No IV Congresso do PT a juventude petista (JPT) conquistou a reserva de 20% dos cargos de direção, em todos os níveis, para filiados com até 30 anos de idade; a autonomia política e organizativa estatutária da JPT; e o aporte financeiro, vinculado corretamente a um planejamento anterior da instância dirigente da juventude partidária, a ser aprovado pelo Diretório Nacional. Medidas que induzem à transição geracional de um PT que começa a envelhecer, e fazem jus à responsabilidade de um partido que governa o Brasil e quer seguir à frente de seu povo.

 

Já o II Congresso da Juventude do PT (II ConJPT), embora possa não ter indicado uma JPT organicamente de massas, mostrou ser capaz de envolver milhares de filiados jovens de Norte a Sul do país. Cabe agora à atual geração de lideranças decidir para onde levará essas condições favoráveis.

Dois cenários podem ser consolidados no desfechar do II ConJPT. Um que conduzirá a reserva de vagas para jovens nas direções partidárias a uma mera ocupação de cargos, com mais poder, a serem disputados pelos jovens militantes. E levará a autonomia política e organizativa à reprodução dos embates tradicionais internos ao PT, com recorte etário, em nível nacional e local; e o aporte financeiro para as atividades da JPT à criação de mais espaços de disputa e visibilidade individual para dentro do partido.

Outro cenário (e é neste que acreditamos) conduzirá a reserva de vagas para jovens nas direções partidárias como uma expressão do que os jovens petistas pensam sobre o Brasil e o PT – seus desafios, grandes temas e as formas de seguir mudando – por meio da atualização organizativa e programática correspondente à geração a quem caberá levar o petismo adiante.

As escolhas históricas de uma geração

Temos plena certeza de que se trata de uma oportunidade histórica. Não podemos entregar um legado pobre de política e dissociado dos desafios de uma juventude consciente de sua importância para as transformações do Brasil neste quadrante de bônus demográfico.

A primeira opção é de script fácil e conhecido: elegem-se delegados que se organizam em chapas, após as quais se contabiliza votos e proclama-se o resultado. Ela não deixa de ser legítima, embora carregada de consequências que se arrastam por toda uma gestão, sempre marcada pela divisão entre vitoriosos e derrotados.

A segunda opção é o que a realidade apresenta como possibilidade real de tornar o extraordinário cotidiano. Isso reside exatamente na imaginação e na capacidade criativa das atuais lideranças juvenis petistas, mais efetivas do que a relação entre as forças. Esse "compromisso geracional" precisa se valer da confiança, honestidade, sinceridade e protagonismo dos militantes da JPT – nos municípios, estados e no âmbito nacional – que conviverão juntos durante muitos anos dirigindo o PT e suas frentes de atuação.

Nunca houve um nível tão grande de consenso interno quanto à estratégia política: disputar eleições e conquistar espaços institucionais com alicerce nos movimentos sociais; promover reformas estruturantes no sistema político-eleitoral e tributário para criar as condições de ampliação do controle social, participação popular, voto programático, ação coletiva, universalização dos serviços públicos com qualidade; democratizar a mídia para construir uma opinião pública livre e realmente democrática, entre outros.

O consenso em torno da institucionalização de políticas públicas de juventude e seu incremento para potencializar as transformações sociais, econômicas, culturais e políticas, aproveitando o bônus demográfico, constitui-se o "recorte juvenil" deste grande acordo petista. A construção de alianças não é um mero objetivo pragmático, mas um meio de favorecer essa transição geracional partidária, revelando maturidade, unidade e capacidade das jovens lideranças em torno do seu próprio projeto.

Uma nova organização… De milhões!

Precisamos de um novo tipo de organização política condizente com a concepção de um partido de massas. O modelo congressual de hoje obriga que jovens que querem ter relações diferenciadas com o partido igualem-se a uma única opção possível, a de serem militantes orgânicos. Entretanto, o Estatudo do PT permite que seus filiados escolham a política partidária e suas direções, sem exigir um "padrão de militante". Exigir esse comportamento padrão é uma concepção de partido que não é a do PT.

