Queda da desigualdade é a mais duradoura em 30 anos
O grau de desigualdade de renda no Brasil declinou 7% entre 2001 e 2007, passando de 0,593 para 0,552 (quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O dado usa o coeficiente Gini, indicador adotado internacinalmente.
Segundo análise feita por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa queda acentuada e contínua há seis anos na desigualdade é a mais duradoura já ocorrida nas últimas três décadas. O documento do Instituto mostra que, dos 74 países para os quais há informações sobre a evolução do coeficiente de Gini ao longo da década de 1990, menos de 25% foi capaz de reduzir a desigualdade a uma velocidade superior à alcançada pelo Brasil no período. “Hoje estamos no menor nível histórico de desigualdade”, diz o pesquisador Ricardo Paes de Barros, um dos autores do estudo.
Pobreza – A redução no grau de desigualdade e a elevação da renda dos mais pobres levou também à redução da pobreza e da extrema pobreza. Segundo o Ipea, o declínio na extrema pobreza foi três vezes mais rápido do que o necessário para o país atingir a primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio em 2015. “Atualmente, a renda do pobre cresce sete vezes mais rápido ao ano que a do rico”, afirma Paes de Barros.
Para os 10% mais pobres, a taxa anual de crescimento da renda, de 7%, é muito próxima daquela observada para a China toda. Ou seja, é como se os pobres vivessem em um País com crescimento chinês. Já no outro extremo da distribuição, os 10% mais ricos tiveram taxa anual de crescimento da renda de 1% e, para eles, a percepção é de estar vivendo em um país estagnado.
No período de 2003 a 2007, a renda familiar per capita cresceu a uma taxa de 5,4% ao ano (média), sendo maior para os mais pobres (9%) e menor para o mais ricos (4%).
As taxas de redução na pobreza e na extrema pobreza no Brasil foram mais acentuadas do que as observadas em todos os países latino-americanos, ficando atrás apenas do México. De acordo com o Ipea, entre 1990 e 2005 a pobreza na América Latina caiu 8,5 pontos percentuais, já no Brasil a pobreza caiu 10,2 pontos percentuais entre 2002 e 2007. “Ou seja, em termos de redução na pobreza, o Brasil fez em cinco anos mais do que o restante da América Latina levou 15 anos para fazer”, diz o documento.
Mobilidade social – A análise do Ipea, a partir dos dados da Pnad, mostra que 13,8 milhões de pessoas subiram de faixa social entre 2001 e 2007. O estudo dividiu a população em três grupos: no grupo 1 (de menor renda), estão as famílias que têm renda mensal entre R$ 0 a R$ 545,66; no grupo 2 (de renda intermediária), as que recebem entre R$ 545,66 e R$ 1350,82; e no grupo 3 (de maior renda), de R$ 1.350,82 ou mais. O documento mostra que 10,2 milhões de pessoas passaram do grupo 1 para o 2 e outras 3,6 milhões passaram do grupo 2 para o grupo 3.
Nas próximas três semanas o Ipea irá divulgar análises de outros temas da Pnad, entre eles mercado de trabalho, demografia, saneamento básico e habitação, juventude, raça e educação.