Devido a sua internação para realização de uma intervenção cirúrgica, Fidel Castro se licenciou da presidência do país e foi substituído interinamente na presidência pelo seu irmão Raul Castro. A instalação da Assembléia Nacional Constituinte na Bolívia, a posse de Uribe na Colômbia, as eleições Presidenciais no México e o preço do petróleo são outros assuntos da sessão.

anchor
Fidel Castro se licencia da presidência de Cuba

Instalação da Assembléia Nacional Constituinte na Bolívia
Posse de Uribe na Colômbia
Eleições Presidenciais no México

A presença dos EUA na América Latina

Aumenta a crise no Oriente Médio

Decisão do CS da ONU sobre o Irã

Petróleo quase chega aos US$ 80,00
O
Iraque está à beira da guerra civil

Problemas na relação entre Japão e países vizinhos

Índia proíbe venda de refrigerantes

Segundo turno tenso para eleições históricas no Congo

Primárias para as Eleições nos Estados Unidos

AFL-CIO promove parceria histórica


anchor
Fidel Castro se licencia da presidência de Cuba

Devido à sua internação para realização de uma intervenção cirúrgica, Fidel Castro se licenciou da presidência do país. Não foi divulgada a natureza de sua enfermidade e nem de seu estado de saúde, mas alguns dias depois ele foi fotografado recebendo a visita do presidente da Venezuela, Hugo Chavez. Fidel foi substituído interinamente na presidência pelo seu irmão Raul Castro.

O episódio foi festejado pelos seus inimigos, particularmente os do governo americano e os membros da comunidade cubana que vive em Miami nos EUA. Receberam a notícia como se houvessem alcançado o desmoronamento do regime cubano que é o que eles vêm tentando provocar, sem sucesso, há tantos anos.

A imprensa recheou-se de “achismos políticos” que chegaram ao absurdo de afirmar que Raul Castro coordenaria uma transição rumo a uma mudança radical do sistema político cubano.

Os EUA aumentaram imediatamente os recursos destinados às estações de rádio que desde o exterior emitem propaganda contra o governo cubano, anunciaram também que se preparariam para a chegada de caravanas massivas de “balseros” às praias da Flórida e que estavam dispostos a discutir o levantamento do bloqueio. Desde que suas exigências tradicionais fossem cumpridas, é claro.

Aqui no Brasil, a atitude da direita é ainda mais vergonhosa, pois além de apoiarem as intervenções americanas, os editoriais dos jornais começaram a perguntar de que lado o governo brasileiro ficaria, se do lado dos Estados Unidos ou do lado do Partido Comunista Cubano?

Estes fatos todos revelam que para setores da direita, a guerra fria ainda não terminou. Para eles, a soberania e a opinião do povo cubano, não valem um centavo. No entanto, muitas pessoas em todo o mundo se sensibilizaram com a enfermidade de Fidel e torcem para que ele se recupere logo.

Durante este processo, o governo, a população e as instituições cubanas revelaram-se sólidas. Raul Castro tem exercido seu mandato discretamente e as diferentes instâncias político/administrativas do país têm funcionado como sempre funcionaram.

O próprio Fidel, antes deste episódio, já havia “brincado” e anunciado que não pretendia governar até os cem anos e que havia total tranqüilidade e alternativas nas instituições revolucionárias para superar qualquer ausência.

A Revolução Cubana já passou por vários momentos e é justo que os que se preocupam com ela debatam seus rumos. Quem tem acompanhado o processo sabe do desafio da fase atual que se iniciou com o fim do “socialismo real” no Leste Europeu e as medidas que foram adotadas para viabilizar a economia cubana diante da nova realidade.

Os primeiros anos da década de 90 foram particularmente duros diante da falta de recursos para importar insumos básicos para atender as necessidades do país, como petróleo e alimentos. Ao longo deste período percebe-se que há melhoras. Todas as políticas sociais, particularmente as relacionadas à saúde e a educação, foram preservadas. Se tomarmos a restauração da parte antiga de Havana como um parâmetro, o progresso é nítido.

Porém, há aspectos tanto subjetivos quanto objetivos deste processo a considerar. Por exemplo, é difícil avaliar qual é o impacto sobre o conjunto da população, principalmente os mais jovens, de algumas carências importantes sofridas ao longo de anos e que ainda persistem, bem como a diferença que há entre as pessoas que conseguem ter acesso a “divisas” (moeda estrangeira) e que podem adquirir certos produtos de acordo com o “livre mercado” e as que recebem em moeda local e somente compram o que as lojas oficiais podem oferecer.

Seja como for, quem tem legitimidade para discutir isto, é o povo cubano, no momento em que considerar apropriado e sem qualquer interferência externa, particularmente daqueles que gostariam que Cuba retrocedesse à situação anterior à Revolução.

