Aberto o Fórum Social das Américas no Paraguai
O Fórum Social das Américas foi aberto com uma longa marcha de mais de 5 quilômetros – de fato se marchou duas horas e meia – até o centro da cidade, onde ocorreu a cerimônia inaugural, em frente ao Palácio Presidencial. A tônica mais forte foi dada pela presença de várias centenas de bolivianos, representantes dos distintos movimentos indígenas, com suas roupas, suas músicas, suas bandeiras. Um total de dez mil pessoas participaram da marcha, a metade, paraguaios, os outros provenientes de mais de 20 países de toda a América.
Hoje se iniciam os debates gerais do evento, que se realiza no Conselho Nacional dos Esportes. As atividades giram em torno de 6 eixos temáticos:
– Dimensões e desafios dos processos de transformação no hemisfério: posneoliberalismo, integração, socialismos, bom biber, mudanças civilizatórias.
– Estratégias de militarização e de dominação imperial e alternativas de resistência dos povos.
– Defesa e transformação das condições e modos de vida frente ao capitalismo degradador. A Soberania Alimentícia como núcleo de novos equilíbrios de vida.
– As disputas hegemônicas: comunicação, culturas, conhecimentos, educação.
– Povos e nacionalidades indígenas originários e afrodescendentes: o desafio das plurinacionalidade.
– Memória e justiça histórica.
Todos os eixos são cruzados pela transversalidade dos temas de igualdade de gênero e de diversidades. Todos os dias, até o dia 14, são marcados por grande quantidade de atividades autogestionadas, com uma enorme diversidade de temas. Alguns painéis articulam o conjunto de temas, nos dias 12 e 13, abordando as questões centrais do programa.
A atividade mais importante se dará em um grande ginásio, o Polidesportivo, sobre Soberania e Integração: Nossa América está a caminho. Está prevista a participação de Evo Morales e de Fernando Lugo, condicionada agora à possibilidade de que Lugo retorne a tempo dos exames e começo de tratamento que faz no Brasil.
O Fórum coincide com os dois anos do governo de Lugo, que enfrentou todo tipo de dificuldades até aqui, sobretudo porque não tem maioria no Parlamento. Os movimentos sociais e os grupos de esquerda não acreditavam que fosse possível derrotar eleitoralmente o Partido Colorado.
Só se apresentaram para as eleições no último momento e concorreram divididos, o que fez com que ainda que pudessem pela votação que tiveram, eleger a cinco ou seis vezes mais parlamentares, elegeram apenas dois.
Lugo governou cercado, inclusive dentro do governo, onde o vice-presidente é da ala mais direitista do Partido Liberal, que se aliou a ele contra o Partido Colorado. Neste momento Lugo ganhou mais força e se espera que possa superar a doença que enfrenta, para dar uma virada decisiva no seu governo, que ainda dispõe de 3 anos para levar a cabo as transformações – sobretudo no campo – que possam avançar na construção de uma sociedade paraguaia menos injusta.
A realização do Fórum no Paraguai contribui para o debate de vários dos temas enfrentados pelo governo Lugo e serve também para expressar o apoio que têm na região.
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