MÉXICO, DF (Notícias da OIT) – A taxa de desemprego urbano da América Latina e do Caribe continuou em 2012 com a tendência de queda dos últimos anos que a colocou em níveis mínimos históricos e continuará pelo mesmo caminho em 2013, informou nesta terça-feira (18) a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao apresentar a última edição de seu relatório anual Panorama Laboral.

“A queda do desemprego abre uma janela de oportunidade, este é o momento para enfrentar os desafios da qualidade dos empregos”, disse a Diretora Regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Elizabeth Tinoco, durante a apresentação do relatório na capital mexicana.

“É hora de redobrar os esforços para enfrentar a informalidade”, acrescentou.

O Panorama Laboral 2012 da América Latina e do Caribe diz que o desemprego urbano regional é de 6,4% ao final de 2012 e que esta tendência será mantida e a taxa chegará a 6,2% em 2013. São os níveis mais baixos registrados desde que começou a utilizar-se a atual série estatística em princípios dos anos 90.

A OIT recordou que em 2002 esta taxa superava 11% mas a partir de 2004 começou a cair, uma tendência que somente foi ligeiramente interrompida durante a crise internacional em 2009. No entanto, a região teve uma rápida recuperação e retomou o crescimento com emprego. Em 2011, a taxa chegava a 6,7%.

O dinamismo das economias latino-americanas e caribenhas, que registraram um ciclo de crescimento econômico de vários anos, foi determinante para esse resultado, de acordo com a análise do Panorama Laboral. As médias regionais anunciadas pelo relatório foram impulsionadas pela taxa de crescimento econômico de 3,1% em 2012, que poderá se acelerar até 3,8% em 2013.

“Existem razões para sermos otimistas apesar de que a região não deve descuidar-se já que a situação de crise em outras partes do mundo gera uma dose importante de incerteza”, disse Tinoco.

Por outro lado, fez um apelo para que se aproveite o momento para enfrentar os desafios da qualidade do emprego e recordou que o trabalho e a renda laborais constituem uma contribuição fundamental para o crescimento das economias e na luta contra a pobreza e a desigualdade.

“Quase a metade dos trabalhadores da região somente consegue empregos informais, o que geralmente implica baixos salários, pouca estabilidade laboral, escassa cobertura da seguridade social e descumprimento dos direitos no trabalho”, afirmou Tinoco.

Destacou que outro tema pendente da maior relevância é o de melhorar a produtividade da região, que cresceu menos do que em outras partes do mundo e de vinculá-la com o crescimento dos salários, pois essa é a maneira de transferir maior renda às pessoas e conseguir uma maior coesão social.

“O crescimento é indispensável, mas não é suficiente. Na região temos problemas de caráter estrutural que requerem a adoção de medidas específicas para enfrentá-los, incluindo os desafios de igualdade de gênero e de emprego para nossa juventude”, reafirmou a Diretora Regional da OIT.

“É necessário colocar o pleno emprego e produtivo e o trabalho decente como um objetivo político central no caminho rumo ao desenvolvimento”, acrescentou Tinoco.

O Panorama Laboral também destaca que:

– A taxa de desemprego urbano implica que o número total de desempregados reduziu-se em 400 mil pessoas.
– Por trás dessas taxas existem pessoas e o desemprego ainda é um drama para 14,8 milhões de mulheres e homens.
– A taxa de ocupação urbana aumentou 0,6 pontos percentuais e ficou em 56,1% no terceiro trimestre.
– A taxa de participação urbana aumentou 0,3 pontos percentuais e ficou em 60,0% no terceiro trimestre.
– A redução do desemprego beneficiou homens e mulheres ainda que o desemprego das mulheres continue sendo 1,4 vezes o dos homens. No terceiro trimestre de 2012 o desemprego urbano das mulheres era 7,7%, enquanto que o dos homens chegava a 5,6%.
– A taxa de participação das mulheres continuou aumentando, em 0,5 ponto, e se situou em 48% (a masculina subiu 0,1 e ficou em 71,4%).
– O desemprego juvenil urbano é de 14,3% o que equivale a cerca de 7 milhões de pessoas, uma queda de 0,9 ponto percentual com relação ao mesmo período do ano passado.
– No entanto, o desemprego juvenil continua alto e é um problema de caráter estrutural. Equivale a 2,2 vezes a taxa geral e quase 3 vezes a dos adultos.
– O emprego informal não agrícola afeta em média 47,7% dos ocupados (2011, com informação disponível para 13 países).
– Em proteção social, 60,2% dos trabalhadores ocupados tinham cobertura em saúde e 61% dos ocupados contribuía para aposentadoria.
– Mantém-se o crescimento médio dos salários médios reais, 2,4% até o terceiro trimestre de 2012.
– A média ponderada dos salários mínimos reais teve um aumento sólido de 6,9% em média no terceiro trimestre de 2012.

A educação e a formação para o trabalho, o reforço da institucionalidade laboral, o cumprimento das normas e o respeito aos direitos no trabalho, o aumento da produtividade, a simplificação de trâmites para formalizar empresas, o apoio ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas que geram a maior parte do emprego, o desenvolvimento tecnológico, a articulação produtiva e a promoção dos investimentos são parte de diferentes aspectos que deveriam ser atendidos em combinação com um crescimento sustentado, disse a OIT.

O Panorama Laboral é elaborado a cada ano pelo Sistema de Informação Laboral para a América Latina e o Caribe (SIALC) do Escritório Regional da OIT, com sede no Panamá, e inclui a elaboração de médias regionais e análise do comportamento do mercado de trabalho baseados em indicadores provenientes de fontes oficiais nos países da região.

“É importante considerar que esta é uma região heterogênea e as médias agrupam países que podem ter apresentado diferentes desempenhos”, explicou o Diretor do SIALC, Miguel del Cid.

Acrescentou que a cada ano é maior a necessidade de contar com informação fiel, atualizada e oportuna sobre os mercados laborais, pois é um insumo chave para o planejamento de políticas “assim como para determinar se as economias realmente beneficiam as pessoas através da geração de mais e melhores empregos”.

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