Cosme Rogério Ferreira
Certamente o trecho da emblemática canção do poeta Cazuza bem sintetiza os nossos anseios ante a reflexão sobre o país que queremos. Queremos sim ver a cara do Brasil. Mas, qual cara?
As inúmeras máscaras que denunciam a falência do modelo neoliberal requerem que redesenhemos para o Brasil uma nova proposta de desenvolvimento, apreendendo-o em todas as suas dimensões, muito além da perspectiva econômica que reduz cidadãos a meros consumidores, e o Estado, a um indecente balcão de negócios.
É preciso sim fazer o país crescer economicamente. Mas garantindo o envolvimento do conjunto da sociedade, avançando na proposta de diminuição das desigualdades. Não podemos tão-somente nos preocupar em fazer crescer a economia, devorar nosso patrimônio natural em detrimento de alguns privilegiados, enquanto a base da pirâmide social permanece sendo oprimida.
Se não se amplia o acesso aos direitos sociais, valorizando setores estratégicos e primordiais para a construção de uma nova sociedade, tais como educação e cultura, maquia-se uma face estarrecedora do Brasil, que não queremos mais contemplar de jeito nenhum! O PT, o Governo e os movimentos sociais devem cumprir o papel de conduzir esse processo de reforma, fortalecendo o diálogo e o compromisso com os avanços que precisam ser efetivados.
Esse novo Brasil, de face cheia de ternura e resistência, tem sido vislumbrado no cotidiano da luta pela (e em defesa da) terra; pela conquista e pela garantia dos direitos dos trabalhadores, dos estudantes, da criança, do adolescente, do jovem, do idoso, da mulher… Pela construção de uma nova cultura da inclusão e da solidariedade.
Queremos preservar não só o meio ambiente (em tempos de aquecimento global, principalmente), mas o ambiente inteiro, incluindo-se nele a pessoa humana e sua dignidade.
A cara do Brasil que queremos é a da juventude combatente, sem maquiagens que iludam ou que façam vender (sempre vender, consumir) uma imagem falsa de nossa gente. Uma cara, se necessário for, pintada para a luta, como corajosamente fizeram e fazem nossos povos indígenas. Uma cara alegre e resistente, como a de nosso povo negro que aprendeu a fazer do tropeço um passo de dança. Uma cara corajosa de quem se expõe ao sol e semeia na terra o alimento, construindo um povo forte na vida e no sonho.
É necessário que o PT seja e busque ser um agente de transformação a partir da permanente participação nas lutas e conquistas sociais, que consolidam as mudanças necessárias para a estruturação e efetivação de um Estado democrático-popular.
Esse Brasil, desmascarado, mas cheio de caráter, deve servir de parâmetro e paradigma para a nossa caminhada como o Partido que quer protagonizar as profundas transformações da realidade brasileira.
*Artigo enviado em 7 de março de 2007