As notícias não são boas. Primeiro veio a polêmica sobre a campanha da Duloren que resolveu convidar  o deputado homofóbico deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) para participar de um comercial de peças íntimas ao lado da transexual Ariadna integrante da última edição do Big Brother Brasil.

As notícias não são boas. Primeiro veio a polêmica sobre a campanha da Duloren que resolveu convidar  o deputado homofóbico deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) para participar de um comercial de peças íntimas ao lado da transexual Ariadna integrante da última edição do Big Brother Brasil.

Segundo O Globo o deputado declinou do convite mas recuou quando a fábrica de lingerie resolveu trocar a modelo por uma  mulher e divulgou que doaria o cachê para uma instituição de caridade. Ele queria aparecer. A Duloren queria polemizar e vender. O movimento LGBT (e as feministas) por meio das redes sociais articularam um boicote à Duloren.

A notícia de que a Duloren convidou o polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para ser garoto-propaganda movimentou a web e detonou a revolta de alguns internautas, que ameaçaram boicotar a marca. Hashtags chegaram a ser criadas no Twitter em sinal de protesto". (Ana Claudia Barros). O boicote parece que surtiu efeito. O presidente da Duloren, Roni Argalji em entrevista afirmou que "Quem ataca Bolsonaro na Duloren tem cabeça de ameba".

"Isso é iniciativa de gente que não tem opinião. Só porque eu, Roni, sou a favor ou sou contra ou não tenho opinião a favor ou contra vão me boicotar? Isso é coisa de gente com QI de ameba, gente burra, gente ignorante que não tem o que fazer. Uma pessoa, que tem sua opinião e sabe que o outro tem direito a seu pensamento, não vai entrar numa idiotice, numa infantilidade dessa".No meio da polêmica, quando nem bem o movimento LGBT se recuperava dessa, aí vem o Orgulho Hetero. A Câmara de São Paulo aprovou nesta 3a.feira 02 de agosto de 2011, o projeto de lei 294/2005 do vereador Carlos Apolinário (DEM) que institui o Dia do Orgulho Heterossexual. Ainda espera a sanção do prefeito Gilberto Kassab para virar lei. Se aprovado, a data será comemorada todo terceiro domingo do mês de dezembro e o texto diz que caberá à prefeitura de São Paulo "conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes".

O Brasil é um dos países que mais mata homossexuais. Todos os dias, basta um olhar rápido pelos principais jornais para ver a notícia de algum caso de homofobia no país. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB) "o Brasil é campeão mundial de crimes contra LGBT: um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e os Estados Unidos com 25". E certamente há uma subnotificação de dados. As pesquisas são baseadas em notícias da mídia, já que não existem informações oficiais sobre esse tipo de crime no Brasil. 

Segundo O Globo, "De acordo com pesquisas realizadas nas paradas gays de Rio, São Paulo, Recife. Porto Alegre e Belém, entre 2003 e 2008, pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, o número de homossexuais agredidos e/ou discriminados nessas regiões não é inferior a 59,9%. Em Pernambuco, 79,8% disseram ter sido agredidos. E, em São Paulo, 72,1% foram vítimas de discrminação".

Andar de mãos dadas, demonstrar carinho e intimidade são motivos para que casais homossexuais sejam agredidos, humilhados e até assassinados.

Por isso, eu digo: esse Dia do Orgulho Heterossexual é a legitimidade da homofobia.

 
 

Sobre o tema, conheça:

– Pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil: Intolerância e respeito às diferenças sexuais", realizada em 2009 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung (RLS).

– Livro "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil", de Gustavo Venturi e Vilma Bokany (Orgs.), publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo, em 2011