Nosso partido passou por uma dura prova nos anos de 2005/06. Nosso patrimônio ético foi questionado e ficamos na berlinda em diversas ocasiões sendo que a militância foi pega de surpresa pela avalanche de ataques que a mídia muito bem soube aproveitar. Isto demonstrou claramente o distanciamento que ocorre atualmente entre a base e as direções partidárias e as nossas representações nas diversas casas legislativas.

Pretendo discutir aqui estes problemas no que tange ao município de Porto Alegre, mas conforme diversos contatos com PeTistas do Brasil como um todo, verificamos que os problemas não são isolados.

Não coloco estes problemas sem conhecimento de causa, visto ter sido membro do DM de PoA na gestão passada, e ser militante de base de nosso partido, militando na zonal que faço parte.

Começando pelas ZONAIS E NÚCLEOS: eles estão em um processo de esvaziamento que quebra a tônica geradora de nosso Partido. As questões do partido pela base e do partido para o ano inteiro foram deixadas de lado e vemos um esvaziamento destas importantes instâncias.

As discussões hoje levadas a cabo nos núcleos e nas zonais não mais perpassam o partido como um todo, morrendo ali mesmo no local onde foram levantadas. Fora as das tendências, que diretamente as levam aos instrumentos de poder do partido, o militante vê infrutíferas suas tentativas de influir nas práticas e nas políticas partidárias. O esvaziamento se torna crônico sendo que a maioria das zonais não tem nem lugar certo de reunir-se e suas reuniões são cada vez mais raras e, como já foi dito, não alcançam a disseminação das discussões.

No Diretório Municipal também vemos um esvaziamento do poder deliberativo. Até o número de reuniões regimentais não é cumprido e o poder concentra-se ainda mais, na direção executiva do DM.
O poder concentra-se cada vez mais e a militância fica excluída das deliberações e do dia-a-dia partidário. Aqui no RS, acostumado com uma militância participativa e atuante, vimos nas últimas eleições uma apatia que só foi um pouco modificada no 2º turno, onde pode-se ver alguma mobilização de rua e apareceram, ou reapareceram as estrelas nos peitos dos nossos correligionários.

Concentra-se o poder também nos comitês de campanha. O petista de base vê as portas fechadas para quaisquer participações que não as de uma simples distribuição de materiais e de caminhadas pelas ruas, que também são importantes, mas não engajam o mesmo como ator da ação, apenas um coadjuvante.

A substituição de nossas instâncias por imposições de nossos cargos eletivos também é gritante. Na gestão passada, quando ainda tínhamos a Prefeitura de PoA, vimos em diversas ocasiões esta ditar as diretrizes partidárias. As reuniões do DM eram preparadas antes no Paço Municipal, vindo as questões para o DM já resolvidas, sem possibilidade de contestações.

E nos períodos quando eram mais possíveis as resistências do DM, simplesmente não eram realizadas as reuniões.

Hoje vemos a página de nosso Diretório municipal praticamente controlada pela nossa bancada de vereadores – que deve ter seu espaço de comunicação com a militância, é claro, mas não em substituição de nosso organismo maior de nossa cidade. Quem visita a HP do DM-PoA – http://www.ptpoa.com.br/ – vê os pronunciamento dos vereadores, suas propostas, diversos links para se comunicar com eles e nem um para se comunicar com nosso DM.

PELA DEMOCRATIZAÇÃO E O RE-PODERAMENTO DE NOSSAS INSTÂNCIAS DE BASE
RETOMAR AS INSTÂNCIAS DO PT!

*Artigo enviado em 10 de fevereiro de 2007