Partidos progressistas e as respectivas fundações partidárias estiveram reunidos com o ex-presidente Lula, nesta segunda-feira (16/05), em São Paulo para debater os pontos consensuais do grupo sobre a reforma política. A grande imprensa, no entanto, não contou o que aconteceu de fato neste encontro, distorcendo seu resultado. Nilmário Miranda, presidente da FPA, em entrevista ao portal da Fundação, esclarece o que foi discutido nesta reunião.

Portal FPA – Quem participou da reunião com Lula?

Nilmário Miranda – (O governador de Pernambuco) Eduardo Campos (presidente do PSB), acompanhado do vice-presidente Roberto Amaral e do presidente da Fundação João Mangabeira, Carlos Siqueira; presidente do PCdoB, Renato Rabelo, acompanhado pelo presidente da Fundação Mauricio Grabois, Adalberto Monteiro; deputado Brizola Neto (vice-presidente do PDT); nós da FPA e o presidente do PT, Rui Falcão; e com o Lula o Luiz Dulci. O tema central foi a reforma política e a imprensa não entendeu o significado e a importância deste encontro e minimizou o fato.

Portal FPA -Qual era o principal objetivo do encontro neste momento?

Nilmário Miranda – O principal objetivo era buscar consensos em torno da reforma política, o resultado a que se chegou não é pouca coisa. Primeiro ponto: defesa do sistema proporcional para eleições parlamentares, ponto que foi reforçado pelos partidos para a imprensa após o encontro. No entanto, a imprensa divulgou que os partidos vão estudar outras questões como o voto distrital, isto está fora de cogitação, quem é a favor do voto proporcional é contrário ao distrital. Segundo: sobre o financiamento público exclusivo de campanha – isso é fundamental porque vai remeter à discussão de como fazê-lo, como compatibilizar o financiamento exclusivo com o sistema de voto, com o sistema político-eleitoral. Três partidos defenderam o sistema de lista: o PT, o PDT e o PCdoB, busca-se um consenso aí. O terceiro ponto foi a defesa do voto como dever de participação e um direito, no país é essencial manter esse modelo de participação de massas, um dos poucos momentos que a população intervem na política do país. O quarto ponto foi a fidelidade partidária e programática. E o quinto ponto foi a defesa da democracia participativa, de avançar nesse processo, seja com o aperfeiçoamento do projetos de iniciativa popular, como também sua tramitação, ou com outros mecanismos como as conferências nacionais. Também tornar mais frequente para a população a realização dos plebiscitos e referendos.

Portal FPA -Como será a atuação das fundações partidárias nessa mobilização pela reforma política?

Nilmário Miranda – As fundações farão estudos sobre o financiamento público e suas possibilidades, uma vez que é tema difícil de colocar em prática, porque o financiamento deve ser do partido e não das pessoas, para ter algum tipo de controle. E a reunião teve uma importância enorme, não só porque depois de muitos anos está sendo retomada uma prática das reuniões frequentes entre Lula, (Miguel) Arraes, Brizola e o pessoal do PT – e porque também serão procurados outros partidos da base aliada histórica, algo que começou em 1989, e se repetiu em várias eleições. E todos são partidos que têm base social, vínculos com sindicatos, movimentos estudantis, movimento negro, camponeses, têm vínculos múltiplos com a sociedade. E contam com a compreensão de que uma reforma política só se concretiza se tiver uma mobilização social, pelo menos, dos setores organizados da sociedade brasileira – que são muito amplos.

Portal da FPA – Quais serão os próximos encaminhamentos?

Nilmário Miranda – Ficou combinado que esses partidos vão se encontrar regularmente e vão aprofundar a discussão sobre a reforma política, assim que sair o relatório do Henrique Fontana (PT), da Comissão Especial sobre a reforma na Câmara, as fundações deverão se reunir de novo. É um ponto de partida para um processo muito mais amplo.