Amanda Lemes: “Os jovens candidatos do PT devem ser a voz de uma geração de pessoas que estão construindo o país no dia-a-dia”
Seguindo o roteiro de discutir o papel dos jovens neste processo eleitoral, que coincide com uma certa "virada geracional" do país e do PT, entrevisto abaixo Amanda Lemes. Paranaense de Maringá, ela foi secretária estadual da Juventude do PT e, hoje, formada em Direito, compõe o Grupo de Assessoramento Eleitoral do PT nacional. É, também, integrante da Direção Nacional da JPT.
Seguindo o roteiro de discutir o papel dos jovens neste processo eleitoral, que coincide com uma certa “virada geracional” do país e do PT, entrevisto abaixo Amanda Lemes. Paranaense de Maringá, ela foi secretária estadual da Juventude do PT e, hoje, formada em Direito, compõe o Grupo de Assessoramento Eleitoral do PT nacional. É, também, integrante da Direção Nacional da JPT.
Qual a importância que o Grupo de Assessoramento Eleitoral está dando aos jovens candidatos? São só os vereadores?
O G.A.E. considera fundamental as candidaturas jovens porque é a partir do processo eleitoral que o PT pode dialogar mais diretamente com a sociedade. As candidaturas evidenciam o projeto para o Brasil que o PT vem construindo ao longo de seus 32 anos de existência. E as candidaturas jovens representam a continuidade disso e a renovação também. Pois elas são herdeiras do que foi construído pelo PT até hoje e somam a isso novas idéias, novas formas de ver o mundo e consequentemente, uma resignificação na aplicação da política. E não são apenas candidatos a vereadores jovens que estamos acompanhando, há vários candidatos e candidatas a prefeituras ou a vice-prefeituras.
Por que é a hora do investimento nos jovens?
É preciso investir na juventude porque sem ela não há transição geracional. Pela própria natureza humana que é finita, é preciso que pessoas mais novas e com mais tempo de vida saibam construir a política também. Disso depende a continuidade e evolução do projeto do PT para o país e para cada um dos municípios brasileiros. Precisamos ter dirigentes capazes de dar continuidade e dialogar com as transformações que o Brasil vive. E isso não é possível sem investimento em uma nova geração.
Não são apenas candidatos a vereadores jovens que estamos acompanhando, há vários candidatos e candidatas a prefeituras ou a vice-prefeituras (…) É preciso que pessoas mais novas e com mais tempo de vida saibam construir a política também. Disso depende a continuidade e evolução do projeto do PT para o país
Qual o papel que os jovens podem desempenhar nesta eleição?
Penso que o mundo vem mudando muito rapidamente devido os avanços tecnológicos, novas composições na geopolítica global e as novas linguagens que vem surgindo. Com o Brasil inserido de maneira destacada neste contexto, a juventude cumpre um papel fundamental para que o Partido dos Trabalhadores esteja atualizado nessa conjuntura. Há uma facilidade muito maior da nossa geração para acompanhar essas transformações, já que para nós, isso parece muito natural, pois nascemos, crescemos e aprendemos a militar nessa nova dinâmica. Contudo, acho que não devemos restringir a atuação da juventude a um papel específico a ser cumprido. Jovens são dirigentes do PT, lideranças dos movimentos sociais, referências sociais em seus municípios como quaisquer outras pessoas de idades diferentes. Portanto, o papel é amplo e não deve ser recortado ou subestimado.
Quais as tarefas que tem a terceira geração de mulheres e homens públicos petistas?
A principal tarefa é renovar sem negar a história. Ao contrário, herdá-la com responsabilidade e disciplina, pois o que foi feito até então pelos atuais dirigentes petista e os que já se foram, é valoroso e transformou o Brasil. Os jovens precisam entender do que já foi feito em plenitude, para assim, irem além, compor a novidade sem desconsiderar ou desqualificar tudo o que já foi realizado. Não temos que reinventar a roda, nosso papel é aperfeiçoá-la ainda mais, para que ela possa nos levar mais longe. A juventude precisa entender bem o que significa o modo petista de governar e legislar, porém é mais do que necessário, acrescentar novos elementos a isso, que dialogue mais e melhor com um novo tempo.
Jovens são dirigentes do PT, lideranças dos movimentos, referências em seus municípios como quaisquer outras pessoas de idades diferentes. Portanto, o papel é amplo e não deve ser recortado ou subestimado (…) É preciso construir um diálogo mais geracional e menos juvenil
Quais as grandes discussões que os jovens candidatos precisam enfrentar neste ano?
Há uma diversidade muito grande de temas que permeiam o processo eleitoral de 2012, e cada localidade trará suas questões específicas. Mas alguns problemas referentes ao desenvolvimento local são praticamente unanimidades nos municípios brasileiros. A mobilidade urbana, a segurança pública, a educação e a saúde são os principais assuntos sobre os quais a população brasileira cobra soluções políticas. E a juventude precisa se empenhar na criação de resoluções para elas. Tais problemas influenciam diretamente na vida dos jovens e de toda a sociedade que acontece nas cidades. E essa geração precisa ter propostas capazes de melhorar isso.
Para além de bases sociais específicas, com quem a juventude terá que dialogar sintonizada com o desafio estratégico colocado ao PT?
O lema do governo Dilma é o Brasil sem miséria, e acho que isso sintetiza o desafio estratégico do PT. Como estamos a enfrentar uma eleição em âmbito local, precisamos entender que Brasil sem miséria é município sem miséria e a juventude precisa dialogar com isso. As questões específicas referentes as Políticas Públicas de Juventude devem estar presentes nos programas, mas sempre dialogando com nosso centro estratégico. Até porque essa questão da identidade juvenil é bastante relativa. No PT fazemos um recorte no qual ser jovem significa ter até 29 anos de idade, mas nem sempre pessoas nestas faixas etárias tem identificação com a pauta juvenil. Muitos já são arrimos de família, estão no mercado de trabalho e querem soluções mais abrangentes do que as que temos proposto a partir das PPJ´s. É preciso construir um diálogo mais geracional e menos juvenil, os jovens candidatos do PT devem ser a voz de uma geração de pessoas que estão construindo o país no dia-a-dia, linkados com as transformações.
A mobilidade urbana, a segurança pública, a educação e a saúde são os principais assuntos sobre os quais a população brasileira cobra soluções políticas. E a juventude precisa se empenhar na criação de resoluções para elas
Afora a disputa eleitoral “para vencer”, qual a outra prioridade para as candidaturas jovens do PT?
Realmente vencer as eleições é nossa prioridade imediata quando entramos nessa disputa. Mas candidaturas não devem ser apenas candidaturas, elas devem ser projetos. E nestes projetos é preciso que algumas questões se façam presentes. Entre elas eu destaco a construção partidária. O Partido é nosso principal instrumento de diálogo com a sociedade e por isso precisa estar no centro de nossa atuação. Filiar, formar novos militantes e disseminar ainda mais a marca do PT como sendo o partido que mais fez pelo Brasil e ainda fará, deve ser papel de todo candidato, candidata e militante petista em 2012.