Denilton Bezerra de Medeiros Filho
Foi-se o tempo em que o PT tinha como uma das suas principais bandeiras a defesa, incondicional, da ética e da honestidade. Inclusive, por muito tempo, ficamos mais famosos pelo “puritanismo ético” do que por nossos princípios programáticos. Arrisco dizer que grande parcela do prestígio de que o PT dispõe até hoje, junto à sociedade, remanesce a esses “louros” tempos. Mas, como me referi no começo desse texto, essa faceta do Partido dos Trabalhadores vem se tornando cada vez mais lembrança nostálgica – peça de museu! É certo que o estandarte, a simbologia máxima representativa de um partido, não pode se resumir ao comportamento ético de seus filiados e representantes, deve ter, como seu ícone máximo, o seu programa de desenvolvimento para o país e os seus vários posicionamentos que visem, na prática, o melhoramento da vida de todo o povo. Mas, é certo também, que a busca de se criar uma cultura de moralidade, de ética e de honestidade, tanto na administração pública e nos partidos políticos, como na própria sociedade em geral, constituem sim objetivos fundamentais que irão contribuir, sobremaneira, para o desenvolvimento do povo brasileiro. Pensando nisso, o PT deverá reconstituir seus mecanismos de controle partidário no sentido de combater os desvios éticos de seus filiados, que vem se tornando práticas corriqueiras.
É compreensível que o partido, nesse momento em que está no governo e precisando de apoios políticos, a exemplo do Congresso Nacional, seja mais cauteloso nas investigações de atos irregulares de seus filiados que possam comprometer a estabilidade do Governo do PT. Entretanto é “um tiro no pé” o atual procedimento partidário com os petistas antiéticos. De tanto não dar em nada, ou seja, de não ter punição alguma para os petistas que fogem, reiteradamente, as regras estatutárias do partido de atuação correta na política, os desvios de comportamentos, que eram exceção dentro do PT, estão, hoje, tornando-se regra geral. Parece até que, de uns tempos para cá, existe um direcionamento partidário no sentido de que os filiados não devem mais obedecer ao Estatuto do partido. Felizmente, temos agora, por ocasião do 3° Congresso do PT, uma ótima oportunidade para debatermos este importantíssimo tema. E é imperioso que saiamos do mencionado congresso, renovados, que façamos – como diz o Tarso Genro – uma “REFUNDAÇÃO” do PT. Do contrário, no caso de não chegarmos a uma solução durante o Congresso para combater essa escalada de corrupção e de desvios éticos entre os companheiros, corremos o risco de entrar para a história como um partido descartável: que foi concebido para levar um homem ao poder – Lula – e, depois disso, deixar de existir!
*Artigo enviado em 10 de janeiro de 2007