Mulheres petistas discutem visibilidade lésbica como estratégia contra o preconceito
Foram abordados os efeitos do preconceito sobre lésbicas, principalmente, na educação e na saúdeA Secretaria de Mulheres do PT-SP reuniu feministas e lésbicas para um debate sobre a visibilidade lésbica, estratégia do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) contra o preconceito machista e homofóbico. Foram abordados os efeitos do preconceito sobre lésbicas, principalmente, na educação e na saúde. O evento ocorreu na sede do PT-SP, na região central, na tarde deste sábado (22).
Foi feita uma apresentação dos dados da Pesquisa da Fundação Perseu Abramo sobre Diversidade Sexual e Homofobia. Vilma Bokany, do Núcleo de Opinião Pública da Fundação, mostrou a dimensão do preconceito no país contra LGBT. Foram destacados alguns dados da pesquisa realizada em junho de 2008, tais como o fato das pessoas colocarem a homossexualidade em quinto lugar entre comportamentos que mais incomodam as pessoas. Gays são o quarto grupo que as pessoas não gostariam de ter contato, segundo 16% da amostragem, logo após drogados, ateus e ex-presidiários. Depois vêem as prostitutas, crianças de rua e lésbicas (10%).
Um dos dados mais graves demonstra que cerca de 20% das pessoas revelaram ter ódio ou antipatia por LGBT. Vilma também destacou que o percentuou que admite ter preconceito contra essas pessoas (26% a 29%) é sete vezes maior que aquele de pessoas que assumiram racismo em pesquisa sobre o assunto feita pela Fundação. Os dados foram explorados no Congresso por parlamentares contrários a políticas de combate à homofobia. “A pesquisa também observa que, quanto mais contato as pessoas têm com LGBT, menos preconceito revelam contra essas pessoas, mostrando que é superimportante a visibilidade”, disse Vilma, lembrando que o relatório completo da pesquisa está disponível para consulta no portal da Fundação Perseu Abramo (clique aqui para acessá-la).
Em seguida, Daniela Auad atacou os termos da moda que servem para invisibilizar as relações de gênero e sexualidade na escola ou no ambiente de trabalho. Termos como “diversidade” ou “gênero” têm se revelado slogans usados como formas de não assumir que se está falando de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Como pedagoga, Daniela mostrou que o assédio moral ou o bullying também são formas de não falar da violência contra LGBT no trabalho ou na escola. “Quem sofre o bullying não é o garoto heterossexual integrado às atividades da quadra de esportes, mas o garoto que se refugia na biblioteca para não ter que passar pela quadra”, enfatizou.
Segundo ela, há uma heterosexualidade presumida em todas as relações sociais, o que invisibiliza as demandas de LGBT. “Não falo em bullying ou assédio, quero falar de lesbofobia e homofobia, o verdadeiro nome desse tipo de violência”, afirmou Daniela, ressaltando que se esta violência está em todo lugar, ela acredita que é na escola que ela deve ser combatida primeiro.
Damares Vicente, da Articulação das lésbicas e bissexuais petistas no estado, apresentou dados de uma pesquisa das antropólogas Regina Facchini e Regina Barbosa, sobre saúde de lésbicas. A pesquisa demonstra o tamanho da invisibilidade de lésbicas no atendimento público de saúde. Poucas mulheres abrem sua orientação sexual para médicos, e acabam saindo com receita de anticoncepcional. “Presume-se que essas mulheres mantém relações sexuais com homens, o que afeta o modo como são medicadas. Aquelas que revelam sua orientação lésbica sofrem preconceito dos agentes de saúde”, disse Damares.
Publicada no Portal do Diretório Estadual do PT em 23/08/2009