Alan Roberto Ferreira
Durante várias gerações os jovens brasileiros foram à vanguarda das lutas sociais e, quando os trabalhadores (muitos deles jovens) ascenderam ao cenário político nacional, os jovens não deixaram de ser a presença em grandes mobilizações como no nascimento do PT, nas campanhas pela Anistia, das Diretas Já, do Fora Collor e em 89, 94, 98, 2002, 2006 com Lula Presidente.
Nos anos 90, dentro do PT, organizaram-se as primeiras secretarias de juventudes nos níveis estaduais e nacionais tendo os secretários direito à voz na executiva, mas criamos um hiato no nível dos municípios. Com o PED no PT, agora os setoriais são eleitos por seus encontros e todas as energias da juventude são renovadas dentro desta disputa, porém não debatemos o programa para a juventude e este passou a ser problema do setorial.
Nas campanhas eleitorais os jovens passaram a ser carregadores de bandeiras dos nossos candidatos, entretanto, além deste objetivo mercantilista, uma verdadeira política para a juventude significou trabalhar com as necessidades de uma visão ampla, capaz de pautar, no cotidiano partidário, o enfrentamento de questões cruciais que englobam toda a complexidade desse seguimento. Avançamos ao eleger vereadores e prefeitos jovens, nas Câmaras e nas Assembléias e dentro do modo petista de governar passamos a pautar as questões específicas da juventude.
Nos movimentos sociais, nossa atuação no movimento estudantil foi perdendo força e outras juventudes passaram fazer parte do nosso campo de atuação, seja como gestores de políticas, nas ONG, no HIP HOP, nos movimentos ambientalistas, nos movimentos culturais, religiosos, etc.
Hoje, voltamos a debater os rumos do PT no III Congresso, acredito que o tema juventude deva ser prioridade para todos os petistas nos próximos anos, pois um partido de esquerda sem o alicerce da juventude perde seu caráter transformador. O diálogo entre as gerações passa em estabelecer um pacto geracional por todos (as) os companheiros (as) que criaram o PT com a atual geração para efetivar mudanças na estrutura partidária que possa oxigenar sua relação interna e externa com os jovens brasileiros.
Ser jovem no PT é ter entre 15 a 29 anos levando em conta que ser jovem no Brasil contemporâneo é estar imerso – por uma opção ou por origem – em uma multiplicidade de identidades, posições e vivências. O jovem petista deve ter direito de poder de votar e ser votado nos espaços decisórios da executiva do partido em todos os níveis e de ter na estrutura partidária um espaço adequado para sua formulação, por exemplo, o Congresso da Juventude Petista.
Precisamos criar uma forma organizativa autônoma da Juventude Petista com orçamento do PT que garanta uma estrutura adequada para a formação da juventude, que possa ter campanhas de massas, de assessorias para questões institucionais, etc. Temos que debater neste pacto geracional o estatuto da reeleição no PT para contribuir com mecanismo de renovação partidária. Por fim, para ampliarmos a participação da juventude no partido temos que adotar eleições diretas para a juventude elegendo nos três níveis (Nacional, Estadual e Municipal) a direção da juventude petista em um só processo eleitoral com direito a voz e voto nas respectivas executivas.
*Artigo enviado em 13 de março de 2007