Capítulo 8 para download

 

Embora conhecimento sobre a os povos indígenas seja relativamente pequeno, a grande maioria da amostra, ainda que por imagem, mencionou alguns problemas que acreditam que os povos indígenas vivem hoje no Brasil. Os conflitos com invasão e perdas de terras foi o mais mencionado, por cerca de um terço dos entrevistados (34%), seguido por 29% comentaram sobre a dificuldade de acesso à saúde.

 

Num patamar um pouco inferior, 18% fala sobre a dificuldade de acesso à educação e 16% sobre a discriminação que estes povos sofrem e 13% percebem o quanto estão perdendo sua cultura. O desmatamento, poluição e desequilíbrio do meio ambiente é um dos problemas que afetam os indígenas, segundo 11% da população brasileira, 10% consideram a miséria e pobreza um ponto importante e 9% a falta de acesso à infra-estrutura.

 

Apenas 10% não souberam relatar nenhum problema pelos quais a população indígena passa hoje e 2% disseram que não há nenhum problema.

 

Os conflitos com invasão e perda de terras indígenas foi considerado um dos principais problemas indígenas principalmente entre os entrevistados da região Nordeste e os que residem em regiões metropolitanas (42%, ambos. Entrevistados que residem em municípios onde existem territórios indígenas (40%) e os não brancos (indígenas, negros e amarelos) também percebem mais fortemente este problema (41%, nos dois primeiros casos e 52% entre os amarelos).

 

Já a falta de acesso à saúde é mais notada na região Centro-Oeste (35%), enquanto na região Norte a falta de acesso à educação é mais comentada (21%). O preconceito e discriminação contra os índios também é principalmente percebido na região Norte (24%), como também entre os próprios indígenas (28%). Os demais problemas foram mencionados de modo semelhante pelas diversas regiões brasileiras, tipos de cidades e origens étnicas, com ligeiro destaque para a percepção de falta de infra estrutura nos municípios onde existem TIs (14%) e região Sul (17%).

 

Cerca de dois terços da amostra (61%) sabem que existem conflitos envolvendo os indígenas no Brasil hoje, mas metade deles acha que são poucos conflitos (31%). Somente 10% afirmou que não há conflitos com os índios no Brasil, hoje. Os entrevistados que mais percebem a existência de conflitos são aqueles que residem próximos à terras indígenas ou em áreas da região metropolitana (70%, ambos), sendo que nos municípios em que há TIs percebe-se a existência de muitos conflitos (29%) e nas regiões metropolitanas predomina a percepção de que só ocorrem alguns (37%). Os que menos atentam para esta questão, são os que moram em cidades de médio porte, onde 15% afirmam que não há conflitos com indígenas.

 

Os conflitos com indígenas que a população brasileira mais conhece são aqueles que envolve terra (62%) , seja por clara invasão das terras indígenas (31%), ou disputas em que não fica claro quem é o dono das terras (30%) ou ainda conflitos decorrentes da demarcação dos territórios indígenas pelo Estado (5%). Estas disputas estão mais evidentes na região Centro-Oeste e Sul (78% e 70%, respectivamente) e nos municípios que abrigam terras indígenas (68%) ou cidades de grande porte (68%). Os que se declaram indígenas são os que mais relatam as invasões em terras indígenas (46%).

 

Conflitos envolvendo mortes, crimes e violência, são relatados por 15% dos entrevistados. As lembranças destes relatos de violência são difusas e variam desde casos em que os índios são agentes: como quando atearam fogo em um índio, agressão por parte de agentes de governo, discriminação, mortes de índios por garimpeiros e casos de discriminação; até casos onde os índios são os agentes, como manifestações públicas onde os indígenas se expressam de modo violento contra agentes de governo, seqüestros com brancos ou funcionários do governo como reféns, morte de brancos, garimpeiros ou lideranças que lutam pelas causas indígenas, bloqueio de acesso a estradas e terras indígenas. Estes conflitos marcados por violência mais explícita são mais observados na região Nordeste (20%).

 

Há ainda 8% de menções a conflitos que envolvem o meio ambiente, como a extração de madeira, minérios e desmatamento e 5% de conflitos que envolvem infra-estrutura e urbanização, como a construção de hidrelétricas, empresas, estradas, pontes e rodovias. Ambos são citados com mais ênfase na região Norte (11% e 10%, respectivamente). As maiores taxas de desconhecimento sobre conflitos envolvendo os povos indígenas foram observadas em cidades de pequeno porte (22%) e entre os que se declaram indígenas (24%).

 

A região Norte foi apontada como a região onde mais ocorrem conflitos com os indígenas por (37%), onde se destaca menções específicas ao Estado do Amazonas e Pará (12%, ambos). A região Cento-Oeste concentra 17%. A identificação destas duas regiões a maior parte dos conflitos é dada pelos residentes nelas próprias e também pelos entrevistados que residem próximo à terras indígenas. Já os próprios indígenas identificam mais conflitos na região Norte (42%) e em especial no Estado do Pará (30%).

 

A identificação de conflitos nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul não ultrapassa 5% em cada região e quase um terço dos entrevistados não soube dizer o local onde ocorrem conflitos envolvendo os indígenas (30%).

 

O desconhecimento sobre a diversidade de povos indígenas que habita o Brasil, torna difícil a identificação dos povos envolvidos em conflitos e é forte a generalização, com 22% de menções a índios, selvagens ou povos de várias etnias. Somente 2% identificam os índios Pataxós/ Hã hã hãe envolvidos em conflitos, os povos Tapajó, Kaiapó, Tupi e Yanomami são identificados aos conflitos, por 1% cada povo, entre os que relatam conflitos e ainda menções a regiões em que habitam, como povos do Xingu, da região do Xingu, de Altamira (1%) ou da região de Carajá, doPará (também 1%).

 

Dois terços dos que citaram conflitos não identificaram as etnias envolvidas (65%), ocorrência maior na região Sul e municípios da região metropolitana (73%).

 

Por outro lado, a menção aos adversários dos povos indígenas perante os conflitos mencionados é um pouco mais clara, com forte menção a fazendeiros (19%), brancos, genérico e sem identificação (13%) e governo Federal (9%). Madeireiros, indústria de madeira e celulose (5%) e mineradores e garimpeiros (4%) também foram identificados aos conflitos com indígenas.

 

A menção a fazendeiros e governo Federal e mineradores é mais marcada na região Centro-Oeste (32%, 17% e 12%, respectivamente). Menções mais genéricas, como os brancos é mais freqüente na região Sul (18%).

 

Os conflitos envolvendo índios não parecem marcados no tempo, de acordo como a opinião pública. Cerca de um quarto dos que os identificam afirmam que ocorreu a cerca de um ano (26%), dois a cada dez dizem que ocorreu há mais de 1 a 5 anos, 11% há mais de 5 a 10 anos e 15% há mais de 10 anos. Quase um terço porém não soube dizer desde quando está ocorrendo os conflitos que identificaram (29%).

 

A identificação de conflitos mais recentes é maior entre os residentes na região Norte e Nordeste (40% e 34%, respectivamente dizem que ocorre há um ano) e os da região Centro-Oeste identificam conflitos mais antigos (39% há mais de 5 anos). Os habitantes da região Sudeste e áreas metropolitanas, assim como os indígenas são os que mais têm dificuldade em precisar o tempo dos conflitos.

 

Perante os conflitos relatados, a maior parte da população considera que os indígenas possuem mais razão (63%), 4% dizem que quem tem razão é o governo e 3% os outros envolvidos.

 

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