Eleições nos Estados Unidos reúnem regras diferentes de 50 estados
As eleições nos Estados Unidos obedecem a regras muito próprias, com características diferentes em cada estado, o que torna muito complexo e surpreendente o processo eleitoral. Essas regras foram definidas pela Constituição do país, datada de 1787 e que dá ampla liberdade aos estados de definir como irá transcorrer o processo eleitoral.
As eleições nos Estados Unidos obedecem a regras muito próprias, com características diferentes em cada estado, o que torna muito complexo e surpreendente o processo eleitoral. Essas regras foram definidas pela Constituição do país, datada de 1787 e que dá ampla liberdade aos estados de definir como irá transcorrer o processo eleitoral.
Desta forma, o desenho eleitoral americano passa a ser definido pelo conjunto de diferentes regras de cada estado. Na prática, a eleição para presidente dos Estados Unidos pode ser definida como 50 eleições, realizadas de forma simultânea em cada estado. De acordo com a adida para Assuntos de Diplomacia Pública da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Tara Rougle, essas regras foram criadas com o objetivo de fazer com que o presidente do país seja eleito com votos espalhados por todos os estados e não acumulados em determinadas regiões.
Trata-se de um processo indireto para escolher quem vai ocupar a Casa Branca, sede do governo federal. “O nosso presidente é eleito por meio de um colégio eleitoral formado por pessoas eleitas para eleger. Mais que ter a maioria dos votos, o sistema foi criado com o objetivo de fazer com que o candidato tenha seus votos distribuídos por todo o país”, explicou a adida.
O processo de eleição começa com as escolhas dos candidatos que vão concorrer. Essa disputa ocorre dentro dos dois principais partidos: o Democrata e Republicano e tem a característica de ser quase tão acirrada quanto a dos escolhidos pelas legendas.
Antes disso, os políticos que pretendem ter seus nomes defendidos pelos partidos já passaram por um estágio inicial, com a formação de um “comitê exploratório” que tem a função de arrecadar dinheiro para a campanha e avaliar a viabilidade, ou seja, as chances do futuro candidato. Esse comitê se forma até dois anos antes da eleição. Os possíveis candidatos à Presidência primeiro precisam enfrentar uma batalha para serem apresentados formalmente pelo partido.
Depois dessa fase inicial, começam as eleições primárias na qual os candidatos lutam dentro dos dois partidos. A temporada das primárias começa em janeiro e vai até junho. Neste ano, a disputa no Partido Democrata se deu entre Barack Obama e Hilary Clinton. Obama venceu Hilary e se tornou o candidato à Casa Branca. Já no lado Republicano, o vencedor foi John McCain que desbancou Mike Huckabee e Ron Paul.
Nas eleições primárias, os eleitores de cada um dos 50 estados americanos elegem delegados partidários. Na campanha, esses delegados prometem apoiar um determinado candidato. A escolha dos delegados também se diferencia de estado para estado. Alguns realizam votação com cédulas, ou seja, a “primária”. Outros utilizam o “sistema de reuniões políticas”, conhecidas como “caucus”.
As primárias também ocorrem de três formas: fechadas, na qual os eleitores só podem participar da escolha do partido em que forem registrados; abertas, na qual o eleitor pode votar na primária de qualquer partido, mas só pode participar de uma, e ainda a primária, na qual os eleitores podem votar nos candidatos dos dois partidos.
Diferentemente do Brasil, o processo eleitoral nos Estados Unidos não tem datas muito definidas, a não ser para o dia da votação final que ocorre sempre na primeira terça-feira de novembro. “Não há feriado no dia da finalíssima. É um dia normal de trabalho. Os locais de votação ficam abertos o dia inteiro e as pessoas que desejam votar podem sair do seu trabalho, votar e retornar”, detalhou Tara Rougle.
A escolha dos delegados, por exemplo, teve início mais cedo neste ano devido à disputa entre os estados para ver quem seria o primeiro a realizar as votações e a receber uma atenção maior dos candidatos. O estado de Iowa geralmente é o primeiro a escolher seus delegados por meio de “caucus”. New Hampshire tem a tradição de realizar sua primária logo em seguida. A disputa entre os dois estados fez com que neste ano eles realizassem a escolha no início de janeiro.
Nos meses de agosto e setembro, os dois principais partidos realizam suas convenções e escolhem seus candidatos oficiais. Só depois das convenções nacionais é que os candidatos entram em disputa.
Hoje (4), os americanos vão às urnas para escolher o presidente. O voto não é obrigatório, como ocorre no Brasil e, para votar, é necessário ser cidadão americano com mais de 18 anos. A eleição não é direta. Ao votar em Obama ou em McCain, os americanos elegerão, na verdade, os delegados que são ligados aos partidos e que votarão no Colégio Eleitoral. Quem vencer em cada estado, levará todos os seus delegados ao Colégio Eleitoral. . “Os ‘eleitos’ costumam respeitar a vontade popular”, explicou Tara Rougle.
O número de delegados por estado depende do número de habitantes de cada um e corresponde à representação desse estado no Congresso americano. O Colégio Eleitoral é formado por 538 delegados e para vencer, o candidato precisa obter a metade dos votos desses delegados mais um, ou seja, 270 votos. O mínimo de delegados é de três por estado, independentemente da população. A Califórnia, por exemplo, com 36 milhões de habitantes, tem 55 delegados do total de 538 do país. Vencer na Califórnia representa 10% dos votos dos delegados.
Em cada estado existe uma maneira de escolher os delegados e também os tipos de votação diferentes. Alguns utilizam voto eletrônico e outros permanecem com o voto em cédula
O sistema eleitoral dos Estados Unidos permite, por exemplo, situações pitorescas na qual o candidato com mais votos populares acabe perdendo a eleição. “O colégio eleitoral é quem elege. Nosso sistema eleitoral permite casos em que o candidato que recebeu mais votos populares não vença a eleição. Isso ocorreu quatro vezes em nossa história, a última em 2000 quando George W. Bush venceu sem ter a maior parte dos votos”, destacou Rougle. Bush venceu Al Gore que teve cerca de 500 mil votos a mais que ele. O fenômeno também ocorreu com John Quincy Adams (em 1825), com Rutherford Hayes (em 1877) e com Benjamin Harrison (em 1889).
Para Rougle, na reta final, a grande disputa ocorrerá nos estados nos quais a diferença entre os dois candidatos é pequena. Isso porque existem estados que têm certa tradição em votar em determinados partidos. Os da parte norte do país, por exemplo, apresentaram ao longo da história uma postura de votar no Partido Democrata. Já os estados mais ao sul têm eleitorado mais conservador e tendem a votar no Partido Republicano. “As surpresas poderão ocorrer em estados como o Colorado, Ohio, Flórida, Missouri e Virgínia”, destacou Tara Rougle.
Fonte: Agência Brasil (http://www.agenciabrasil.gov.br/)