Há 30 anos foi promulgada a Lei de Anistia. Não foi aquela ampla, geral e irrestrita, tão reivindicada por vários setores da sociedade civil na década de 1970. Foi aquela que jogou um véu sobre torturas e mortes – saldo da luta entre os governos militares e a militância armada de esquerda. E foi aquela que trouxe de volta muita gente que estava banida do país. Essa anistia que entreabriu o caminho para a democracia civil brasileira carrega muitos senões, mas tem o poder simbólico da mobilização social.

Nestes 30 anos, deve ser sempre lembrada como uma reflexão sobre a história e a memória do Brasil. Por tudo isso, a Fundação Perseu Abramo traz a público, neste 28 de agosto, a exposição virtual Anistia 30 anos. São fotos, cartas, desenhos e depoimentos do acervo do Centro de Memoria Sérgio Buarque de Holanda, pedaços da memória dos que se foram e dos que sobreviveram na luta por um país mais justo.

A exposição percorrerá a história do Brasil nas últimas décadas, focando principalmente nos diferentes momentos políticos e a mobilização da sociedade no enfrentamento das arbitrariedades cometidas pelos detentores do poder. Num primeiro momento, são apontados os atos de anistias políticas ocorridos na história do Brasil e a vida política no período compreendido entre o fim do “Estado Novo” e a chamada Revolução de 1964.

Já no regime militar, são apresentadas a doutrina ditatorial que passa a vigir no país e as práticas adotadas contra os opositores; são registradas as manifestações da oposição, a luta armada, as organizações políticas, as perseguições, a violência nas prisões e fora delas, a clandestinidade, o exílio.

A reação pública começa e os movimentos sociais ganham a rua, mobilizações são verificadas em todo o país, a denúncia é feita por meio das artes, do humor, comitês pela anistia são criados em diversas capitais, até chegar a 1979, quando é assinada a lei que, apesar de suas limitações, beneficiou cerca de 4.700 pessoas. Uma das maiores limitações da lei, foi ter deixado de fora os condenados por atentados e seqüestros políticos. Todas essas vertentes que nortearam e norteiam a luta pela democratização do país estão presentes na exposição.

A equipe do CSBH selecionou a documentação iconográfica e textual desta exposição, montada pela equipe de comunicação da FPA.

Relatos de dor e de resistência


  Dois livros deste período foram reeditados pela Editora FPA: Os Poemas dos povos da noite, de Pedro Tierra (Hamilton Pereira), em coedição com a Publisher Brasil e Fome de liberdade, de Gilney Amorim Viana e Perly Cipriano, em coedição com a Universidade Federal do Espírito Santo.

As duas obras – escritas na prisão – foram publicadas em 1979, para fortalecer a campanha da Anistia e seus autores foram presos políticos.

Estas reedições serão lançadas nesta quarta-feira (26/08) no evento 30 anos da Anistia, em Belo Horizonte.