Com a autoridade de quem, na condição de presidente da República, foi informado por Ricardo Sérgio, então diretor do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de campanhas tucanas, de que a privatização do Sistema Telebrás estava sendo feita no "limite da irresponsabilidade" e não tomou nenhuma providência, Fernando Henrique Cardoso se sente à vontade para teorizar sobre corrupção.

Com a autoridade de quem, na condição de presidente da República, foi informado por Ricardo Sérgio, então diretor do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de campanhas tucanas, de que a privatização do Sistema Telebrás estava sendo feita no "limite da irresponsabilidade" e não tomou nenhuma providência, Fernando Henrique Cardoso se sente à vontade para teorizar sobre corrupção.

FHC criticou em artigo o ministro Aldo Rebelo que, segundo o príncipe dos sociólogos, considera que tudo quanto é privado (ONGs, etc…) é corrupto e que o Estado é isento de corrupção. É certo que a invasão de ONGs e OSCIPs realmente foi obra dos tucanos e guarda coerência com a noção do Estado mínimo liberal. Assim, com um Estado reduzido, os tucanos se omitiam em prestar serviços sociais, mas repassavam recursos para as ONGs amigas que, por sua vez, entregavam à população serviços de péssima qualidade.

Mas a pecha lançada contra Aldo Rebelo não cola no governo. Desde 2003, foi instituída no Brasil uma política de Estado de combate à corrupção. A CGU (Controladoria-Geral da União) conduz, desde então, uma política de combate à corrupção nos meandros do aparelho de Estado. Neste período foram punidos com exoneração do serviço público 3.434 servidores públicos. Desnecessário dizer que, sob FHC, não se verificaram punições desta natureza e a CGU, então denominada Corregedoria-Geral da União, era um simples cabide de emprego, um anexo do Palácio do Planalto, destinado a abrigar figuras como Anadyr Mendonça Rodrigues, que mais tarde continuou desempenhando papel de figurante no combate à corrupção no governo do célebre Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal.

Não custa também lembrar que, sob FHC, o Ministério Público foi comandado por um engavetador-geral de República, Geraldo Brindeiro, que bloqueava qualquer tentativa de ação independente desta importante instituição da República. No período tucano (1995-2002), a Polícia Federal estava desaparelhada, com déficit de pessoal e praticamente não combateu a corrupção. A PF foi acionada uma vez contra a aliada Roseana Sarney, não para combater a corrupção, mas para inviabilizar sua candidatura pelo PFL, que ameaçava a candidatura José Serra. Era luta interna. A partir do governo do presidente Lula, a PF foi reequipada, teve seu efetivo duplicado e passou a desempenhar um papel destacado no combate à corrupção. Pela primeira vez na história do País, ricos foram presos.

Em relatório divulgado dia 27 de outubro último, a OCDE reconhece os importantes progressos realizados pela Administração Pública Federal, registrando os avanços significativos promovidos pelo governo brasileiro nas áreas de promoção da transparência, de controle social e controle interno, por exemplo. Antes da OCDE, o presidente dos EUA, Barak Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton, já haviam reconhecido oficialmente que o governo brasileiro pratica transparência e combate a corrupção. Por isso, o Brasil foi escolhido pelo governo norte-americano como principal parceiro para uma iniciativa internacional destinada a estimular práticas administrativas cada vez mais transparentes.

FHC está enganado quando supõe que a história vai ser escrita tendo em conta apenas as matérias amigáveis publicadas pela imprensa favorável ao projeto neoliberal tucano , em oposição ao projeto iniciado em 2003, para a construção de um Brasil soberano, independente, sustentável, com crescimento econômico, justiça social e permanente combate à secular corrupção em nosso país.

*Paulo Teixeira é Deputado Federal e Líder do PT na Câmara.