PT lança campanha para humanizar o mundo do trabalho
O secretário Sindical Nacional do PT, João Felício, lançou no dia 26 de julho, em São Paulo, a campanha “Humanizar o Mundo do Trabalho”. Segundo o dirigente petista, o objetivo da campanha é que o PT volte a estimular a sua militância a pautar estes temas do mundo do trabalho.
“Estimular os sindicalistas ao debate mais global e mais amplo do que aquele que permeia seu cotidiano, como a data base e a convenção coletiva”, explicou.
A campanha é coordenada pela Secretaria Sindical Nacional do PT, com apoio das secretarias de Combate ao Racismo, da Juventude e das Mulheres. O secretário de Combate ao Racismo, Martvs das Chagas, escreveu para a revista que marca o lançamento da campanha e define os temas que devem norteá-la.
“A discussão sobre a contribuição da comunidade negra para a acumulação do excedente, que torna esse país um dos capitalismos mais selvagens do mundo, é dificil de ser feita no movimento”, diz Martvs.
Para ele, sempre houve dificuldades de colocar na discussão da “classe trabalhadora” as especificidades dos problemas que enfrentam não apenas as questões de classe, mas de gênero, raça e orientação sexual. Apesar dessas limitações, Martvs se surpreendeu como a questão da discriminação racial está presente na maioria dos textos da revista.
Martvs fez um apelo para que a campanha dê uma atenção especial ao aprofundamento de um tema que ele considera simbólico para o movimento negro e a precarização do trabalho: a diferença de direitos e formalização das trabalhadoras domésticas.
Agenda do desenvolvimento
Para o presidente nacional da CUT, Artur Henrique dos Santos, a agenda da campanha pela humanização do mundo do trabalho é a mesma agenda do desenvolvimento da CUT. “Não queremos qualquer crescimento econômico, mas desenvolvimento com humanização do mundo do trabalho, sem precarização, sem terceirização, sem assédio moral.
A agenda da campanha se desdobra em seis eixos, em torno dos quais serão desenvolvidas ações: pelo fim do trabalho infantil e regularização do trabalho de adolescentes; pelo fim da superexploração das mulheres: trabalho igual, salário igual; pelo fim de discriminação por raça/etnia: oportunidade igual a todos os trabalhadores; mais emprego, menos precarização: a juventude merece trabalho decente; formalização das relações de trabalho: valorização da carteira de trabalho; pela redução da jornada de trabalho.
O secretário geral da CUT, Quintino Severo, ressaltou na campanha a forte tentativa dos setores conservadores de fazer a reforma trabalhista para retirar direitos, apesar de sua pauta ter sido derrotada na eleição. Para ele, mesmo sem uma reforma trabalhista formal, esta tentativa se manifesta por meio de iniciativas de fatiamento. “A campanha deve estimular que se reproduza este debate para orientar o partido e seus parlamentares para aumentar a resistência a esta estratégia”, propôs Severo.
A redução da jornada de trabalho foi o tema da secretaria de Organização da CUT, Rosane Silva, na revista. Ela lembrou que esta é uma luta histórica. Na Constituição de 1988, a jornada já havia sido reduzida de 48 para 44 horas, mas a idéia era apenas reduzir o tempo de exploração do trabalho. Hoje, a pauta implica em aumento da geração de empregos, já que a conjuntura tecnológica e econômica mudou.
Após este avanço, veio o período neoliberal, que com a falta de resistência do sindicalismo frente às medidas provisórias, foram aprovados o banco de horas, o trabalho aos domingos e o contrato temporário de trabalho. “Hoje, de cada dez trabalhadores, oito fazem hora extra para repor as perdas salariais”, denunciou Rosane.
Em suas contas, o fim desses mecanismos de exploração da hora de trabalho, pode gerar cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho a curto prazo, além de reduzir o índice de doenças ocupacionais, entre outros fatores da precarização do ambiente de trabalho.