Leia mais notícias sobre Cuba

anchor
Instalação da Assembléia Nacional Constituinte na Bolívia

Esta ocorreu no dia seis de agosto. Como mencionamos no Periscópio 5, as eleições para compor a Assembléia Nacional Constituinte da Bolívia (Exclusiva), reafirmaram o Movimiento Al Socialismo – MAS como o partido hegemônico do país, embora não conseguisse eleger os dois terços de deputados constituintes necessários para aprovar as alterações que defende sem ter que negociar com outras forças políticas.

Agora vai ter que fazê-lo e os temas são espinhosos, pelo menos nas discussões com poder econômico e os setores mais conservadores da Bolívia. São eles, regulamentação da posse do subsolo e recursos naturais, reforma agrária e a descentralização e autonomia administrativa de estados e municípios.

Além disto, existem pendências históricas como a abertura da Bolívia para o Oceano Pacífico que foi perdida no final do século XIX para o Peru e o Chile, que não dependem da Constituinte, mas da política externa boliviana em eventualmente conseguir algum acordo com seus vizinhos.

De qualquer maneira, a Constituinte será um exercício fundamental e que poderá ajudar o país a adotar novos rumos para que se desenvolva e deixe de ser o país mais pobre da América do Sul.

Neste momento os deputados constituintes estão ainda debatendo as regras e encaminhamentos dos trabalhos, particularmente, os votos necessários para aprovar os parágrafos da nova Constituição. Os partidos minoritários entendem que os termos em foi convocada a eleição da Assembléia Constituinte já garantia que a maioria absoluta seria de dois terços, enquanto há outras interpretações de que esta maioria pode ser de 50% mais um dos votos.

anchor
Posse de Uribe na Colômbia

Este tomou posse no dia sete de agosto e como se previa, começou a tomar medidas no sentido de aprofundar o ajuste neoliberal na Colômbia por meio do anúncio de uma série de privatizações, alterações na legislação trabalhista e implementação do Tratado de Livre Comércio que já havia assinado com os EUA durante seu primeiro mandato.

Sua política neoliberal é favorecida pelo fato de sua coalizão política possuir maioria de deputados no congresso colombiano. No entanto já vem enfrentando a oposição do movimento social, da Central Unitaria de Trabajadores – CUT e dos parlamentares do Pólo Democrático Alternativo, que hoje representa a segunda força política no país (Leia mais no Periscópio No 4).

Uma medida que surpreendeu, embora tenha muita lógica, foi que Uribe começou a se livrar de antigos apoiadores que ou eram parte ou próximos dos grupos paramilitares de direita. Houve um acordo para depor armas, feito com as chamadas “Autodefensas Unidas de Colômbia” – AUC, também negociado durante seu primeiro mandato. Este previa que não haveria punições aos envolvidos em violações de direitos humanos, mas que evidentemente não pode ser garantido devido à autonomia do Poder Judiciário do país quanto a isto.

No momento, a única coisa que Uribe pode garantir é que nenhum deles será extraditado para os Estados Unidos e ele tem afirmado que os ex-paramilitares que forem processados devem se entregar à justiça.

Um dos estímulos a esta postura e até a uma possível negociação com as guerrilhas de esquerda, é que os investidores estrangeiros precisam de um ambiente mais tranqüilo para garantir os seus retornos financeiros.

A população colombiana agradece.

Leia mais: “Segundo Uribe, os pontos principias de seu novo governo” e “Fin de la luna de miel – Cambio cuenta la serie de episodios que desencadenaron la orden del Presidente de recluir a los jefes paramilitares

anchor
Eleições Presidenciais no México

Com a recusa do TRIFE ((Tribunal Electoral del Poder Judicial de la Federación) em recontar todos os votos da eleição presidencial mexicana, ocorrida no último dia 2 de julho, os militantes do PRD e apoiadores de Andrés Manuel López Obrador, inclusive ele mesmo, ocuparam o Zócalo e o Paseo de la Reforma como forma de pressionar para que sito ocorra.

As autoridades têm até o dia 6 de setembro para declarar um vencedor às eleições ou anular a votação e convocar novo pleito para daqui a um ano. López Obrador contesta o resultado oficial e demanda a recontagem total dos votos em função de uma série de irregularidades ocorridas na eleição em dois de julho passado. Uma recontagem parcial foi aprovada e realizada, e os resultados divulgados no dia 22 de agosto. Segundo o porta-voz da Presidência, o ganhador das eleições foi Felipe Calderón. Este, no entanto, não é o resultado oficial.

O TRIFE permitiu a recontagem dos votos de quase 12.000 distritos eleitorais que coletaram cerca de quatro milhões de cédulas. Este número representava menos de 10% do total de 132.000 urnas. Além da quantidade de votos serem insuficientes para garantir uma recontagem justa, os distritos escolhidos foram locais nos quais Calderón acumulou uma suspeita maioria.

