A Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC realizou uma pesquisa em agosto de 2010 e entrevistou 2.365 mulheres e 1.181 homens com mais de 15 anos de idade, em 25 unidades da federação, atingindo as áreas urbanas e rurais de todas as macrorregiões do país. Entre os temas que a pesquisa abordou, estão: percepção de ser mulher: feminismo e machismo; divisão sexual do trabalho e tempo livre; corpo, mídia e sexualidade; saúde reprodutiva e aborto; violência doméstica e democracia, mulher e política. 
 
O resultado não é exatamente surpreendente. Mostra melhorias significativas na situação da mulher brasileira, mas ao mesmo tempo nos alerta para "o longo caminho a percorrer na valorização e na inserção da mulher na sociedade."
 
A margem de erro da pesquisa é entre 2 e 4 pontos percentuais para mulheres e entre 3 e 4 pontos para os homens, em ambos o intervalo de confiança é de 95%.
 
                                                                                                                                                      

A pesquisa da Fundação Perseu Abramo é extremamente importante, pois aponta vários caminhos e ajuda a pensar políticas públicas para as mulheres especialmente para a igualdade de gênero. 
Vários aspectos abordados chamam a atenção, entre eles o que se refere à Aids, considerando a feminização da epidemia já que desde 1992 o número de mulheres infectadas pelo HIV vem crescendo, o que mostra que as ações preventivas não estão sendo suficientes para barrar o avanço da Aids entre a população feminina.
Segundo o estudo, ao serem questionadas sobre o uso da camisinha, 88% das mulheres disseram não usar o preservativo na última (mais recente) relação por terem um relacionamento estável. E quanto às razões do não uso da camisinha: 32% por confiança (confiam um no outro); 30% porque usa outro método contraceptivo ou porque não engravida mais; 21% porque tem relação estável e 21% porque não tem costume.
 
 
Estimativas do Ministério da Saúde indicam que existem hoje no Brasil cerca de 630 mil pessoas vivendo com o vírus da Aids. Deste total, 255 mil nunca fizeram o teste e não sabem que estão infectadas.
 
Considerando que nós vivemos numa sociedade extremamente machista, que ampara e legitima as relações extra-conjugais dos homens, esse dado é no mínimo preocupante.
 
Quantas mulheres sabem das ‘escapadas’ que os seus homens dão por aí? Sem contar que mesmo sem se admitir bissexual, muitos homens também tem relação sexual com outros homens.
 
A dificuldade em negociar o uso da camisinha é relatado por muitas mulheres, de diferentes classes sociais e região do país. Os homens não querem, não gostam, não tem costume. Muitos sequer admitem a possibilidade de introduzir o preservativo como rotina da relação sexual.
 
A feminização da Aids é um fenômeno crescente, preocupante para gestores, profissionais de saúde, epidemiologistas e também para os movimentos feministas. 
 

É preciso falar sobre a necessidade do uso da camisinha. É a única maneira de prevenir as Doenças Sexualmente Transmissíveis, especialmente a Aids.
 
É preciso encorajar as mulheres e ao mesmo tempo conversar com os homens sobre a necessidade de usar a camisinha. Esclarecer que uma relação sexual sem o uso do preservativo pode trazer consequências irreversíveis. Falar sobre isso nas escolas, nas comunidades, nos grupos de jovens e nos movimentos sociais.
 
É fundamental problematizar a submissão, a passividade e certos tabus que são perpetuados pela sociedade, tornando as mulheres vulneráveis à epidemia.
 
Vale a pena conferir o perfil da mulher brasileira e as mazelas que ainda temos a superar.
 
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