em 2014. O PT na sua organização militante terá que continuar sua presença atuante em cada local do país, revigorando nossos princípios no cotidiano. O PT ainda precisará promover o debate mais amplo possível que nos ajude a entender o melhor modo de atuar: num mundo com economia dominada pelas grandes corporações privadas transnacionais que reduzem a margem de manobra dos governos delas independentes; numa longa conjuntura marcado pela crise nos países mais ricos; numa quadra em que os socialistas estão em crise ideológica de identidade e de caminhos estratégicos. O ano de 2013 também será o da eleição das direções partidárias para o período que vai de 2014 ao final de 2017.
Quais avanços foram trazidos pelo PED nesses últimos anos?
Sem dúvida, o processo de eleição direta é a forma mais democrática de compor as direções. Com a proporcionalidade, todos os grupos que têm força interna podem estar representados. A gente sabe que a composição das chapas é escolha de poucos, mas o PED tem sido um mecanismo de referendo dos filiados. Quanto mais eles participarem das diferentes fases do processo, melhor para a formação de nossos filiados e fortalecimento de nosso Partido. As novas normas surgidas no 4° Congresso vão nesta direção. E se cumpridas as normas do Código de Ética para eleição dos dirigentes, o Partido dará um grande passo adiante no predomínio das convicções políticas sobre as relações de camaradagem.
Quais preparativos lideranças e filiados devem realizar focando já nesse processo que se aproxima? O PED diferencia o PT dos demais partidos?
O PED 2013 será uma excelente oportunidade para preparar o 5° Congresso do PT a ser realizado em fevereiro de 2014. A última reunião do Diretório Nacional aprovou uma Convocatória deste Congresso que merece ser lida e debatida por todos. Ela dá um roteiro dos principais temas em pauta na atualidade. E todo filiado ou filiada só terá direito a voto no PED se participar, em 2013, de algum dos debates sobre estes temas. Além disso, metade dos delegados estaduais e nacionais será eleita em encontros, para dar mais peso aos eventos que promovam o debate. Todos devem participar deste esforço de fazer do PED uma oportunidade de produção coletiva de política, afastando-se o quanto possível do padrão simplesmente de filas para votar.
O PT tem o desafio de conquistar novos filiados para avançar em seu projeto de crescimento com igualdade e renda. Qual o papel das secretarias estaduais de Formação e da Escola Nacional nesse processo?
Tem tanta gente que diz: ‘sempre votei no PT, mas não sou filiado’, ou, ‘eu não gostava do PT, mas agora gosto’. Estas são pessoas que merecem ser filiadas. Por isso temos milhões pela frente a filiar. Mas, ao mesmo tempo temos que integrá-las numa trajetória que vai além do que fazemos enquanto governo ou movimento social. Temos que integrá-las na cultura do socialismo, nos avanços democráticos que tivemos para os trabalhadores, para ter delas uma contribuição que venha da base da estrutura partidária sem romper com a herança libertária e igualitária que orientou a formação do Partido dos Trabalhadores. Este é o papel de toda a militância mais integrada nestas concepções, das correntes internas, mas esta é a tarefa específica e a razão de ser das secretarias de Formação, da Escola Nacional de Formação, da Fundação Perseu Abramo, todas fortalecidas pelas decisões do 4° Congresso.
Edição: Aline Nascimento