Enquanto isso, os apoiadores de López Obrador fecharam a Bolsa de Valores com seus protestos, assim como o Palácio Nacional, o Congresso Nacional e plataformas de extração de petróleo. Alguns militantes chegaram a propor uma greve geral e ameaçaram tomar o aeroporto internacional da Cidade do México.

As alegações de fraude eleitoral vêem da derrota de López Obrador por uma diferença de apenas 243.000 (0,58%) dos 42 milhões de votos depositados nas urnas, após duas apurações suspeitas com margem para manipulação manual nas urnas e atas eleitorais e no repasse dos dados ao IFE (Instituto Federal Electoral).

À decisão do TRIFE de recontar apenas 10% dos votos, os partidários de López Obrador respondem que querem 100% de Democracia. E ainda avisam, não facilitarão a vida do novo presidente, se ele vier a tomar posse, e continuarão a demandar que o processo eleitoral mexicano seja limpo e que a recontagem dos votos seja feita.

Por coerência, o candidato do PRD propôs que se incluísse na recontagem dos votos, o resultado para o governo do estado de Chiapas, onde o seu partido venceu por uma margem ainda menor, de 0,1% dos votos (Leia mais em ALAINET. México: voto por voto).

De acordo com pesquisas realizadas, um terço da população acredita que houve fraude e quase metade está de acordo com a recontagem de todos os votos. Diante disto, a estratégia do tribunal, com o apoio do PRI desde o começo, para favorecer o PAN é jogar com o tempo e com pequenos novos fatos. Primeiro foi recontagem de um décimo dos votos para a presidência, depois o anúncio da composição do novo congresso e do senado e no dia 29 de agosto anunciou que não havia irregularidades nos votos recontados.

Do total de 500 cadeiras na câmara de deputados o PAN ficou com 206, o PRD com 126, o PRI com 104 e partidos menores com 64. Das 128 cadeiras no senado, o PAN ocupará 52, o PRI 33, o PRD 29 e outros partidos as 14 restantes. Este resultado confirma a decadência do PRI, o crescimento do PRD, que passa a polarizar politicamente com a direita e, finalmente, que ninguém tem maioria absoluta em nenhuma das casas legislativas.

Ou seja, tenta-se forçar a volta à normalidade para anunciar a vitória de Calderón no prazo final previsto pela legislação. Resta ver se a mobilização do PRD conseguirá impedi-lo.

Leia mais: “Artigo e entrevista com Manoel Lopez Obrador”, no Financial Times de 21/08/ 2006 e “Fumes of a Fraudulent Election – Class War Amid Mexico City’s Gridlock”.

anchor
A presença dos EUA na América Latina

Com uma declaração descuidada, o novo comandante das Operações Avançadas dos EUA na Base Aérea de Manta, Javier Delucca, um general do exército norte-americano trouxe à tona a discussão sobre a instalação de bases militares na América Latina.

Afirmando que a localização da base, no oeste do Equador, era de grande utilidade dentro do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico, Delucca provocou reações fortes do governo equatoriano que negam qualquer relação com o projeto de cooperação entre EUA e Colômbia.

Desde 1999, militares norte-americanos realizam operações de luta contra o narcotráfico a partir da Base de Manta, mas sua presença tem sido duramente criticada por grupos políticos, sociais e organismos de direitos humanos por considerar que a existência deste aparato envolve diretamente o Equador no Plano Colômbia.

A pressão por posições mais claras do governo dos EUA lembra o processo que envolve outra base militar que está sendo colocada em operação na América Latina, a de Mariscal Estigarribia no Paraguai.

A aproximação dos EUA com o Paraguai resultou na assinatura de um acordo que virou a leu 2594/05 pela qual se permite o ingresso de tropas norte-americanas no país, por um período de 18 meses, de julho de 2005 a dezembro de 2006. .

O Paraguai, neste momento, joga um papel primordial no posicionamento dos Estados Unidos em relação ao sul do continente. Tornou-se a porta de entrada para o Mercosul e pode tornar-se um obstáculo ao projeto de união regional.

A fim de minimizar esta presença militar norte-americana na região, o governo brasileiro anunciou a criação de um Centro de Inteligência para a Tríplice Fronteira que será operacionalizado com a Argentina e o Paraguai.

A iniciativa, que funcionará a partir de Foz do Iguaçu, pretende combater a lavagem de dinheiro e controlar o contrabando nas fronteiras compartidas entre os três países, que são alvo de preocupação constante do governo americano em função da forte presença de imigrantes árabes.

anchor
Aumenta a crise no Oriente Médio

Há muito que o conflito no Oriente Médio não sai do noticiário. No entanto, a temperatura tornou a se levantar durante o mês de julho em função dos ataques israelenses ao Líbano. Os bombardeios indiscriminados por ar, mar e terra que duraram mais de 30 dias, destruíram a maior parte da infra-estrutura do país e causaram a morte de aproximadamente 1.500 pessoas das quais 80% eram crianças, mulheres e portadores de deficiências e dificuldades. Entre as vítimas encontram-se também funcionários da Cruz Vermelha e da ONU.

