Defender a Petrobrás é defender o Brasil, por João Antônio de Moraes e Artur Henrique
Uma revista de grande circulação no país destacou esta semana uma pesquisa que aponta a Petrobrás como a quarta empresa mais admirada do mundo. Chegar a esta condição exigiu muita dedicação e competência de milhares de brasileiros, muitos dos quais deram, literalmente, suas vidas para construir esta que é a maior empresa da América Latina. Uma luta que começou muito antes de a Petrobrás ser criada, quando nacionalistas lançaram o movimento “O Petróleo É Nosso”, acreditando que o sonho se transformaria em realidade.
A história desta grande empresa não seguiu uma linha reta. Em muitos momentos, a sua própria existência foi questionada pelos representantes das multinacionais do setor. Destaque para o período de 1995 a 2002, quando o PSDB ocupava a Presidência do país e mudou a Lei do Petróleo para entregar nossas reservas às empresas multinacionais. Os governantes de plantão foram, paulatinamente, retirando a capacidade de ação da Petrobrás e incentivando as multinacionais a entrar no país e assumir setores antes ocupados pela estatal. Foi neste período, da dita “gestão competente” do PSDB na Petrobrás, que a imagem da empresa no Brasil e no exterior passou por seu pior momento: foi a época dos grandes acidentes da P36, da Baía de Guanabara e do Rio Iguaçu. Foi a época da Petrobrax.
A empresa começou a ser resgatada do fundo do poço já no início do ano de 2003, com mudança na postura do governo e a retomada dos investimentos. Entre os anos de 2003 e 2008, a Petrobrás investiu U$ 95.106 milhões (em valores de 2000), 2,5 vezes mais que o total investido entre os anos de 1995 e 2002. Em 2010, o valor dos investimentos da Petrobrás ao longo dos oito anos do atual governo somará 55% de todos os investimentos feitos pela empresa em seus 55 anos de história.
Estes investimentos que permitiram a relação produção x consumo nacional saltar de 0,15%, em 1953, para 100%, em 2006. Foram esses investimentos que fizeram a Petrobrás responder por 10% do PIB, 10% da arrecadação e ser uma das grandes molas propulsoras da economia brasileira neste período. Foram tais investimentos que permitiram a descoberta da maior província petrolífera do mundo nos últimos 30 anos: o pré-sal.
Tanto o Banco Mundial quanto o FMI vêm destacando que a economia brasileira apresenta um diferencial em relação aos demais países nesta que é a maior crise econômica que o mundo moderno já passou. Este diferencial tem nome: a Petrobrás (de longe a maior fonte de investimentos do país), o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES. Todas, instituições controladas e fortalecidas pelo Estado neste momento.
É neste cenário de mundo em crise, com claros reflexos na economia brasileira, que os parlamentares da oposição resolveram brincar de fazer uma CPI para investigar a empresa que, sozinha, responde por mais de 20% de todos os investimentos que anualmente são feitos no país. Será que esta investigação do Senado Federal vai facilitar a captação dos recursos internacionais tão importantes para a Petrobrás realizar os investimentos previstos? Você emprestaria dinheiro para uma empresa sob investigação?
O que eles querem? Querem parar a Petrobrás para que os efeitos da crise internacional no país se agravem. Querem que o governo recue na sua intenção de fazer chegar aos mais pobres a riqueza gerada com a exploração do pré-sal. Levantamentos realizados por consultorias internacionais estimam entre US$ 3 e US$ 9 trilhões a riqueza a ser gerada com a exploração do pré-sal.
É por isso que a Central Única dos Trabalhadores e a Federação Única dos Petroleiros vêm a público repudiar a irresponsabilidade dos parlamentares da oposição. Esta CPI é políticagem, busca desestabilizar o governo, parando um importante instrumento de política pública contra os efeitos da crise mundial no Brasil. Por fim, esclarecemos que ainda grafamos o nome Petrobrás com acento agudo, do modo como era até 1994, como forma de protesto contra a tentativa demo-tucana de privatizá-la, o que incluiu a “estrangeirização” da marca – algo de que escaparam empresas como a Eletrobrás, por exemplo.
*João Antônio de Moraes, coordenador da FUP, e Artur Henrique, presidente nacional da CUT.