O que fazer no III Congresso? Mudar os Estatutos?
Constituir nova maioria? Refundar o PT?

“Se sonhar pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos, mas sonhar muito mais”(Proust).

Com a militância é possível fazer uma revolução fora de nós e em nós mesmos. Sem a militância, o PT será apenas um partido à deriva, sem rumo, sem futuro.

O grande desafio do III Congresso é dialogar com a militância, é reconhecer sua importância e criar instrumentos de controle para participação.

Nas crises, buscar inspiração e força na militância. Ela exige maior participação na vida partidária com a radicalização da democracia interna, transparência nas ações dos dirigentes detentores de mandatos e assessores.

Toda vez que se esconde a verdade, ou age à revelia da militância, a reposta é apatia e indignação. E, quando convocada, sempre esteve presente nos momentos de crise, a exemplo do último PED, compareceu em massa para salvar o PT.

A militância mobilizada é capaz de superar a lógica e a dinâmica das tendências, dos mandatos eletivos e das eventuais maiorias.

Para aprovação da reforma política no Congresso – financiamento público das campanhas, fidelidade e a lista partidária – necessitaremos da militância e da sociedade. A aprovação da reforma não trará segurança de mais democracia, transparência, nem o fim de práticas autoritárias ou ilegais por parte de dirigentes e detentores de mandato no PT ou em outros partidos.

O III Congresso precisa ampliar e estimular a cidadania petista. Nenhum filiado está acima do PT.
Proteger as deliberações e exigir que funcione as instâncias, ouvidorias, orçamento participativo, comissão de ética, etc.

Para consolidar a cidadania petista, a formação política será decisiva. O PT precisa elaborar coletivamente um projeto de formação, que amplie a consciência crítica.

O PT tem um milhão de filiados e muitos milhões que se consideram petistas sem filiação, nos movimentos sociais no campo e na cidade, nas lutas de direitos humanos, ambiental, de gênero, etnia, da diversidade sexual e geracional, cultural, religiosa e pessoas com deficiência, nos locais de trabalho, nas favelas e nas universidades. Enfim, estamos onde o povo está. A formação política ajudará a militância a ser mais criativa, mais participativa, mais exigente e mais vigilante.

Essa capilaridade do PT é fundamental para um partido que atua como educador coletivo que visa revolucionar a sociedade e a si mesmo. Mas para que isto ocorra, a formação política não pode ser de tal ou qual instância partidária, tendência ou de alguns iluminados.

O PT conta com a FPA, SORG, SFP, SNAI, etc como um núcleo capaz de elaborar e coordenar a formação. A combinação de formação a distância e presencial, contará com a militância na produção e na socialização do conhecimento, com visão crítica e comprometida. Conhecer o Estatuto, o Manifesto, o Socialismo Petista e todos os documentos e resoluções, frutos da produção coletiva, ajudará muito nessa travessia.

Será possível pactuar por uma formação libertadora do PT como sonhou Paulo Freire?

*Artigo enviado em 21 de fevereiro de 2007
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