A justificativa do governo israelense para adotar estas medidas foi uma incursão do Hezbollah em seu território no início de julho que provocou a morte de alguns de seus soldados e o seqüestro de outros dois. No entanto, dificilmente o direito internacional consideraria este ato como uma invasão que justificasse a resposta absolutamente desproporcional desferida por Israel. A rapidez e a intensidade da reação indicam que os planos para os bombardeios e os ataques ao sul do Líbano já existiam e poderiam ser encadeados a qualquer momento.

Porém, os israelenses não atingiram seus objetivos. Enfrentaram uma feroz resistência, perderam soldados e equipamentos, não conseguiram libertar os dois soldados, não conseguiram derrotar o Hezbollah e nem ocupar a faixa de 20 km que pretendiam no sul do Líbano para neutralizar o disparo de foguetes sobre seu território. Como afirmou a revista The Economist na sua capa, “O Hezbollah ganhou a guerra”.

Esta é também a percepção no Líbano e no Oriente Médio. Além das forças armadas israelenses não atingirem os objetivos militares mencionados e tampouco conseguir isolar o Hezbollah politicamente, a sua tática de bombardeios indiscriminados contra a população civil, jogou a opinião pública mundial a favor da resistência libanesa.

Os EUA e seu eterno aliado, a Inglaterra, impediram desde o início qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU que tentasse interromper o ataque, alegando que somente apoiariam um “cessar-fogo viável”. No final, diante da desastrosa campanha militar israelense, tiveram que participar da “costura” da Resolução 1,701 do Conselho de Segurança. Este é um acordo extremamente frágil e pode ruir a qualquer momento, mas foi negociado para evitar maiores danos a imagem americana e israelense, bem como impedir que a vitória da resistência fosse ainda mais expressiva, o que atrapalharia ainda mais a implementação do “novo desenho para o Oriente Médio” defendido por Bush.

Um aspecto também importante foi que o movimento pacifista israelense pode, mesmo que timidamente, retomar suas iniciativas. Este estava totalmente sem espaço político em função dos ataques suicidas que causaram muitas vítimas entre a população civil de Israel em passado recente. Embora a quase 80% da opinião pública tivessem apoiado a decisão do governo Ohlmert de atacar o Líbano em meados de julho, agora a popularidade do mesmo está em 40%, estando a atual composição parlamentar inclusive ameaçada de não se sustentar por muito tempo.

Se esta retomada da campanha pela paz é uma notícia positiva, por outro lado, o ocorrido no Líbano reduziu o noticiário sobre a Palestina, onde a ofensiva israelense também endureceu, principalmente ao aprisionar diversos membros do parlamento e do governo palestino, bem como por meio de ataques sistemáticos à faixa de Gaza.

A tática dos EUA neste momento, com apoio de Israel e também, em menor grau, da União Européia e dos países árabes “moderados” (Egito, Jordânia e Arábia Saudita) é neutralizar o Hezbollah e Hamas, enquadrar o Irã e a Síria, e fortalecer o atual governo iraquiano.

No entanto, isto não está sendo tão fácil e o recente episódio libanês foi um revés para eles, inclusive provocando uma série de manifestações de simpatia pela resistência libanesa e palestina pelo mundo afora.

Leia mais: “Washington’s interests in Israel’s war“, by Seymour M. Hersh e “What Israel Gained – Or Lost”, Peter Hirschberg. “JERUSALEM – As a ceasefire went into effect Monday morning between Israel and Hezbollah and a tense calm descended on the region, Israelis were wondering whether the truce would hold, and were beginning to ask questions about what they had gained — or lost — during the 33 days of fighting“. “LEBANON: UN Human Rights Council Condemns Israel“, by Gustavo Capdevila

anchor
Decisão do CS da ONU sobre o Irã

Em junho passado, China, França, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha (grupo conhecido como P5+1) ofereceram um pacote de incentivos para encorajar a adesão do Irã às negociações para abandonar seu programa de enriquecimento de urânio.

Entre as medidas oferecidas ao Irã estão: apoio a iniciativas civis de produção de energia nuclear, fim das restrições de venda ao Irã de peças de aeronaves fabricadas nos EUA, cooperação técnica por parte dos EUA na agricultura, e apoio ao ingresso do Irã na OMC. A condição para que esta oferta entrasse em vigor era a suspensão do programa de enriquecimento de urânio.

