Antonio Carlos de Rezende PT-DF/CNF
A formação econômico-social brasileira vem sofrendo nas duas últimas décadas, desde meados dos anos 1980, transformações em razão do que vem passando o sistema capitalista em busca de retomar níveis mais altos da taxa de lucro. A América Latina tornou-se útil à contínua valorização de capitais voláteis e especulativos da economia mundial.
“Globalização” e “política neoliberal” como centro da necessidade de elevar as taxas de lucro dos capitalistas mediante o rebaixamento do valor da força de trabalho tanto nos países dominados quanto nos países dominantes. Conseqüentemente a internacionalização das cadeias produtiva passou a dividir-se e situar-se em diferentes países, com forte reflexo no setor industrial da economia brasileira. A privatização e a desnacionalização transferem pro capital externo e privado nacional desde empresas estatais a setores de atuação do Estado como previdência, saúde, educação, infra-estrutura e outros. O deslocamento da indústria capitalista pra Ásia meridional e oriental, Índia e, sobretudo, China, gerou uma enorme demanda por produtos básicos especialmente alimentos, petróleo e minerais/metais como ferro, níquel, aço, alumínio, cobre e zinco, a expansão do consumo de minerais/metais na China cresceu, proporcionalmente, mais do que seu PIB, assim como o consumo de borracha natural, algodão, madeira, etc, que norteou a especialização do Brasil na produção e exportação de commodities.
Este fato tem sido determinante pra que o Brasil assuma o seu lugar no sistema que as transformações da economia mundial lhe determinam, traz mudanças significativas pra situação sócio-econômica brasileira e, portanto, mudanças na posição da classe trabalhadora brasileira.
Estas mudanças têm de ser levadas em conta por quem quer fazer a análise concreta da conjuntura da luta de classes e o sonho socialista. No Brasil, a indústria sofreu um processo em que perdeu não só setores industriais relevantes, como também elos de cadeias produtivas de segmentos industriais importantes. Cedeu cada vez mais o papel de setor dinâmico, que a indústria ocupava na economia pros setores do agronegócio, da mineração para exportação, para o setor de fabricação e montagem de bens de consumo ou partes desses bens para exportação em empresas de capital externo ou a ele associado, significando uma mudança na estrutura econômica, social e política sob o peso de forte ofensiva econômica, política, ideológica desta realidade.
Os resultados da economia festejados nos últimos dez anos, apresentados como significativo avanço, maior independência, desenvolvimento econômico e social do Brasil só representa a obediência às determinações do capital globalizado e o aprofundamento da posição do Brasil na nova divisão internacional do trabalho e sua crise e a consolidação de que somos mais explorados e mais dominados.
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