O PT foi obrigado a amadurecer muito rápido, devido à necessidade de responder as exigências da sociedade brasileira que não eram respondidas por outros partidos. Nosso partido conseguiu ser capaz de sintetizar os anseios da sociedade brasileira e representá-los em propostas concretas de transformação social. Isso se deu pela boa organização interna, resultado de três pontos fundamentais: a formação ideológica, a democracia nas decisões internas e a forte inserção no movimento social.

A nossa força está no processo de formação – em alguns momentos bem orientado e organizado, em outros sem muita organização, mas eficaz – objetivando compartilhar conteúdos e experiências que nos construísse ideologicamente, aliado a forte democracia interna responsável pela participação das bases do partido nas discussões e decisões e por fim a relação umbilical com os movimentos sociais, de onde o PT surgiu e o ponto de partida para construção de um projeto de sociedade participativo e popular responsável pela inclusão de milhões de brasileiros anteriormente marginalizados pelos projetos das elites.

Esses três pontos foram os responsáveis pela maturidade de nosso partido. Mas, devido a novas exigências do cenário político nacional, se tornando cada vez mais forte a necessidade de ocupar e garantir espaços de poder para colocar em prática o nosso projeto. Fomos aos poucos nos distanciando das bases, criando outros mecanismos para essa relação, onde a formação foi relegada a segundo plano. Nos distanciamos do movimento social – em alguns casos atrelamos o movimento às estruturas de poder que conquistamos e por último fragilizamos a democracia interna através de mecanismos que reduziu a participação dos filiados nas decisões. É importante salientar que, mesmo reduzindo a participação em alguns momentos, tivemos avanços significativos com é o caso do processo de eleições direta do partido que por exemplo, foi um dos responsáveis pela “volta por cima” na crise de 2005.

Nosso Partido precisa resgatar esses três pontos de forma moderna, adaptados a nova realidade em que estamos inseridos. A formação ideológica de novos quadro e o fortalecimento da formação dos antigos, nos dará a garantia que no futuro o PT não perderá de vista seus objetivos, seus princípios éticos e morais e perpetuará seu compromisso de transformação da sociedade, construindo um país cada vez melhor. O aprimoramento da democracia interna buscando ter a participação ativa das bases partidária nos garantirá o envolvimento dos filiados e também da sociedade nos principais embates que teremos pela frente. Por último, precisamos aprofundar qual a relação que queremos com o movimento social. Não podemos transformar o movimento num instrumento de nossos interesses e nem nos distanciar deste por incompreensões ou conflitos que surjam no caminho. Compreender o papel do movimento social no momento atual e ter uma relação de respeito e diálogo com este é um compromisso histórico que temos. Além disso, precisamos continuar participando ativamente das lutas e dos desafios impostos a classe trabalhadora. O PT só tem razão de existir se for para dedicar todas as suas energias na garantia de avanços democráticos e do respeito aos direitos e a qualidade de vida digna dos trabalhadores.

*Valdemir Alves de Souza Neto – Cruzeiro do Sul – Acre
*Artigo enviado em 6 de março de 2007
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