Os EUA e seus aliados tinham expectativa de receber uma resposta antes da reunião do G8 em Moscou no final de junho. Contudo, antes de esperar a resposta iraniana, o Conselho de Segurança foi acionado a fim de examinar que sanções poderiam ser aplicadas caso o programa não fosse extinto até o final do mês de agosto.

Apesar de certa relutância de Rússia e China, uma resolução da ONU foi aprovada no dia 31 de julho levantando a possibilidade de que o Irã sofra embargos econômicos e políticos caso não suspenda as atividades de seu programa.

O Irã alega que seu programa nuclear enriquece o urânio em apenas 3,5%, teor insuficiente para que seja utilizado para produção de armas nucleares que requer enriquecimento em até 90%, mas suficiente para que possa ser usado como combustível de reatores para gerar eletricidade. O Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou publicamente a resolução e a classificou como uma ameaça sem bases legais, já que o programa nuclear iraniano é pacífico.

Em contrapartida, o Irã anunciou que pode interromper o fornecimento de petróleo para os EUA e União Européia caso persistam em confrontar as atividades desenvolvidas pelo seu programa nuclear. Contudo, isso pode ser mau negócio para o país que recebe mais de US$ 5 bilhões ao mês com o comércio de petróleo.

O Irã anunciou no meio de agosto que está disposto a negociar seriamente com os EUA e demais membros do Conselho de Segurança, mas desde que não seja aplicada a resolução da ONU que dá até o final de agosto para que o país suspenda suas atividades com urânio.

A recusa em permitir que o Irã desenvolva um programa nuclear fez com que o governo iraniano recebesse um grande apoio da população. A questão nuclear tem sido vista como uma questão de orgulho nacional e o modo como os países ocidentais têm lidado com a questão é vista como uma reedição do passado colonial, quando era negada a possibilidade de desenvolvimento tecnológico.

Além disso, é levantada a falta de parâmetro na condenação nos programas nucleares em geral, uma vez que seus vizinhos Israel, Paquistão, Índia e Rússia que possuem armas nucleares, nunca foram molestados por isto.

Mas o que desponta como o principal motivo da preocupação do Ocidente com o Irã é o fortalecimento do país após as ações de guerra levadas à cabo pelos EUA na Ásia e no Oriente Médio. Com as ofensivas contra o regime de Saddam Hussein no Iraque em 1991 e 2001 e contra o Taliban no Afeganistão também em 2001, foram eliminados dois governos que em determinados momentos rivalizavam com Teerã e transformaram o Irã, ironicamente, no maior beneficiário das ações norte-americanas.

Pouco a pouco o Irã vem reforçando seu papel e importância, como uma potência regional, não apenas do ponto de vista da sua capacidade bélica, mas também no aspecto econômico. Por exemplo, é o único país da região que possui uma indústria automobilística própria e acabou de formar uma “joint-venture” com a Síria para também atender a demanda deste país.

Uma potência regional, exportadora de petróleo e gás, com indústria e domínio de tecnologia nuclear ainda que apenas para fins pacíficos e não controlada pelo ocidente, é algo insuportável para as grandes potências.

Leia mais: Resolução 1696 (2006) Adotada por Voto 14 – 1 (Qatar), “Iran Says Peaceful Programme No Threat, Council’s Consideration Unwarranted”. IAEA e Irã – Cronologia de Eventos (janeiro a julho de 2006)

anchor
Petróleo quase chega aos US$ 80,00

Em 14 de julho, dois dias após o início do conflito entre Israel e Líbano, o preço do petróleo atingiu sua maior marca desde 1980, US$ 78,40 por barril.

Além do conflito, outros fatores foram apontados como cruciais para o aumento dos preços: os testes nucleares realizados pela Coréia do Norte, a violência e instabilidade na Nigéria, grande produtora no continente africano, atual fonte de 25 % do consumido na China, conforme discutido no Periscópio nº 5.

A disputa entre Irã e o Ocidente pela utilização da tecnologia nuclear também influenciou a alta dos preços, bem como a diminuição das reservas e a queda da produção de petróleo nos Estados Unidos causada por falhas técnicas no Alaska e a destruição da infra-estrutura na região do Golfo do México pelo furacão Katrina.

Com isso, o reconhecido programa brasileiro de produção de Biocombustíveis tem recebido ainda maior atenção. A imprensa internacional tem publicado diversas matérias nas quais destaca como alternativa aos combustíveis fósseis, o biodiesel feito de mamona, soja e outros vegetais, lembrando ainda o componente social do programa estabelecido pelo governo, que atrela a produção à agricultura familiar.

anchor
O Iraque está à beira da guerra civil

Esta é a avaliação de relatórios discretos de militares britânicos e americanos no Iraque. O mês de julho foi o mais mortífero desde o início da guerra. Aproximadamente 3.500 civis foram mortos, apesar da inauguração de um novo plano de segurança pelo atual governo, o que representa em média 110 mortes por dia.

