Belém – O líder ambientalista e sindical Chico Mendes, assassinado há 20 anos no Acre, foi homenageado hoje (28) durante o Fórum Social Mundial, em Belém. Organizado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, o evento, que contou com depoimentos de familiares e companheiros de Chico Mendes, terminou com o plantio de cinco mudas de seringueiras no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA).

“Plantamos cinco mudas nas pontas da figura de um pentágono verde. Esse será o pentágono da paz, ao contrário do outro, que é o da guerra”, explicou Hamilton Pereira, ex-secretário de Articulação Institucional do Ministério do Meio Ambiente na gestão Marina Silva, em referência à sede do Pentágono, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Também ex-presidente da Fundação Perseu Abramo (de 2004 a 2007), Pereira prestou homenagem a Chico Mendes declamando o poema “O grito verde que anda”, de sua autoria (como Pedro Tierra).

A senadora Marina Silva (PT-AC) não participou do plantio das árvores, mas minutos antes fez um discurso emocionado, no qual lembrou o seringueiro e criticou a falta de investimentos mundiais para preservação do meio ambiente.

“Por que apareceu dinheiro para resolver a crise da economia e não há recursos para resolver a crise ambiental global, que é muito pior que a financeira?”, questionou a ex-ministra do Meio Ambiente. Além de Chico Mendes, a senadora e conselheira da Fundação Perseu Abramo lembrou de outros “mártires da Amazônia”, entre eles a missionária Doroty Stang, assassinada em 2005, no interior do Pará.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda, ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, se referiu ao ambientalista acreano como “a figura mais emblemática” da defesa da Amazônia.

“O Acre era um lugar em que o crime organizado, a corrupção tomou conta do estado. As agressões ao meio ambiente eram também agressões aos direitos humanos e à democracia. E o Chico Mendes conseguiu reverter isso. Transformou-se em um modelo para o restante do mundo”, disse Miranda.

Um ativista indiano, que plantou uma das mudas, comparou a luta de Chico Mendes à perseguição de ambientalistas na Índia, onde, segundo ele, cinco pessoas foram mortas por protestarem contra a destruição de rios.

A homenagem reuniu cerca de 500 pessoas, entre seringueiros, comunidades extrativistas e muitos militantes do PT na tenda Cuba 50 anos, montada em parceria com a Fundação Perseu Abramo.

(Com informações do Portal do PT e da Agência Brasil)

Mais:
Leia o poema declamado no evento

O grito verde que anda

de Pedro Tierra

Francisco. Chico. Chico Mendes.
Seringa. Seringueiro. Seringal.
Legião de homens e sonhos.
Verde rompendo o verde.
Punhal aceso na memória
da água, da pedra, da madeira.
Dos homens?
A sumaúma, a seringueira,
a pedra do monte Roraima,
o sangue que mina do tronco
nos seringais de Xapuri indagam:
onde a sombra exilada de Chico Mendes?
Organizador dos ventos gerais
que combatem depois das cercas,
de todas as cercas da terra…
Chico: um grito verde que não cessa.

Saiba mais sobre o evento:

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