Finalmente algum jornal mineiro tratou do caso de agressão e racismo contra o ator mineiro Alexandre de Sena em Blumenau. O jornal o Tempo, em materia de Daniel Barbosa, exatamente uma semana depois na seção Blequitude. Ele foi agredido na madrugada de 14 de julho num posto de gasolina por dois PMs com socos, chutes e coronhadas de escopetas e, o que é mais grave, com agressões verbais de racismo.

Finalmente algum jornal mineiro tratou do caso de agressão e racismo contra o ator mineiro Alexandre de Sena em Blumenau. O jornal o Tempo, em materia de Daniel Barbosa, exatamente uma semana depois na seção Blequitude. Ele foi agredido na madrugada de 14 de julho num posto de gasolina por dois PMs com socos, chutes e coronhadas de escopetas e, o que é mais grave, com agressões verbais de racismo.

O ator participava do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau. A agressão repercutiu fortemente nas redes sociais, mas passou em brancas nuvens na imprensa mineira. Felizmente o Tempo registrou o fato.

Alexandre foi covardemente agredido e teve a lucidez de não reagir. Mas teve conduta exemplar; junto com os indignados participantes do FITUB fez o exame de corpo de delito em um hospital privado e no IML; foi à corregedoria da PM, pediu providencias legais polícia civil; e denunciou ao Ministério Publico os abusos.

Recebi o relato pormemorizado que ele elaborou, falei com ele no dia seguinte, solidarizando-me e elogiando sua conduta de exigir a apuração das responsabilidades. Ele está tendo o apoio de um numero enorme de pessoas que estão cobrando do governo de Santa Catarina atitudes cabíveis.

De minha parte encaminhei o caso à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e aos deputados do PT eleitos em Blumenau, Décio Lima e Ana Paula, federal e estadual. O próprio comandante geral da PM-SC comprometeu-se através do twitter a tomar as providencias.

Importante também a atitude do pessoal da cena cultural mineira que já mostrou que não vai aceitar passivamente atos de estupidez, especialmente praticados por policiais, como no caso do assassinato de dois cidadãos no aglomerado. No caso de Blumenau os dois policiais mancharam a imagem da PM-SC que estimula, ensina o respeito aos direitos humanos. Por isso mesmo a instituição não pode ter reação corporativista.

Agressão em Blumenau

Falei com Alexandre de Sena sobre a agressão sofrida por ele em Blumenau. Os policiais violentos chegaram ao posto da loja de conveniência de forma agressiva. Os 60 jovens que vinham do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau não faziam algazarra nem faziam uso de som. Era só o barulho do vozeiro alegre.

Ordenaram que todos saíssem. Alexandre ficou para aguardar os dois amigos hospedados no mesmo hotel que compravam algo para comer no hotel. Um policial lhe disse "vaza negão". Alexandre disse que esperava os dois companheiros e o policial deu-lhe um tapa no ouvido. Ele protestou e questionou a ausência da tarja de identificação. O policial deu-lhe socos e chutes. Quando o outro se aproximou, Alexandre pediu-lhe que barrasse a agressão injustificada. Este foi à viatura e voltou com uma escopeta que usou para agredir Alexandre. Ele foi saindo, de costas, para deixar claro que não estava reagindo às agressões. Seus dois amigos saíram da loja e foram conversar com os dois policiais. Com eles, brancos, os PMs conversaram.

O azar dos PMs é que eles agrediram um cidadão cônscio de seus direitos. A placa da viatura foi fotografada, a agressão foi na madrugada de ontem, 13 de julho. Alexandre foi a um hospital particular para fazer o laudo.

Ontem, os participantes do festival caminharam do teatro Carlos Gomes ao IML. Foram à Corregedoria e ao Ministério Público e à Policia Civil.

Disse à Alexandre que ele fez o certo. Não se intimidou, portou-se de forma serena e digna. Adiou sua volta de hoje, dia 14, para amanhã, dia 15, para levar o caso às autoridades encarregadas de apurar abusos. Tem a minha solidariedade e admiração.

*Nilmário Miranda é ex-ministro de Direitos Humanos e presidente da Fundação Perseu Abramo.

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