O artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo, hoje no “Valor”, mata a charada sobre o tema direito à informação. Trata-se de um direito individual do cidadão, do qual as empresas de mídia são intermediárias. É mais ou menos a discussão sobre a o conceito de democracia universitária. É um direito de quem trabalha e estuda lá, ou um direito do cidadão-contribuinte?

A mídia é fundamental no levantamento das informações dos diversos grupos sociais, setoriais, intelectuais, quando expõe o contraditório, os diversos ângulos de questões públicas relevantes, permitindo à sociedade como um todo formar consensos e assimilar e criar valores, como público e como agente dessas transformações.

Esse valor foi perdido ao longo dos anos 90, quando a grande mídia (entendidos por tal os veículos formadores de opinião) abandonou o conceito de relevância e da objetividade jornalística, enveredando por um misto de ficção com “esquentamento” de notícias (veja, sobre o tema, meu livro “O Jornalismo dos anos 90”)..

Já o valor da mediação foi abandonado no ano passado. Havia uma grande oportunidade para o veículo que praticasse jornalismo, que soubesse aprofundar a denúncia consistente e descartar a denúncia falsa. Principalmente, que não se deixasse contaminar pelo clima de preconceito que acabou tirando a legitimidade da cobertura junto a segmentos amplos da opinião pública. O preconceito acabou tirando a eficácia das denúncias.

Em outros tempos, havia preocupação dos veículos em separar a opinião do dono da cobertura do jornal. Nunca houve cobertura totalmente isenta, mas havia ao menos a preocupação em aparentar essa isenção.

Agora, rasgou-se o véu.

A questão da democratização da mídia – nada a ver com TVs estatais, ou conselhos tutelares – passa a ser um dos temas centrais de discussão sobre a modernização institucional do país. Principalmente quando se percebe que grande parte da responsabilidade por esses anos todos de estagnação foi desse pensamento único, da falta de um arejamento maior da discussão, em uma arena onde o dono da bola definia quem podia brincar.