Atualizado em 08/6/2011, às 17h00

Faleceu ontem, 07/6, no Incor em São Paulo, o militante petista Cleodon Silva, ex-integrante do Movimento de Oposição Sindical dos Metalúrgicos de São Paulo – MONSP na década de 1980 e que na atualidade se dedicada à juventude da periferia paulistana, em especial na área de inclusão digital.

Silva, como era conhecido, foi fundador do Instituto Lidas, que trabalha com geoprocessamento, cruzando os dados oficiais de cidades com os conhecimentos locais, produzidos pelas comunidades. Ali ele criou conceitos como as Unidades de Planejamento Participativo, a Base comum de conhecimento cidadão e a Cooperativa de Logística Urbana – Cooplurb, entre outros, nos quais os moradores das diversas localidades podem interagir adicionando informações que considerem relevantes para sua comunidade e o poder público pode buscar informações para geração de políticas públicas locais.

Em outubro de 2010, Cleodon participou de uma das rodas de prosa promovidas pelo site Dilmanarede e pela Secretaria Nacional de Cultura do PT, falando sobre a importância da internet  e do software livre para a criação de territórios livres e uma real inclusão digital. Veja uma parte de sua participação no vídeo "A Revolução Digital pelo software livre".

O corpo de Silva será velado no Velório do Cemitério do Araçá das 13hs às 15hs de hoje e em seguida será cremado no Crematório da Vila Alpina.

 


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Leia abaixo nota de Vito Gianotti*, coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação, sobre Cleodon Silva

EPITÁFIO SILVA

Em 1971, desembarcou na velha rodoviária de São Paulo um dos milhões de nordestinos que deixavam Pernambuco rumo ao Sul Maravilha. A maravilha que Cleodon buscava era a revolução, a grande Revolução Socialista. Na sua mala de couro trouxe duas armas, que o acompanharam por longos anos até ser trocadas pela Internet: uma velha máquina de escrever e um reco-reco, espécie de mimeógrafo artesanal. Com este arsenal iria se integrar à luta da Oposição Sindical Metalúrgica para lutar contra os patrões, os pelegos seus capachos e aliados e contra a Ditadura instalada a serviço do capital. Passou a lutar no dia-a-dia com os companheiros de trabalho.  Foi ser inspetor de qualidade, mas sua paixão era outra: organizar os trabalhadores para enfrentar seus três inimigos, a Ditadura, os patrões e os pelegos. Para isso foi da coordenação da Oposição Metalúrgica e lá sua obsessão sempre foi organizar grupos e Comissões de Fábrica, um passo, mesmo distante de seu verdadeiro sonho: chegar à constituição de Soviet, no caminho de uma sociedade comunista.

Com seu reco-reco e depois em gráficas e finalmente nas páginas eletrônicas continuou a escrever cordéis, jornais e mil estudos sem nunca desviar do seu sonho central, os soviets.

Vá Silva, seu visionário com olho de águia! Foi muito bom ter passado pela terra. Lembraremos de você.

*Vito Giannotti foi metalúrgico, em São Paulo, junto com Cleodon Silva. Hoje, é coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação.