O Centro Sérgio Buarque de Holanda (CSBH) da FPA acaba de lançar na internet a versão em PDF do Guia de seu acervo.

Gratuito, o Guia do Acervo sistematiza o material oferecido pelo CSBH em seu arquivo, que conta a trajetória do Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira ao longo dos últimos 40 anos.

O Centro Sérgio Buarque de Holanda (CSBH) da FPA acaba de lançar na internet a versão em PDF do Guia de seu acervo.

Gratuito, o Guia do Acervo sistematiza o material oferecido pelo CSBH em seu arquivo, que conta a trajetória do Partido dos Trabalhadores e da esquerda brasileira ao longo dos últimos 40 anos.

O CSBH dedica-se à preservação e ao tratamento do arquivo histórico do Diretório Nacional do PT, bem como sua disponibilização pública. Seu acervo é aberto a consulta, e é referência para a produção de pesquisas acadêmicas, textos jornalísticos e artigos.

Compilado ao longo de um ano e meio de trabalho, o Guia do Acervo pode ser baixado no Portal FPA. Para falar mais sobre a publicação, entrevistamos o coordenador do Centro Sérgio Buarque de Holanda, o historiador Dainis Karepovs.

O que é o Guia do Centro Sérgio Buarque de Holanda?

Dainis Karepovs: Quanto ao conceito, esse tipo de guia é uma espécie de publicação técnica necessária a todo arquivo. Ele serve, basicamente, como uma orientação global sobre o conteúdo de cada instituição. Não chega a ser um instrumento detalhado, que diga exatamente cada item do arquivo.

Com o guia disponível, qualquer pesquisador sabe que, numa massa de documentos, pode (ou tem a chance de) encontrar o que busca. É como um catálogo não muito detalhado do que há em cada arquivo.

No caso do Centro Sérgio Buarque de Holanda, o Guia explica o nosso conteúdo – que, no caso, tem como acervo principal a documentação do Diretório Nacional do PT. Além dela (que é significativa numericamente), há diversos outros conjuntos de documentos (que chamamos, entre outros nomes, de “fundos”) que também integram nosso acervo de modo complementar.

É bom lembrar que o CSBH foi criado com a função de preservar a memória do PT e também das forças e agrupamentos de esquerda que fizeram parte do processo inicial de construção do partido, com ele contribuindo.

Quem produziu o Guia, e quanto tempo levou sua sistematização?

Esse trabalho foi feito pela equipe técnica do CSBH, coordenada por Carlos Menegozzo, que é o responsável técnico pela organização da documentação. O esforço levou cerca de ano e meio. Isso porque, mesmo tendo como meta a produção do guia, também aproveitamos para organizar uma série de documentos que estavam dispersos e não corretamente descritos. No processo foram feitos, portanto, dois trabalhos: o guia em si e uma organização mais racional, tecnicamente competente, para o CSBH.

Qual o período contemplado pelo acervo do CSBH?

Ele abrange uma documentação que vai de meados dos anos 1960 até os nossos dias. O grosso desses dados acompanha a história do PT, de 1978 para cá. Uma parte dessa documentação está em tratamento técnico, mas há um conjunto significativo disponível para consulta.

Como foi distribuída sua tiragem impressa?

Nós optamos, no caso do Guia, por fazer uma tiragem em papel cuja distribuição consideramos conveniente orientar para os arquivos públicos, as bibliotecas de universidades públicas pelo Brasil todo, e  instituições similares ao CSBH. Isso, tendo em conta a maneira como essas instituições ainda hoje se organizam. Uma outra parte, menor, foi destinada para instâncias do PT, como os vários diretórios estaduais, os corpos dirigentes do partido.

Nosso alvo principal, porém, é a disponibilização do Guia do Acervo por meio digital, de modo a permitir que os consulentes, os interessados em pesquisar nosso acervo, tenham já de antemão a possibilidade de saber se a documentação que buscam estaria aqui. Isso ajuda muito o pesquisador, saber se a instituição possivelmente teria o exato documento ou o conjunto de dados buscado em suas pesquisas.

Caso alguém tenha interesse em pesquisar algum item e pretenda acessar o acervo do CSBH, como proceder?

Nesse caso, orientamos as pessoas a nos enviarem um email para [email protected], solicitando uma agenda para que possam vir pesquisar a documentação. Vemos a possibilidade de atendimento, a encaixamos em nosso horário e a atendemos aqui na instituição.

Nosso acervo ainda não é digitalizado ao ponto de permitir que as consultas sejam feitas à distância. Há a perspectiva de o digitalizarmos em sua totalidade, mas no momento ainda não temos como oferecer esse tipo de acesso.

Há outros pontos que gostaria de enfatizar a respeito do Guia?

O Guia é importante porque há o sentimento, em várias instituições semelhantes à nossa (e que também lançaram seus guias) de se olhar historicamente a questão da conservação da memória – e, particularmente, a da Esquerda. Vemos hoje instituições dedicadas a essa preservação. Até os anos 1990 do século passado, isso não existia com muita intensidade. Isso, por conta uma cultura histórica, já no Brasil as organizações e agrupamentos de esquerda por vezes foram lançadas à clandestinidade, etc.

Apenas neste momento, quando se verificou a solidez de nossas instituições e da estrutura constitucional e legal do sistema político brasileiro, as pessoas passaram a ter mais segurança. E hoje não há mais a preocupação de guardar dados que acabavam sendo de posse individual, os arquivos que os antigos militantes conseguiam preservar ao longo de vários anos fugindo da polícia, escondendo os documentos.

Há instituições como o CSBH, o Arquivo Edgard Leuenroth da Unicamp, e várias outras que, ainda que não citadas aqui, são muito importantes. As pessoas veem a importância de documentar essa história. Preservar essa memória não é mais um projeto individual, uma coisa pessoal. Percebe-se o papel dessas instituições nessa preservação, e isso é algo muito importante.

Do mesmo modo que o Guia do CSBH mostra nosso acervo para os pesquisadores em geral, também deixa clara a preocupação do PT de preservar sua memória e disponibilizá-la a todos que se interessam. O que, em termos rigorosos, ainda é algo incomum no que tange a partidos políticos.

Por fim, e também, aproveitando a oportunidade, gostaria de divulgar ao público que o CSBH segue disponível – e já a agradece de antemão – quaisquer futuras doações de material histórico.

Equipe de Comunicação – Portal FPA

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