Este número cresceu 10% em relação ao mês de junho e representa o dobro das ocorrências dos primeiros meses do ano. Esta contagem é feita a partir dos registros de hospitais e serviços funerários e aponta Bagdá como o local onde se concentram a maioria das mortes e, portanto, teria se tornado um lugar extremamente perigoso.

No entanto, há versões que esta desproporção é causada pela precariedade de informações de outros locais e assim, na verdade, o número de mortos por mês seria ainda maior e a participação de Bagdá, percentualmente seria menor.

As mortes, majoritariamente de civis, são provocadas por uma resistência à ocupação externa das forças armadas dos EUA e demais países da coalizão por meio, principalmente, de atentados à bomba. Os ataques se voltam principalmente contra os xiitas que no Iraque estão aliados aos americanos e participam do governo.

Aparentemente, os únicos que têm conseguido se proteger do conflito, apesar de também comporem o governo, são os curdos. Anteriormente, eles eram constantemente reprimidos por Saddam Hussein, inclusive com nuances de genocídio e agora, possuem certa autonomia. Embora majoritariamente muçulmanos, representam uma etnia e vivem em sua ampla maioria ao norte do país que faz fronteira com a Síria e a Turquia e que é também uma região rica em petróleo. Desta forma adquiriram certa autonomia, inclusive econômica e não estão diretamente envolvidos nos conflitos entre sunitas e xiitas e nem na luta contra a ocupação.

Eles representam uma ameaça maior para a Turquia onde vive a maioria desta população e que luta pela independência e autonomia do “Kurdistão” há muito tempo. A sua base territorial e a liberdade de movimentos que os curdos têm hoje no Iraque, amplia esta possibilidade no médio prazo.

IRAQ: To Many, Lebanon Appears as a Mirror Image
Brian Conley and Isam Rasheed
BAGHDAD – Iraqis are beginning to see striking similarities between Lebanese civilians and their own position three years ago
.

anchor
Problemas na relação entre Japão e países vizinhos

No aniversário de 61 anos da rendição japonesa aos aliados na II Guerra Mundial, o Primeiro-ministro Junichiro Koizumi prestou sua homenagem aos mortos visitando o Templo Yasukuni, visto por China e Coréia como símbolo do militarismo japonês.

Quatorze líderes militares de alto escalão, condenados pelo tribunal aliado como criminosos de guerra de “classe A”, são venerados neste templo ao lado de 2,5 milhões de japoneses mortos pela guerra. A visita foi vista pelos países vizinhos como uma provocação vinda de um Primeiro-ministro popular cujo ato simboliza o aumento da confiança o país e um distanciamento da política pacifista do pós-guerra.

O governo sul-coreano divulgou a seguinte nota, em referência à visita de Koizumi: “O Japão deveria olhar para a história de forma direta e ganhar a confiança de seus vizinhos se pretende agir de forma responsável e contribuir para a paz e a co-prosperidade da região”.

Segundo analistas, Koizumi representa uma nova geração de japoneses que não participou da guerra e que crê que o esforço pacifista dos antigos políticos conservadores já se desculpou o bastante pelas políticas coloniais e que, agora, é hora de olhar para frente.

O esforço de Koizumi em criar um novo papel para o Japão na política internacional está fazendo com que aumente o descontentamento dos outros países asiáticos, o que pode vir a interferir de forma negativa nas aspirações japonesas. Por exemplo: China já declarou sua forte oposição à entrada do Japão no Conselho de Segurança na ONU em função de seu histórico de guerras.

Com a proximidade do fim do mandato do Primeiro-ministro, no próximo mês de setembro, a chave para a solução desta crise, ou agravamento dela, depende de Shinzo Abe, que deve suceder Koizumi no cargo. Contudo, enquanto os outros candidatos ao cargo se distanciam de qualquer associação com o templo, Abe tem declarado que, uma vez eleito, visitará Yasukini, e espera contar com a compreensão da China e da Coréia do Sul.

Veja notícias sobre as eleições japonesas e, para ver dados sobre o governo japonês, acesse Japan Information Network.

anchor
Índia proíbe venda de refrigerantes

Seis estados indianos; Andhra Pradesh, Karnataka, Rajasthan, Gujarat, Madhya Pradesh e Chattisgarh; decidiram proibir a venda de Coca-Cola e Pepsi-Cola nas escolas e nas suas proximidades, bem como nas repartições públicas sob a alegação de possuírem índices elevados de pesticidas na sua composição.

O estado de Kerala, onde o Partido Comunista da Índia – Marxista retomou o governo nas últimas eleições, proibiu inclusive a fabricação destas duas bebidas.

