No fundo das masmorras os prisioneiros políticos elaboravam documentos e cartas em que relatavam as torturas, as péssimas condições de vida nos cárceres, as circunstâncias em que se davam as prisões, os seqüestros, as falsas acusações, as falhas dos processos e muitas outras coisas. Todos esses escritos, elaborados custosamente, apesar de todos os impedimentos próprios da situação de prisioneiros políticos e da ameaça constante de mais repressão e de mais torturas, saíam das prisões através de mil maneiras e ganhavam as ruas do país. Esses documentos tiveram grande importância na campanha da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e grande repercussão internacional. Selecionamos alguns textos, que exemplificam a luta contra o arbítrio desenvolvida pelos presos políticos. Eles eram armas poderosas contra a repressão e saíam, às escondidas, levados por familiares e amigos que, de forma anônima e com grande coragem, enfrentavam o rigoroso controle exercido pelas autoridades. Porém a arma mais poderosa dos prisioneiros políticos e a que obtinha resultados mais evidentes eram as terríveis e intermináveis greves de fome que levavam os participantes quase à morte e, se não, a graves seqüelas. Elas tinham repercussão não apenas nacional mas também no exterior, de onde choviam as cartas de solidariedade e os apelos às autoridades brasileiras. Além disso alguns documentos são verdadeiros libelos contra a anistia restrita e excludente que era proposta pelo governo. Contra essa anistia, se fez a Greve de Fome Nacional dos Presos Políticos.

Texto e organização de documentos: Alcione Abramo

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