Com atraso, reverencio o Dia da Juventude, parabenizando um senhor de 86 anos por mais um aniversário em nossa companhia, o comandante Fidel Castro.E por quê? Porque, para nós, jovens de esquerda e sul-americanos, ele é mais do que uma referência de idealismo, dum exemplo de quando, também jovem, entregou sua vida para libertar o continente e seu país da condição de colônia subdesenvolvida, este atroz conceito inventado pelo presidente Truman após a Segunda Guerra, quando declarou aberto o “século do desenvolvimento”. Fidel também inspira o ideal juvenil que deu certo. O país por ele liberado é um ícone da proteção e promoção do desenvolvimento social, de indicadores sociais fantásticos, do compromisso com a preservação da dignidade humana. Fidel, aos seus vinte e poucos anos pensou soluções e desafios para seu país, buscou meios para realizá-los – a revolução bem sucedida – colocou-os, com erros e acertos, em prática e foi além: pensou também os grandes temas da América Latina e, até hoje, é um formulador e articulador de um novo tempo para a “Pátria Grande”.
Voltando ao Dia da Juventude no Brasil, só temos o que comemorar.

Primeiro, porque todos os dados oficiais demonstram que a geração de empregos para os jovens é quase o dobro da média geral de novos postos. E a geração de empregos segue firme, apesar da crise. Além disso, os mesmos índices mostram redução em 1/4 do ingresso, no mercado de trabalho, de jovens-jovem, ocasionado pelo aumento da renda das famílias em mobilidade social, que optam por investir em mais tempo de estudo para seus filhos. Falar na ampliação da vagas no ensino técnico e superior já quase virou chavão, dada a quantidade extasiante. Os jovens são a maior fatia da carteira de habitação da Caixa econômica e, empregados, ganhando melhor e mais escolarizados, a juventude que é majoritária nas camadas C e D já é chamada de “jovem-ponte”, porque forma a opinião em seus lares. Dados e fatos novos, possíveis graças aos últimos 10 anos.

Segundo, porque parece que conseguimos estabilizar a institucionalização de políticas para jovens em âmbito federal pelo menos. O Conselho Nacional de Juventude demarcou bem seu foco no monitoramento do Programa Temático Emancipação e Autonomia, do PPA 2012-2015, bem como das resoluções das conferências do setor. A própria conquista deste eixo, na programação plurianual, já é um passo e tanto e colocou, também, na centralidade da Secretaria Nacional de Juventude, consolidada na Presidência da República, o monitoramento da programação plurianual e orçamentária. Sem mais aquele afã centrado nos rumos da “política nacional de juventude” que, na verdade, sempre foi circunscrita ao tripé Conjuve-SNJ-Projovem, verifica-se um clima forte de “setor do serviço público”  e a aceitação com boa utilização da condição de articuladora social e institucional das políticas voltadas aos jovens, adequada à missão institucional da Secretaria-Geral da Presidência, como um legítimo órgão setorial, que interage com os demais de mesma feição: Secretaria de Políticas para Mulheres, de Promoção da Igualdade Racial, entre outros.

Terceiro, porque, ao contrário do propalado, a juventude luta e é ativa. A maior entidade juvenil brasileira, a UNE, sempre em parceria com a UBES, tem um “cardápio” de conquistas a apresentar no último período: a indenização pelo incêndio de sua sede pela ditadura, a retirada das verbas da educação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), a aprovação da reserva de 50% dos rendimentos do fundo social do pré-sal para a educação, a elevação progressiva (10 anos a partir da aprovação do PNE) do investimento em educação a 10% do PIB, são exemplos claros e caros disso, motivo pelo qual o movimento estudantil brasileiro foi duramente atacado por ter optado pela campanha em prol da soberania do pré-sal ante a pressão da mídia pela derrubada de Sarney em 2008 ou, agora, sobre sua prestação de contas.

Tomamos o ME como exemplo, mas poderíamos citar os festivais da juventude rural, a campanha contra o extermínio da juventude negra e tantas outras iniciativas que, mais do que importantes no mérito, conseguiram chamar a atenção da sociedade.

Na seara partidária, só de números que eu conheço, o PT apresentou quase 4 mil jovens candidatos às câmaras municipais e o PMDB mais de 8 mil. Uma nova geração, sem dúvida, para governar o país.

No serviço público, após as milhares de vagas abertas pelo ex-presidente Lula e mais outras milhares que seguem programadas, é visível a invasão geracional do serviço público. Jovens que estarão no centro, não só da resolução de problemas candentes do Brasil, dos estados e municípios, mas inovando formas de solucionar antigos e atuais dilemas.

Muito há que se fazer, ainda existe um Brasil a ser construído e libertado, mas, nesta data, é fundamental demarcar que os jovens, não só aqueles classificados pela ONU com teto em 29 anos, mas toda esta nova geração que, efetivamente, dá forma ao bônus ou janela demográfica, tem sido solução para o desenvolvimento nacional. Tomara que ela mire em Fidel e assuma para si o compromisso de pensar o Brasil do futuro a partir dos avanços do presente, dos quais, certamente, foi uma das protagonistas, fator e atriz.

*Leopoldo Vieira é membro da Direção Nacional da Juventude do PT e assessor da Secretaria de Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento.