O segundo turno nos coloca diante de uma alternativa clara:

1. Votar em Lula é votar a favor de uma possibilidade real de
política popular e na crescente construção de uma democracia que seja
também econômica, social, étnico-cultural.

É votar pela liberdade de ação dos movimentos populares e pela
possibilidade de cobrar do governo atual os seus melhores
compromissos.

É votar pela segurança de termos, em alguns ministérios, pelo
menos, ministros autenticamente bons. É votar por uma política
exterior que siga promocionando a verdadeira integração
latinoamericana e caribenha, possibilitando a presença e a palavra
dos povos do terceiro mundo e contestando o neoimperialismo.

Isso sim: Votando contra toda corrupção e contra toda impunidade.

2. Votar em Alckimin é votar abertamente a favor do capitalismo
neoliberal, com tudo o que isso significa contra os direitos da
maioría popular. É votar a favor da minimização do estado, tornando-o
impotente. É votar a favor da flexibilização do trabalho, abafando a
dignidade e as reivindicações legítimas do povo trabalhador.

É votar a favor da dilapidação do patrimônio publico em privatizações
entreguistas. É deixar de lado oficialmente toda luta contra a
depredação da Amazônia, contra os transgénicos, contra o agronegócio
ecocida e de só exportação.

É satanizar o movimento popular, sobretudo nas reivindicações dos povos
indígenas e nas lutas pela reforma agrária contra o latifûndio e pela
moradía contra a especulação imobiliaria.

É sepultar o sonho e o compromisso de uma Nossa América fraternalmente integrada. É votar pelo velho-novo imperialismo, pelo velho-novo capitalismo das elítes privilegiadas. É votar pela exclusão da maioría popular.

* Pedro Casaldáliga
é Bispo Emérito DA Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) e um dos mais importantes militantes brasileiros pelos direitos humanos.