No último final de semana, o país tomou conhecimento de uma matéria de capa publicada na revista Veja nº 2232, na qual o ex-ministro José Dirceu é acusado de manter esquema de influência em Brasília. Ao mesmo tempo em que a revista chegava às bancas, o país também tomava conhecimento das táticas utilizadas pela revista para “checagem” de informações. Boletins de ocorrência atestam a forma anti-ética utilizada pela revista para confirmar sua pauta: tentativa de invasão de apartamento, alegações falsas para ter acesso ao apartamento do ex-ministro, e, no momento, investiga-se  se a revista também é responsável pela instalação das câmeras de segurança por meio das quais foram obtidas imagens de pessoas com quem José Dirceu teria se encontrado. A gerência do hotel já afirmou ao Vi o mundo, que as imagens não pertencem ao seu circuito interno. 

As manifestações em relação à matéria mostram que Veja extrapolou e ignorou os princípios básicos do jornalismo. Em seu blog, o ex-ministro e atual membro do Diretório Nacional do PT afirmou que a revista Veja violou direitos constitucionais, infringiu o Código Penal, ignorou o direito a julgamento, ignorou critérios jornalísticos e condenou previamente. No artigo “Veja” atenta contra os princípios democráticos ele publicou: "Reafirmo: Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, de qualquer partido, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades."  

O jornalista e deputado federal (PT/BA), Emiliano José disse hoje em discurso na Câmara dos Deputados (site PT na Câmara) que não há justificativa para esse comportamento da revista dentro dos padrões éticos do jornalismo e da convivência democrática. Quanto aos métodos da revista, Emiliano afirmou: "A Veja utilizou métodos nitidamente criminosos, contra a Constituição, para obter essa matéria. Isso, de modo nenhum se pode admitir, e a Nação brasileira é quem deve se insurgir contra esse tipo de coisa, como fez a nação inglesa ao se insurgir contra os crimes de Murdoch".

Acusado pela revista de ter se encontrado com José Dirceu, o deputado Cândido Vaccarezza pergunta: “Será que eles não aprenderam? Às vezes parece que falta um pouco de massa cinzenta, porque eles nos acusam de ter uma lógica de poder, o que é uma boa acusação. Porque quem tem lógica de poder vai trabalhar contra o seu governo?

Devanir Ribeiro, deputado federal pelo PT/SP, também falou sobre a matéria da revista ao Vi o Mundo: “Que matéria mais besta? Francamente não sei o que estão querendo com ela. Intrigar o Zé com a Dilma? Jogar a Dilma contra o Zé? Besteira! Dizer que o pessoal do PT frequenta o Naoum?! Vários parlamentares do PT que não têm apartamento funcional ficavam e ficam lá hospedados. Que o Zé faz política, qual a novidade?! É um direito dele. O Zé é um cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. É um quadro importante do PT  que fez parte das lutas democráticas do Brasil nas últimas décadas. É uma pessoa que eu respeito”.

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Sobre o assunto, leia os títulos da Editora Fundação Perseu Abramo:

Jornalismo jogado por terra
Simulacro e Poder: Uma Análise da Mídia

de Marilena Chaui

Jornalismo jogado por terra
Padrões de Manipulação na Grande Imprensa

de Perseu Abramo

 

Jornalismo jogado por terra
Mídia – Crise Política e Poder no Brasil

de Venício A. de Lima