Estamos vivendo um momento sem precedentes no mundo. Se de um lado a crise econômica internacional questiona os preceitos do sistema capitalista, o Brasil desponta fortemente como símbolo de transformação. Nosso país é um dos últimos focos de resistência ao imperialismo norte americano e desempenha papel fundamental na contestação e esgotamento do sistema capitalista. A reafirmação da autonomia e da soberania brasileira, bem como a destacada liderança do Brasil na América Latina, consolida sua tarefa de pensar a nova civilização, com respeito aos povos e autodeterminação das nações.

O Brasil vive um momento ímpar, com um governo popular que realiza políticas públicas inclusivas em todas as áreas sociais, que investe em educação, na geração de empregos, na reforma agrária e que defende os Direitos Humanos. A partir do governo Lula passamos a viver uma revolução democrática que pretende mudar a sociedade, não por uma vanguarda política, mas pela conscientização da população, pela ampliação da participação e pela construção de hegemonia. Ao mesmo tempo, o governo propõe mecanismos de defesa contra o retrocesso político, econômico e social. Nos próximos meses teremos espaços de formulação e participação popular que demonstram essa vocação democrática do governo Lula: são as conferências de Educação, Comunicação, Igualdade Racial e Segurança Pública.

Há muito que se fazer para que o Brasil se torne efetivamente uma democracia de direitos: acabar com a fome, erradicar o analfabetismo, assegurar saúde e emprego para todos os brasileiros. É imprescindível rearticular o campo democrático e popular, aprofundar o diálogo com os demais movimentos sociais e populares, no sentido de fortalecer, pautar, defender e, principalmente, disputar cotidianamente, os rumos do atual governo.

Defendemos que a juventude do Partido dos Trabalhadores assuma o protagonismo legitimado pelos nossos 29 anos de história e pela luta permanente dos mais de 200 mil jovens filiados ao PT. Pelos jovens petistas camponeses, sindicalistas, artistas, gestores, parlamentares, estudantes.

Sem dúvidas que a realização do I Congresso da Juventude do PT simboliza o marco desse empoderamento da JPT frente às tarefas e demandas apresentadas à nossa militância.
A Juventude do PT, o M.E. e a sucessão do Governo LulaEstamos às vésperas da eleição de 2010 e o PT tem o dever de continuar apresentando alternativa ao projeto da direita neoliberal Demo-Tucana.

Precisaremos construir um programa capaz de aglutinar a esquerda, para rearticular o campo democrático e popular, estreitar as relações com as forças de esquerda e fortalecer as relações com os movimentos sociais e populares.

Mas para que isso seja possível é preciso antes de tudo que o PT e a sua juventude estejam fortes, coesos e com muita unidade no diálogo e na ação. E precisamos começar a fazer este exercício desde já. Seguramente o Congresso da UNE é um ótimo momento para demonstrar essa disposição em construir esse debate e diálogo interno e incidir de forma organizada nos debates colocados para a sociedade.

Desta forma, fazemos um chamado aos estudantes petistas de todo o país, para dialogar internamente nas secretarias estaduais da JPT e fortalecer uma plataforma petista para o Congresso da UNE. Se precisamos dialogar com o campo democrático e popular, precisamos antes dialogar com o PT. É preciso que as correntes se desarmem no debate interno sobre o movimento estudantil e apresentem disposição em construir coletivamente resoluções, plataformas e tática política.

O ME brasileiro deverá ir as ruas fazer a disputa dos dois modelos de educação que estarão em disputa no ano que vem: o retrocesso implementado por FHC e José Serra, através do ministro e agora secretário de educação Paulo Renato, que tem como orientação geral da política de estado mínimo, com o sucateamento e a privataria do ensino; ou a política inclusiva implementada por Lula através do MEC, orientada pela expansão de vagas, democratização do acesso e ampliação de verbas públicas.

