Lélia Abramo 100 anos: ciclo de leituras dramáticas e de cinema na programaçãoO nosso mundo é tão cheio de quebras, capitulações, deserções, omissões e tudo mais, que conforta ler a narrativa de uma vida como a de Lélia Abramo, que nunca vergou a espinha, nunca sacrificou a consciência à conveniência e desde muito jovem se opôs à injustiça da sociedade.  Prefácio de “Vida e Arte – Memórias de Lélia Abramo”, de Antonio Candido, lançado e editado pela Editora Fundação Perseu Abramo.

Dando continuidade às comemorações do centenário de Lélia Abramo, o Ministério da Cultura – MinC, em parceria e com apoio da Fundação Perseu Abramo, inicia no próximo dia 04 de abril (segunda-feira), às 20h, ciclo de leituras dramáticas de textos interpretados pela atriz e militante política.

Sob a direção e a curadoria do dramaturgo Chico de Assis, do Seminário de Dramaturgia do Arena – SEMDA, o evento reunirá quatro textos que marcaram a carreira de Lélia e ajudaram a consolidar uma nova dramaturgia e um pensar teatral brasileiro. Todas as segundas-feiras atores e artistas, que participaram da cena paulistana, se revezarão em leituras de textos de autores nacionais e internacionais, como Gianfrancesco Guarnieri, Samuel Beckett, Bertolt Brecht e Tennessee Williams. “Homenageá-la é recordar um momento decisivo do teatro brasileiro”, afirma o dramaturgo Chico de Assis.

Montagem antológica do teatro brasileiro, “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, escrita e encenada no ano de 1958 abre a temporada de leituras. Peça emblema da fase social do Teatro de Arena, sob o olhar do diretor José Renato, “Eles Não Usam Black-Tie”, ao propor um recorte dramático da história do jovem Tião e seu impasse entre as lutas grevistas e a vida familiar, coloca pela primeira vez em cena a figura do operário.

Aberta ao público e gratuitas, as leituras seguem com “Esperando Godot”, clássico de Samuel Beckett e encenado por Antunes Filho em 1977 (11/Abril), “Mãe Coragem e seus filhos”, do alemão Bertolt Brecht (18/Abril) e o drama “À Margem da Vida” (25/Abril), do norte-americano Tennessee Williams.

As comemorações do centenário
Iniciado com uma homenagem no dia 08 de fevereiro deste ano, o “Centenário Lélia Abramo”, contou com a participação de artistas, militantes, políticos, autoridades, intelectuais e admiradores do trabalho da atriz, em um ato no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Em 14 de fevereiro, na Galeria Olido (SP), foi realizado o “Sarau Femina Arte”. Após o Ciclo de Leituras Dramáticas, as saudações à vida e ao legado de Lélia seguem com uma Mostra de cinema em maio na Cinemateca Brasileira e o lançamento da segunda edição do livro “Arte e Vida – Memórias de Lélia Abramo”, de Antonio Cândido, pela Editora Fundação Perseu Abramo e a Imprensa Oficial. 

Sobre Lélia Abramo
Filha de imigrantes italianos nasceu em São Paulo no dia 8 de fevereiro de 1911. Estreou profissionalmente nos palcos aos 47 anos, na peça “Eles Não Usam Black-Tie” (1958), na primeira montagem do texto histórico de Gianfracesco Guarnieri. Durante sua vida artística, participou de 27 novelas, atuou em 14 filmes e mais de 40 teleteatros. Morou na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1938 e 1950, período em que participou ativamente do movimento de resistência. No Brasil, a partir de 1978 presidiu o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de São Paulo (SATED), através do qual contribuiu para a regulamentação da profissão de ator. Junto a artistas e outros trabalhadores, lutou pela redemocratização do país e foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), sendo este um dos palcos de sua militância partidária. Faleceu aos 93 anos, em São Paulo, no dia 11 de abril de 2004. Como fruto do reconhecimento pela vida e pela arte de Lélia Abramo, o Ministério da Cultura, com a presença da Ministra de Estado da Cultura Ana de Hollanda, comemorou a data de seu nascimento em seu espaço simbólico, o Teatro de Arena.

Programação:

Leituras dramáticas
Segundas-feiras de abril, 20hs
Teatro de Arena Eugenio Kusnet – Rua Dr. Teordoro Baima, 94 – consolação

4/04 – Eles Não Usam Black-tie
11/04 – Esperando Godot        
18/04 – Mãe Coragem e Seus Filhos   
25/04 – À Margem da Vida       

Direção geral: Chico de Assis (Seminário de Dramaturgia do Arena-SEMDA)

Mostra na Cinemateca
Filmes:
4/05 – O Caso dos Irmãos Naves (Dir: Luiz Sergio Person, 1967)       
11/05 – O Comprador de Fazendas (Dir: Alberto Pieralisi, 1974)       
18/05 – Vereda da Salvação ( Dir: Anselmo Duarte, 1965)           
25/5 – Cléo e Daniel (Dir: Roberto Freire, 1970)               

Além da programação acima, haverá exposição integrante do centenário Lélia Abramo, com curadoria do historiador dainis Karepovs.

Com informações Baobá Comunicação, Cultura e Conteúdo