A grande inovação é avançarmos para um PED da Juventude, com a eleição dos secretários em todas as esferas dentro das chapas concorrentes no PED geral do partido. Isso compromete e responsabiliza a juventude com o debate geral do partido, para além de ser uma “escola de dirigentes”. Além disso, compromete e responsabiliza o partido com o imprescindível debate geracional de renovação de quadros e lideranças internas e externas.

Eleger a representação da juventude nas direções dessa maneira está em sintonia com a concepção de um partido de massas, aberto à filiação de quem concorda com nosso projeto, exigindo dos jovens também capacidades de filiação, organização, mobilização, pressão e peso político na definição dos rumos partidários.

Quanto à eleição da direção da JPT, o processo se daria acompanhando o calendário do PED, mas em urna específica, com direito a voto apenas por filiados até 29 anos na data do pleito, pois é fundamental e até redundante que a direção da Juventude do PT seja composta e coordenada por jovens petistas.

A autonomia política e organizativa da JPT, desde que dentro dos pressupostos estatutários e das resoluções congressuais, seria preservada, encarando que o atual modelo congressual da JPT – com etapas municipais realizadas para eleger delegação e direção antecedendo as etapas estaduais e nacional – não tem servido à contaminação dessas etapas menores pelas disputas políticas eletivas, num processo dirigido de cima para baixo, com métodos questionáveis de organização de congressos municipais e composição de direções, tornando-as muitas vezes artificiais ou superficiais, com morte anunciada para logo após o término da disputa congressual.

Uma plataforma para a grande unidade

Conclamamos todos os militantes da JPT e as tendências que se organizam na Juventude a construírem essa grande pacto  geracional da Juventude do PT e apresentamos aqui algumas questões fundamentais para a síntese deste processo:

– Aprovar o PED da Juventude já em 2012 para eleger as secretarias municipais da JPT onde esse processo não aconteceu e definir o colégio eleitoral para o III ConJPT.

– Setorializar a estrutura da Juventude do PT no sentido de criar condições para uma organização de massas, legitimando articulações da juventude negra (JN13), sindical (JCUT), feminista, LGBT e ambientalista, incorporando atividades como encontros da JN13, encontro nacional da juventude trabalhadora, de mulheres jovens do PT e seminário de meio ambiente ao plano de trabalho da nova gestão. Além disso, assegurar assento permanente com direito à voz a esses setores na Executiva da JPT, conforme é hoje no Diretório Nacional. Esse movimento visa favorecer a transversalização do debate juvenil no PT, via setoriais, para a sociedade e governos.

– Instituir um GTE da JPT para mapear possíveis candidaturas jovens nas eleições de 2012, dentro de um processo de viabilidade interna delas como articulação de toda a Juventude, com cronograma previsto no plano de trabalho da nova gestão.

– Lançar a campanha de 1 milhão de assinaturas pela reforma política, a ser liderada pela Juventude do PT, promovendo debates e panfletagens em todo o Brasil, mobilizando os jovens brasileiros por esta bandeira, utilizando as ferramentas de envolvimento e divulgação das redes sociais, inclusive os instrumentos de petição eletrônica como o "Avaaz.org", com cronograma previsto no plano de trabalho da nova gestão.

– Organizar, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, uma 13a edição do seminário "Socialismo em Discussão", com o tema "A Juventude e o Socialismo". O objetivo é discutir a relação entre os jovens, o projeto petista e a construção do socialismo no Brasil, com contrapartida prevista no plano de trabalho da nova gestão.

– Para todo esse trabalho é fundamental o fortalecimento institucional efetivo da Secretaria Nacional de Juventude. Precisamos consolidar uma estrutura de gabinete da SNJPT, com assessoria política, de imprensa, partindo do patamar conquistado no final da gestão, profissionalizando a SNJPT e dando suporte para o trabalho de direção e do Secretário/a.

– Construir um calendário de encontros regionais da JPT dentro dos estados para fortalecer a organização territorial da JPT. E realizar reuniões itinerantes da executiva nacional da JPT para aproximar a gestão das direções estaduais e descentralizar as ações da JPT.

*Valdemir Pascoal é secretário da JPT

 

 

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