A internet democratiza o acesso à informação e quebra o monopólio dos grupos que controlam a imprensa brasileira. A avaliação é do jornalista Luiz Nassif, que participou ontem da gravação do programa “Brasilianas.Org”, da TV Brasil. “Há algum tempo, o fluxo de informações dependia de um sistema centralizado, muito fechado. Eram apenas cinco ou seis órgãos de imprensa. A internet rompe esse modelo centralizador”, disse.

A internet democratiza o acesso à informação e quebra o monopólio dos grupos que controlam a imprensa brasileira. A avaliação é do jornalista Luiz Nassif, que participou ontem da gravação do programa “Brasilianas.Org”, da TV Brasil. “Há algum tempo, o fluxo de informações dependia de um sistema centralizado, muito fechado. Eram apenas cinco ou seis órgãos de imprensa. A internet rompe esse modelo centralizador”, disse.

Para Nassif, a tendência é que nos próximos anos a geração de notícias seja cada vez mais descentralizada. “A grande discussão vai se dar na internet. Vai haver fontes de aglutinação de informação. Estamos vivendo um momento histórico de interiorização na produção de conhecimento. É uma nova forma de jornalismo que surge de maneira irreversível”, afirmou.

Segundo o jornalista, “a matéria prima do jornalismo mudou”, o que vai exigir do profissional de comunicação a capacidade de mediação. “Na internet, há discussões amplas sobre determinados assuntos. O jornalista tem que ser um mediador. Precisa abordar um problema, fomentar a discussão e sintetizar todos os pontos de vista sem distorção. Se o jornalista não fizer uma avaliação correta, será liquidado”, disse.

Postura crítica – Luiz Nassif classificou a “postura crítica” do jornalismo brasileiro como uma distorção. “A visão sobre jornalismo crítico foi deturpada nos últimos tempos. Quando você joga tudo em um mesmo saco e diz que tudo é ruim, acaba com o sonho que todo jornalista deve ter, que é o de construir uma sociedade melhor”, afirmou.

Para Nassif, a distorção da função da imprensa começou durante a campanha pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. “Houve um pacto entre alguns grupos políticos e a mídia, que se tornou o maior poder do Brasil. A campanha do impeachment acabou com todos os filtros que impediam a publicação de notícias descabidas. Era a lógica do ‘tragam um escândalo’. Criou-se uma força cega, que se estabeleceu tentando arrastar o país para dentro de crises. Virou uma obsessão, um padrão único. É a maneira que a mídia tem de expressar poder. Deixou-se para segundo plano um país que estava sendo moldado”, afirmou.

O jornalista chamou a atenção para as críticas da imprensa ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O SUS aparece nos jornais como aquele lugar em que você pega filas e não consegue atendimento. O Bolsa Família aparece como uma bolsa esmola. Por trás disso, está a incapacidade de se fazer uma crítica de qualidade. É o problema da centralização da mídia, que pratica um jornalismo sensacionalista para atrair audiência”, afirmou.

O líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), elogiou a participação de Luiz Nassif no “Brasilianas.Org”. “Quem não percebe a mudança trazida pela internet vai ter crescentes dificuldades. Estamos vivendo um momento de iluminação”, disse. O programa, que foi gravado no auditório Nereu Ramos da Câmara, vai ao ar todas as segundas-feiras, às 22h.
Conferência de Cultura vai traçar novo paradigma para o setor, diz Vanhoni

O presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), disse ontem que a II Conferência Nacional de Cultura a ser realizada de 11 a 14 deste mês, em Brasília, vai apontar novo conceito sobre o papel do Estado em relação às políticas públicas de cultura do país.

“Nós estamos defendendo o novo paradigma que existe hoje na política cultural do país, o de entender a cultura como um direito social, como uma prioridade do Estado. A partir desse entendimento pode-se garantir o fomento, o apoio, a manutenção da tradição, a preservação da memória em todo território nacional. Além disso, contribui para a promoção dos bens culturais e dos valores sociais forjados pela sociedade como um direito social de todo cidadão e cidadã brasileira”, disse o deputado.

Na opinião de Vanhoni, para enfrentar o novo desafio é preciso aperfeiçoar a legislação brasileira. Nesse sentido, o parlamentar aponta a PEC 416/05, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que cria o Sistema Nacional de Cultura, como exemplo. Segundo o parlamentar, o Sistema Nacional de Cultura vai traçar novos relacionamentos na área cultural, entre os entes federados. “O sistema vai estabelecer princípios, vai dividir atribuições e responsabilidades entre União, estados e municípios o que levará ao desenvolvimento efetivo das políticas culturais em nosso país”.

Vanhoni lembra ainda do debate que está sendo colocado sobre a alteração da Lei Rouanet (Lei de fomento à cultura). De acordo com o parlamentar a lei surgiu como alternativa de investimento à área cultural, mas que precisa de reformulação. O parlamentar defende a criação de uma nova lei de fomento à cultura como forma de definir parâmetros do ponto de vista da ótica pública. Esses parâmetros, segundo avaliação do deputado, vão estabelecer políticas de financiamento e da produção cultural, de forma, a “ajudar a cultura brasileira a se constituir como um instrumento de emancipação do homem e da mulher em todo o território nacional”.

Agenda – A II Conferência Nacional de Cultura acontece no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21. A abertura do evento será amanhã, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, e contará com a presença da ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e do presidente da República em exercício, José Alencar.

 

Leia também:
entrevista de Luis NassifWeb rompe esquemas na revista Teoria e Debate nº 83 – julho/agosto 2009
– livro Diálogos da perplexidade, de Venício A. de Lima e Bernardo Kucinski (EFPA, 2009)

 

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