Maria da Penha Fernandes vai finalmente receber a indenização devida pelo governo do estado do Ceará pela não punição judicial de seu marido que a deixou paraplégica numa segunda tentativa de homicídio em 1983. O pagamento da indenização foi determinada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) em 2001. O marido só foi para a cadeia em 2002, ou seja, 19 anos depois do crime e um ano após a determinação da OEA.

Maria da Penha se tornou um ícone da campanha empreendida por organizações que lutam pelos direitos das mulheres que culminou na promulgação em 2006 da lei que leva seu nome e que prevê punição mais rigorosa aos agressores domésticos. A pesquisa A mulher brasileira nos espaços público e privado que a Fundação Perseu Abramo realizou em 2001 já apontava a violência doméstica e familiar como um dos maiores problemas enfrentados pelas mulheres.

Depois que a lei entrou em vigor os índices de casos de violência doméstica diminuíram, mas a situação ainda é grave como no estado de Pernambuco onde nos dois primeiros meses do ano 60 mulheres foram assassinadas.

Em entrevista à Folha, Maria da Penha disse que a indenização não cobre os gastos que teve com a recuperação de sua saúde, porém tem um significado muito importante por reconhecer internacionalmente a luta contra a impunidade.

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