Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, foi absolvido em júri popular na tarde desta terça-feira (5), no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista. No segundo dia de julgamento, a decisão foi conhecida. O promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação, havia defendido a inocência do líder do movimento de moradia, classificando como "temerária" uma conduta diferente.

Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, foi absolvido em júri popular na tarde desta terça-feira (5), no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista. No segundo dia de julgamento, a decisão foi conhecida. O promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação, havia defendido a inocência do líder do movimento de moradia, classificando como "temerária" uma conduta diferente.

A sessão do júri popular, iniciada na segunda-feira (4), foi acompanhada por vereadores, deputados e um senador. Gegê é membro do Movimento de Moradia no Centro (MMC) e da Central de Movimentos Populares (CMP). A acusação é vista como "política" e uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais.

Em 2002, Gegê foi acusado de dar carona ao assassino de um homem que morava no acampamento sob coordenação do MMC. Na maior parte desse período, o ativista teve momento de foragido, e se diz condenado por ter sido impedido de viver com dignidade nos últimos oito anos.

Após a sentença, Gegê afirmou que vai precisar se preocupar com a própria segurança por ter inimigos nas ruas. Claramente entristecido apesar do resultado, ele explicou que teme agora pela própria vida e não sabe ainda exatamente o que vai fazer. "Estou em liberdade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durente o processo. O caso todo mostra que houve interesses e pessoas que quiseram me incriminar", avisa.

Para o ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, o julgamento foi positivo, mas não há lugar para uma "explosão de alegria". "Gegê passou por uma odiosa perseguição por nove anos em que se configurou uma armação policial para criminalizar os movimentos sociais. Armação esta com repercussão judicial", critica. Ele lembra que esse tipo de fato tira anos das pessoas e dos movimentos, ao jogá-los na clandestinidade. "O caso mostra o quanto o Judiciário precisa avançar", pontua.

Adriano Diogo (PT-SP), deputado estadual, lamentou a demora no julgamento do caso. "O inocente ficou ‘condenado sem julgamento’ por esse tempo todo e sequer a polícia foi atrás do mandante".

Durante a sessão do júri, além do parecer de Tardelli, o advogado de defesa Guilherme Madi pediu absolvição lembrando que havia uma disputa entre Gegê e figuras associadas ao tráfico de drogas dentro do acampamento. O interesse desse grupo em encriminá-lo era permitir o controle do acampamento. Gegê estava associado a uma postura contrária à circulação de entorpecentes no local, o que gerou inimizades.