A chamada “Revolução Verde” que foi implantada, principalmente nos estados do norte da Índia na década de 1960, embora tenha sido um sucesso para o desenvolvimento da agricultura indiana, de fato usou e abusou de adubos artificiais e agro-tóxicos contaminando importantes fontes de água no país.

Os protestos destas duas empresas americanas foram ruidosos, alegando que seus produtos são de boa qualidade e que a esquerda indiana na verdade quer restringir os investimentos externos na Índia e prejudicar as relações entre o governo nacional indiano e os EUA.

Há escassez de água na Índia e as fontes são usadas para suprir o conjunto da população, estando ou não contaminadas e, portanto, a questão central não é esta para que estes governos estaduais tivessem adotado a posição que adotaram. Mas levantam uma discussão muito interessante sobre regulamentação doméstica de investimentos. Se os governos podem interferir para que a população seja estimulada a consumir bebidas e alimentos mais adequados a sua saúde, como por exemplo, sucos de frutas, que teriam ainda a vantagem de estimular a produção agrícola local, a indústria de embalagens e a de processamento dos produtos ao invés de refrigerantes artificiais.

A Índia é um dos países que vem exibindo altos índices de crescimento do seu PIB, graças principalmente ao crescimento do setor de serviços, que, no entanto, é insuficiente para assegurar um índice de crescimento de empregos compatível com as necessidades do país. Neste sentido, o apoio à agricultura familiar, seria importante para assegurar mais emprego e renda.

Leia mais no Financial Times de 11/08/2006.

anchor
Segundo turno tenso para eleições históricas no Congo

O presidente da República Democrática do Congo (ex-Zaire), Joseph Kabila, obteve 44,8% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais e parlamentares ocorridas em 30 de julho. O atual vice-presidente e ex-líder rebelde Jean-Pierre Bemba, aparece em segundo lugar, com 20,3% dos votos. Os outros quatro candidatos somaram 34,9% dos votos e o segundo turno está agendado, pelo menos por ora, para o dia 29 de outubro.

Esta é a primeira eleição pluripartidária desde a independência da Bélgica em 1960 e o golpe militar do general Mobutu Sese-Seko em 1965. Este governou até 1997 quando foi derrubado por Laurent Kabila, pai de Joseph.

Este dirigia um grupo guerrilheiro que nos anos 1960 chegou a ter o envolvimento pessoal de Che Guevara. Os distúrbios e o genocídio ocorridos em Ruanda em 1995 ultrapassaram a fronteira do Congo, envolvendo grupos étnicos congoleses e o próprio exército, facilitando para o grupo de Kabila assumir o poder. No entanto ele era questionado por outros grupos armados da oposição, como o Movimento pela Libertação do Congo dirigido por Jean Pierre Bemba.

Em 2001, Laurent Kabila foi assassinado por um de seus guarda-costas. O Congo estava sob intervenção de tropas da Organização da Unidade Africana – OUA devido aos conflitos entre diferentes grupos armados que disputavam o governo. A OUA conseguiu conseguir que os grupos mais importantes se compusessem para governar o país. Assim, Joseph se tornou o presidente em substituição ao pai e Bemba, vice-presidente.

Apesar de ser a primeira eleição pluripartidária em 45 anos, o resultado fez com que as tensões existentes entre os dois principais candidatos fossem levadas às ruas da capital, Kinshasa. A guarda presidencial de Kabila e os guarda-costas de Bemba entraram em confronto. Os distúrbios, segundo analistas, podem atrapalhar o processo eleitoral. Foram três dias de embates até que, por pressão das Nações Unidas, os dois candidatos ordenassem o fim do enfrentamento.

Na realidade, os resultados do primeiro turno da eleição confirmaram a dura divisão entre o leste e o oeste do país. O enfrentamento direto dos dois candidatos principais, cuja retórica já foi hostil durante a campanha, fará com que a campanha para o segundo turno seja extremamente tensa.

No oeste do país, incluindo Kinshasa, Kabila é extremamente impopular. Ele fala swahili, o idioma da leste e não domina completamente lingala, a principal língua do oeste do país. Já seu oponente, Bemba, além de ser empresário de sucesso do ramo de telecomunicações foi acusado de crimes de guerra ocorridos no final dos anos 1990. Durante a campanha, Bemba fez questão de usar o slogan “100% congolês” numa clara referência contra Kabila.

A expectativa para o segundo turno é verificar quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos: divisionista ou conciliatória.

Veja maiores informações sobre a Rep. Democrática do Congo.

anchor
Primárias para as Eleições nos Estados Unidos

Apesar dos altos índices de reeleição dos políticos que exercem cargos públicos nos Estados Unidos, e apesar de ter gasto mais de US$ 3 milhões a mais do que seu adversário na campanha, o Senador Joseph Leiberman, Democrata que representa o estado de Connecticut, foi derrotado nas primárias de seu partido no último dia 8 de agosto.

