“Ao chegar a uma determinada fase do desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De forma de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos para elas. E se abre assim uma época de revolução social” (Marx).

O socialismo é, então, uma transformação das relações de propriedade. Considerando a luta de classes motor da história, é à classe trabalhadora que incumbe a condução da transformação.

No Brasil, o Manifesto de Fundação do PT dotou a classe trabalhadora de um instrumento político, um partido de massa, para trilhar a via da transformação.

É preciso retomar os princípios da fundação. Princípios que correntes consideram superados ao propor uma “nova carta de princípios” baseada na ética republicana (DS e ministro Tarso Genro). Apregoam auto-gestão e co-gestão. Defendem o Orçamento Participativo (OP) que compromete e divide as organizações na disputa pelas reivindicações que não são atendidas, pois o OP se enquadra no pagamento da dívida. OP que já foi fraudulentamente comparado aos “sovietes” (conselhos), forma de poder criada na Revolução Russa que reapareceu depois na Revolução Espanhola, Chinesa e outras.

Hoje, anular o Leilão da Vale do Rio Doce e fazer a Reforma Agrária são medidas concretas para quem luta pelo socialismo. Não são “socialistas”. Mas representam o conteúdo do voto dado ao PT e a Lula, e abririam a via para a soberania nacional.

Reforçariam a confiança e a luta da classe trabalhadora. Estabelecendo a soberania nacional abre-se a via para que o movimento das massas, dirigido por um partido próprio dos trabalhadores, possa vir a expropriar a burguesia, socializando os meios de produção.

A luta internacional da Palestina à Venezuela, a resistência da maioria oprimida no interior dos Estados Unidos, no Brasil como noutros países, é a única capaz de impedir que o sistema baseado na grande propriedade privada dos meios de produção arraste a humanidade à barbárie.

*Misa Boito é suplente do DN – PT
*Artigo enviado em 15 de março de 2007
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