Confira o primeiro pronunciamento de Lula em rede nacional

da redação

“Desenvolvimento com distribuição de renda e educação de qualidade”, esse é o enfoque apontado pelo presidente Lula como prioridade em seu segundo mandato, conforme declarou em seu primeiro pronunciamento oficial em rede nacional após a reeleição, na noite de terça-feira, 31 de outubro.

Encerrada a disputa eleitoral, o presidente conclamou toda a sociedade, a começar pelas lideranças políticas e movimentos sociais, a unir o Brasil em torno de uma agenda comum de temas de interesse geral, como o combate à injustiça social, à desigualdade e às várias formas de atraso que atravancam a vida nacional.

Para Lula, a campanha política trouxe visibilidade para as desigualdades que ainda existem no país, mas, ao contrário do que dizem alguns setores da imprensa, a a disputa eleitoral não dividiu o país. “A exposição franca dos problemas mostrou, para toda a sociedade, que ainda existem brasis profundamente desiguais. E o quanto é urgente e necessário que as desigualdades sociais e regionais diminuam”, disse.

Em seu pronunciamento, Lula ainda ressaltou a importância do combate à corrupção e das reformas tributária e política, garantindo que, no que depender dele, irá “acelerar a solução de todas as pendências e estimular democraticamente os outros poderes a fazerem o mesmo”.


Leia abaixo a íntegra do pronunciamento:

“Minhas amigas e meus amigos,

No último domingo, nós brasileiros demos um belíssimo exemplo de democracia. Como presidente reeleito, gostaria de agradecer aos mais de 120 milhões de eleitores que foram às urnas e celebraram o rito democrático mais sagrado – a opção livre e soberana do voto. Sei que agora, encerrada a disputa eleitoral, o que interessa a todos é a vitória do Brasil. Pois os verdadeiros adversários são a injustiça social, a desigualdade e as várias formas de atraso que atravancam a vida nacional.

Uma eleição não é o fim mas um começo. Uma votação maciça, como a que tivemos, eu e o meu companheiro José Alencar, dá plena legitimidade ao exercício do poder mas não resolve, num passe de mágica, os problemas nacionais. Volto a afirmar que o nome do meu segundo mandato será desenvolvimento – desenvolvimento com distribuição de renda e educação de qualidade. E é em torno desta proposta, capaz de unir todos os brasileiros e brasileiras, que venho pedir o esforço e o entendimento nacionais.

Como homem de diálogo que sempre fui, estendo mais uma vez as mãos para o diálogo e a concórdia. Conclamo toda a sociedade, a começar pelas lideranças políticas e movimentos sociais, a unirmos o Brasil em torno de uma agenda comum de temas de interesse geral.

É um chamamento maduro e sincero feito por um presidente que está saindo de uma vitória expressiva nas urnas, que conta com o apoio majoritário dos governadores eleitos e que terá uma base sólida no Congresso Nacional. Mas já tem experiência suficiente para saber que para fazer as coisas com a velocidade que o Brasil necessita é preciso contar com o empenho e a boa vontade de amplos setores da vida nacional. Nada vai mudar meus ideais e minhas convicções. Sei que o mesmo ocorre com os meus opositores. É esta diversidade de posições que enriquece a democracia. Mas isso não pode impedir que avancemos nos grandes temas de interesse coletivo. Por exemplo: é preciso agilizar a votação de matérias importantes que já estão no Congresso, como o Fundo Nacional de Educação Básica, que vai aumentar em dez vezes os recursos para o ensino básico; a lei geral da micro e pequena empresa que vai diminuir impostos e a burocracia para o empreendedor; e a reforma tributária que vai tornar mais justa a cobrança de tributos e reforçar o equilíbrio federativo.

É necessário, igualmente, criar um clima de profunda responsabilidade republicana para a discussão e votação de reformas importantes, a começar pela Reforma Política. É preciso, também, a união das forças regionais em favor de projetos de desenvolvimento já em curso e que trarão progresso para todos os estados do país, como os do Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro, da Refinaria de Pernambuco, do Pólo Siderúrgico do Ceará, da ferrovia Transnordestina, dos mais de 4 mil quilômetros de gasodutos interligando todo o Brasil, das hidrelétricas do Rio Madeira, das BRs 101 Sul e Nordeste e da BR 163, entre tantos outros. Tivemos uma das eleições mais transparentes e democráticas da nossa história.

E isso não se deu por acaso. Isso ocorreu por causa do amadurecimento de nossas instituições, da postura dos candidatos e, muito especialmente, da ação e vigilância do nosso povo. Houve, ainda, um fator inédito e decisivo: pela primeira vez, o Brasil enfrentou uma disputa presidencial sem nenhum tipo de abalo econômico, seja antes, durante ou depois das eleições. A estabilidade é uma das conquistas que precisamos manter e ampliar.

Mas temos, também, várias outras. E elas ficaram muito claras nestas eleições. Alguns afirmavam que a disputa presidencial iria dividir o Brasil em dois – e isso não ocorreu. Mas a exposição franca dos problemas mostrou, para toda a sociedade, que ainda existem brasis profundamente desiguais. E o quanto é urgente e necessário que as desigualdades sociais e regionais diminuam. O Brasil tem ainda uma enorme dívida social a resgatar, um grande atraso político a vencer e questões éticas a discutir e superar. No que depender de mim, vou acelerar a solução de todas as pendências e estimular democraticamente os outros poderes a fazerem o mesmo.

Continuarei empenhado em que os órgãos de investigação e da Justiça apurem todas as denúncias de corrupção e que os verdadeiros culpados sejam exemplarmente punidos.

Minhas amigas e meus amigos: quero continuar fazendo um governo que conjugue uma política econômica correta e uma forte sensibilidade social, com uma gestão administrativa eficiente e um comando político acertado. Um governo que continue a diminuir as desigualdades entre pessoas e regiões. Um governo que aprofunde, ainda mais, a inserção soberana do Brasil no mundo. Temos tudo, a partir de agora, para crescer mais rápido e ampliar nossas políticas sociais. Temos tudo para aumentar o emprego, melhorar a educação, a saúde e a segurança. Mas vamos fazer isso com grande responsabilidade na área fiscal e controle da inflação. Só assim vamos entrar, definitivamente, na rota do crescimento de longo prazo. Só assim vamos continuar crescendo, gerando empregos e distribuindo renda. Só assim vamos fazer do Brasil a nação livre e justa que nós todos sonhamos. Muito obrigado.”