Os desafios do movimento estudantil brasileiro

Nós da Juventude do campo Construindo um Novo Brasil nos apresentamos para este 51º Congresso da UNE com o objetivo de fazer deste processo um amplo período de debates sobre o papel do movimento estudantil, educação e sociedade. A UNE foi construída no seio da luta contra o nazi-facismo e sempre desempenhou papel fundamental nas transformações que o Brasil sofreu desde o século passado. O perfil do estudante brasileiro mudou e mudou porque o governo eleito com a força do povo brasileiro não teve medo de ousar e dar a chance do filho do pedreiro virar doutor com o Prouni; que colocou índio, quilombola e camponês nas salas de aula; que não teve medo de enfrentar o conservadorismo da academia e expandir as vagas nas universidades federais para que mais brasileiros em mais lugares do país pudessem estudar.

A UNE precisa compreender essa mudança no perfil do estudante brasileiro e ousadamente diversificar e transformar a forma de dialogar com os estudantes. Se queremos uma universidade popular e democrática, precisamos de uma entidade de massas, em que os estudantes encontrem orientação e consigam se identificar com as pautas e bandeiras apresentadas, bem como se sintam à vontade para construir o cotidiano da entidade.

Assim, entendemos que o debate de educação precisa ser realizado juntamente com a discussão da juventude e do mundo do trabalho. O estudante brasileiro é um trabalhador que estuda (ou precisaria trabalhar) e é necessário compreender os desdobramentos que essa característica tem na sociedade.

A UNE deve debater e apresentar perspectivas para discussões que estão na pauta do dia e para as quais o movimento social deve realizar o enfrentamento com muita política: a implementação de uma reforma política, com financiamento público de campanha, voto em lista, fidelidade partidária e discussão sobre o sistema bicameral; novos marcos regulatórios e a criação de uma nova estatal do petróleo, para exploração e comercialização da camada pré-sal; aquecimento global, ecossocialismo e um plano nacional de meio-ambiente, que inclua a moralização da exploração dos recursos naturais, criação de um programa nacional de coleta seletiva, fomento às cooperativas de catadores e educação sócio-ecológica nas escolas e universidades.

Também é necessário que a entidade se reinvente e construa mecanismos para uma maior participação dos CAs, DCEs e Executivas e Federações de curso no seu cotidiano. A eleição de um conselho fiscal neste Conune é uma sinalização importante, mas é preciso aprovar um conselho que funcione, com espaço para o contraditório e que delibere sobre as finanças da entidade.

E é necessário avançar mais, por isso a necessidade também da criação de um conselho editorial que reformule e delibere sobre os espaços de comunicação da entidade. Também é fundamental diversificar e ampliar a participação das diversas forças políticas nos espaços de representação da UNE nas esferas públicas, debatendo estas representações com o conjunto da diretoria.

Orientação aos militantes da JCNBApresentamos acima algumas contribuições à discussão que acreditamos que a Secretaria Nacional de Juventude deva construir. Acreditamos que este deva ser o primeiro espaço de discussão dos petistas que participarão do 51º Congresso da UNE e por isso reforçamos nosso apelo às correntes do PT que discutem juventude, estão no ME e constroem a SNJPT a construir um espaço de debate e formulação, representativo e plural, para a UNE.Por fim, orientamos aos militantes da JCNB nos estados a construírem suas alianças estaduais dialogando com as forças progressistas de esquerda (PPL, JSPDT, JSB, UJS), mas privilegiando o diálogo com a Juventude do PT.Nosso objetivo é construir relações para além do Conune e fortalecer nossa ação para o movimento real, aquele que acontece no dia-a-dia, nas salas de aula. Queremos formar uma corrente de luta por uma universidade do povo brasileiro. E para isso, precisamos de todo mundo e de cada um, dos mais distintos campos do movimento estudantil, unidos!

* Severine Macedo, secretária Nacional de Juventude do PT, Debora Pereira, diretora de Universidades Pagas da UNE, Cássio Nogueira, 1º diretor de PPJ da UNE, Magno Augusto, tesoureiro da UEP.