Perdeu a chance de concorrer novamente à vaga de Senador pelo Partido Democrata, para o empresário Ned Lamont, que em sua campanha utilizou um forte discurso contra a Guerra do Iraque. Leiberman já anunciou que concorrerá nas eleições de novembro próximo, como candidato independente para tentar manter seu assento no Senado norte-americano.

A trajetória de Leiberman no Partido Democrata atingiu seu auge quando foi o candidato a Vice-Presidente de al Gore na eleição de 2000. Mas desde então, o Senador ficou mais conhecido por apoiar as políticas do Presidente George W. Bush, incluindo a Guerra do Iraque, e criticar o movimento pacifista por seu “comportamento antipatriótico” em tempos de guerra.

Além de seu posicionamento com relação ao Iraque, Leiberman foi criticado pelos Democratas e pela esquerda americana por dar seu apoio a políticas republicanas como a privatização do sistema de segurança social, a nomeação de dois juízes homens e conservadores para integrar a Suprema Corte e o aumento das restrições para decretar falências. Contudo, o que mais incomoda seus críticos é sua proximidade com Bush, simbolizada por fotografias ou vídeos do beijo que recebeu de Bush na noite do discurso “State of the Union” de 2005.

Desde que perdeu as primárias do Partido, Leiberman fez sua inscrição para concorrer como independente e também registrou seu próprio partido político, Connecticut por Leiberman. Por ocasião da derrota do Senador, o Vice-Presidente Dick Cheney declarou que a Al-Qaeda e os grupos terroristas deveriam estar felizes de ver Leiberman perder. O Partido Rebuplicano de Connecticut inclusive desencorajou seu atual candidato, Alan Schlesinger, a concorrer pela vaga com a expectativa de que possam apoiar Leiberman.

Embora o Estado de Connecticut não seja especialmente importante para a política norte-americana, foi surpreendente o fato de um Senador não conseguir garantir sua vaga para candidatar-se novamente. Essa foi apenas a terceira vez, nos últimos 25 anos, que um ocupante de assento no Senado não teve a chance de reeleger-se.

A simbólica perda, vista como um referendo da Guerra do Iraque e não como uma consulta estadual, trouxe ânimo à oposição que espera uma tendência de posicionamentos mais contundentes por parte do Partido Democrata, que poderia se traduzir em maiores ganhos eleitorais em novembro.

Leia mais: “New York Times 2006 Election Guide“ e “Neo-Conservatives’ “Favourite Democrat” Falls“.

anchor
AFL-CIO promove parceria histórica

Em meados de agosto, o presidente da AFL-CIO, a maior central sindical dos EUA, John Sweeney, assinou um acordo de parceria com a “Rede Nacional de Organizações de Diaristas”.

Esta é uma rede com mais de 140 “centros” que procuram organizar os trabalhadores diaristas, isto é, os que trabalham informalmente fazendo “bicos” de toda ordem em troca de pagamentos, normalmente, diários.

Em sua maioria são trabalhadores emigrantes e tradicionalmente vistos pelo movimento sindical americanos, como um fator de redução de salários e benefícios, pois tendem a se submeter a qualquer tipo de trabalho e remuneração. Avalia-se que, num dia típico, quase 120 mil destes trabalhadores desenvolvem alguma atividade nos mais de 500 diferentes locais de trabalho.

São muito explorados e cerca de metade usualmente passam pela experiência de não receber o pagamento correto e 18% já registraram atitudes de violência por parte dos empregadores.

Os “centros” buscam apoiar estes trabalhadores ensinando-lhes inglês e noções básicas sobre seus direitos, e também como encaminhar suas queixas sobre salários não-pagos. Tiveram um papel fundamental nas mobilizações dos emigrantes nos EUA durante o mês de maio, para protestar contra a nova lei de imigração que na prática previa sua expulsão.

A parceria que se estabeleceu, por um lado, fortalecerá a luta dos trabalhadores emigrantes e informais em busca da regularização e de empregos permanentes e de boa qualidade e por outro trará para dentro da central sindical, a energia e renovação deste setor que é muito combativo.

Como disse Sweeney: “Esta exploração é errada e nos prejudica a todos. Quando os direitos de alguns são rebaixados, eles são rebaixados para todos os trabalhadores”.

Muito se tem falado da necessidade dos sindicatos organizarem também os trabalhadores informais e pouco tem sido feito. Os sindicatos que hoje representam trabalhadores informais, normalmente vêm de países onde o índice deste tipo de relações de trabalho supera 90 – 95 da população economicamente ativa, o que é o caso da maioria dos países africanos.

Esta iniciativa que parte de um país desenvolvido, deveria ser um exemplo a ser aplicado também nos países em desenvolvimento, onde os índices de trabalho informal são superiores.