Foro de SP: Para Lula, um verdadeiro furacão de democracia passou pela América Latina
Lula volta ao Foro de São Paulo e se compromete e ajudar os partidos e movimentos sociais da América Latina e do Caribe, a partir de sua experiência à frente da presidência do Brasil.
Foto: Reiko Miura
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem, 19/5, do Foro de São Paulo e fez uma retrospectiva sobre os 21 anos do mesmo, do qual foi um dos idealizadores, e falou sobre o papel da esquerda e dos partidos políticos nos processos políticos da América Latina e do Caribe. Lula homenageou os líderes da esquerda na pessoa do já falecido Schafik Jorge Handal Handal, fundador e dirigente da Frente Farabundo Marti de Libertação (FMLN), de El Salvador.
Para Lula, a esquerda latino-americana e caribenha amadureceu nos últimos 21 anos, tempo de existência do Foro de São Paulo. No início, segundo ele, havia certa desconfiança entre os líderes da esquerda, mas hoje há exemplos práticos que demonstram que a organização da esquerda e a solidariedade entre os países ajudaram a superar esses obstáculos. Lula citou o educador brasileiro Paulo Freire, que dizia que "É preciso juntar os diferentes para derrotar os antagônicos" .
"Um verdadeiro furacão de democracia passou pelo nosso continente", disse Lula, que afirmou que em 2002, na América do Sul, só havia Hugo Chavez na presidência da Venezuela, mas em seguida, assumiram Néstor Kirchner na Argentina, Fernando Lugo no Paraguai, Tabaré Vasquez no Uruguai, Rafael Correa no Equador e Evo Morales na Bolívia. Ele falou sobre a importância das lideranças de esquerda que não se deixaram abater pelas derrotas eleitorais e citou seu próprio exemplo. Citou também o exemplo de Daniel Ortega, que convocou eleições democráticas e perdeu. "Mesmo derrotado quatro vezes antes de assumir a presidência da Nicarágua, Daniel nunca deixou de acreditar que o caminho dos sandinistas era o mais acertado", concluiu Lula, afirmando que a Frente Sandinista de Libertação Nacional é a demonstração mais viva dessa disposição de luta das esquerdas do continente.
O ex-presidente falou sobre sua experiência no Brasil, sobre os programas implementados em seu governo e a incidência deles na vida da população brasileira. Ele disse ainda, que a política adotada em seu governo rompeu com certezas incutidas pelos governos anteriores e mostrou que é possível distribuir para fazer a economia crescer, combinar importações com exportações, aumentar e valorizar o salário mínimo sem provocar inflação. Essa experiência, segundo Lula, pode ser adotada em outros países da América Latina e do Caribe e se dispôs a fazer esse debate com os partidos e movimentos que integram o Foro.
Partidos políticos
Lula disse que pela quantidade de governos que a esquerda tem hoje, se faz necessário o fortalecimento dos partidos e a discussão sobre como promover esse fortalecimento, como construir alianças políticas e como ganhar eleições.
Para exemplificar a importância de partidos e movimentos sociais fortes, ele citou a chegada de candidatos à presidência antes impensáveis: "Quem imaginaria que teríamos duas mulheres dirigindo economias tão importantes como as do Brasil e da Argentina; que teríamos um índio presidindo a Bolívia; que um metalúrgico poderia chegar à presidência do Brasil?
Lula concluiu sua intervenção no Foro de São Paulo afirmando que as esquerdas tem como provar que tem condições de governar com mais competência que a direita.