A Constituição Federal atribui como competência exclusiva para os estados o ensino médio, para os municípios o ensino infantil (creche + pré-escola) e para os estados e municípios em conjunto, o ensino fundamental (1ª a 9ª séries). No caso do ensino fundamental desde 1996 com a implantação do FUNDEF (Fundo para a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), tem-se a remuneração ao estado e Município de acordo com o número de matrículas na sua rede própria de ensino. Assim, é do interesse de todos ampliarem suas redes, pois são remunerados para isso. Vários estados e municípios vêm ampliando suas redes.

O estado de São Paulo infelizmente vem involuindo na sua rede estadual para o ensino fundamental e médio, conforme quadro abaixo:

Entre 2001 e 2005 a rede estadual perdeu 596.367 matrículas no ensino fundamental e 103.531 matrículas no ensino médio. Considerando todas as modalidades de ensino básico (creche, pré-escola, fundamental, médio, especial e supletivo) a perda entre 2001 e 2005 foi de 501.877 alunos.

Considerando o período mais longo de 1996 a 2005 constata-se um crescimento até o ano 2000, quando há uma estabilização até 2003, com retrocesso em 2004 e 2005.

Comparando a rede estadual do estado de São Paulo com a rede estadual do Brasil, o estado vem perdendo ano após ano sua participação no ensino médio, conforme abaixo:

Em 1996 a rede estadual do ensino médio no estado de São Paulo representou 31,9% de todo o ensino médio da rede estadual do país. Esta participação vem caindo seguidamente para atingir 21,3% em 2005.

A educação básica e em especial a do ensino médio são estratégicas para o desenvolvimento econômico e social. Esta queda no estado mais desenvolvido do país merece análises mais aprofundadas para entender as causas deste retrocesso e sua eventual correlação com o agravamento nos últimos anos da insegurança por que passa, em especial, o estado de São Paulo.

As avaliações nacionais do MEC já constataram que a qualidade do ensino no estado de São Paulo está muito a desejar no cotejo com outros estados da Federação, sendo São Paulo o estado mais rico. Além disso, como constatado acima, a rede estadual de São Paulo vem involuindo na oferta de vagas nos ensinos fundamental e médio.

Assim, o candidato a presidência da República, ex-governador de São Paulo, deve explicações à sociedade, sobre um tema prioritário ao país e na campanha eleitoral que é a educação, especialmente no que diz respeito ao ensino básico sob sua responsabilidade.

*Amir Khair é mestre em Finanças Públicas pela FGV e consultor

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